O que você tem a ver, se eles estão no armário?
Por Genilson Coutinho
Essa frase sempre vem à minha mente, sempre que escuto alguém perguntar: “Genilson, você não acha que fulano está no armário?”. E sempre respondo: “o que vai mudar na sua vida saber se a pessoa está no armário ou não?”. Nestas situações, existem duas cosias desagradáveis. Primeiro, que não é porque sou gay, que tenho que ficar apontado as pessoas. A outra, é você achar que tenho as chaves de todos os armários do mundo.
Situações como essas também são muito comuns no ambiente de trabalho, onde a “rádio corredor” e os olhares sempre buscam desconsertar o colega, ou arrancá-lo do armário, como um troféu para os egos dos curiosos. Em seguida, vem as desastrosas frases: “viu que eu falei?”, “viu que ele era viado?”. Sim, e dai? O que vai mudar na sua vida, na empresa, ou na vidas dos interessados na vida do colega? Desde quando o importante para as corporações é a vida pessoal do funcionário? O que é mais importante do que o lado profissional? Afinal de contas, ele foi contratado por suas qualificações e não por sua vida pessoal. Mas é bom que os assediadores se atentem que assédio moral é crime. Abordo estes dois aspectos, pois você que está lendo este texto, sem dúvida conhece alguém, ou já presenciou situações como essas. E me pergunto: os héteros tiveram que reunir a família em um chá de revelação para contar que são héteros? E por que essa cobrança desenfreada para as pessoas saírem do armário dos eu desejos? Precisamos entender e respeitar o tempo de cada um, seus motivos pra sair ou não deste armário. Vamos respeitar, pois para mim, que nunca viveu essa pressão, é muito tranquilo. Porém, tem muita gente que talvez nunca tenha a coragem de ser quem elas são. Seja por motivos familiares, amigos ou por uma decisão dela. E não venham me perguntar se ela ou ele são felizes, pois é uma questão de cada um.
E vamos aproveitar que estamos perto do dia 17 de maio, Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia, para retirar a homofobia recreativa do seu cotidiano, dando lugar ao amor e ao respeito de sermos quem desejamos ser. Livres, leves, soltos e humanos.
Genilson Coutinho é ativista LGBTQIA+ e editor do Dois Terços