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Você sabia que pessoas obesas e com sobrepeso podem correr? Especialistas explicam como

(Foto: Divulgação)

De acordo com dados do Ministério da Saúde (2022), a obesidade atinge mais de 6,7 milhões de pessoas no Brasil. A professora Maiara Ferreira faz parte dessa estatística. Há alguns anos lidando com sobrepeso, foi diagnosticada na pandemia com obesidade grau 1, aos 25 anos, fato que foi determinante para a decisão de mudar os hábitos alimentares e começar a praticar exercícios físicos, como musculação e corrida.

“A corrida entrou na minha vida através de meu pai.  No início, eu não queria ir, pois não gostava, mas o interesse foi surgindo, ao acompanhar o desenvolvimento dele.  Hoje a corrida significa muito para mim, porque tem me ajudado na perda de peso, na melhora do condicionamento físico, na concentração nos estudos. Há dois meses me encontrei no esporte, estou amando e não quero mais parar. Até agora, junto com alimentação equilibrada e academia já perdi 2,5kg, número significativo para o meu processo”, destaca Maiara.

Assim como a professora, o motorista Alex Nunes tornou-se 1 entre os milhões de brasileiros acometidos pela obesidade e encontrou no esporte um novo jeito de viver. “Sem a corrida eu não estaria mais vivo. Eu sofria com cansaço físico, inflamações, problemas circulatórios. Cheguei aos 3 dígitos na balança e eliminei 46kg focando na corrida e na natação. Antes de começar a correr, muitos riram de mim, me disseram que eu não seria capaz e hoje eu sou meio-maratonista. Este ano, inclusive, realizei o sonho de correr na Maratona do Rio, uma das maiores provas de corrida do mundo”, conta Alex.

As características das pessoas obesas variam, uma vez que é uma condição multifatorial. No entanto, a principal delas é o acúmulo excessivo de gordura corporal que pode gerar dificuldade de locomoção, falta de ar e dores no corpo, por exemplo, que podem melhorar a partir da prática de atividades físicas, como a corrida de rua.

“Como todo indivíduo, as pessoas obesas e com sobrepeso  também devem fazer uma avaliação médica e depois uma avaliação física para que possamos determinar, de fato, o direcionamento adequado para começar a correr e evitar tanto sobrecarga quanto lesões. Nosso corpo precisa de movimento para melhorar as condições fisiológicas e metabólicas e a corrida ajuda a reduzir o risco de diabetes, infarto e AVC, melhora a respiração, a qualidade do sono, o condicionamento físico, controla a pressão. A lista de benefícios é extensa”, explica o profissional de Educação Física e diretor da Runners Club, Carlos Felipe Albuquerque.

Além da avaliação médica, a avaliação nutricional é  fundamental para que pessoas obesas e com sobrepeso comecem a praticar corrida de maneira adequada. A prescrição do programa nutricional personalizado, equilibrado, favorece no desempenho contínuo da atividade, uma vez que um indivíduo bem nutrido está devidamente preparado para a execução da atividade.

“Os carboidratos, as frutas, os tubérculos que são riquíssimos em fibras, riquíssimos em vitaminas e minerais, além de favorecer o treino e melhorar o rendimento desse paciente, vão dar também outros suportes que o nosso corpo precisa, principalmente para quem está acima do peso. Então, controle de colesterol, controle de glicemia, aumentar a questão de vitaminas e minerais, como ferro, zinco ou vitamina C. A alimentação precisa ser balanceada para que esse corpo esteja sempre capacitado e saudável para a prática da atividade física. Para fechar, falando em reparação muscular, a gente não pode esquecer da proteína, que é responsável pela construção de massa muscular”, explica a nutricionista.

Após a liberação clínica, é momento de focar nos equipamentos adequados: tênis leves, confortáveis, que tenham amortecimento para suportar o impacto e prevenir lesões nos joelhos, quadril, tíbia e fíbula (ossos da perna que formam a “canela”).  É recomendado também o uso de roupas leves, confortáveis, além de bonés e viseiras para se proteger do sol.

Para quem nunca praticou corrida, de acordo com Carlos Felipe, as primeiras 3 semanas são de adaptação, com caminhadas de 30 minutos, aumentando para 45 minutos e depois 1 hora de forma contínua e moderada. Após esse período é iniciada a fase de corrida leve, com trotes intercalados com a caminhada: trotes de 2 a 3 minutos na primeira semana, de 2 a 5 minutos na segunda semana e assim sucessivamente, evoluindo de acordo com a percepção de esforço. Essas são as dicas básicas, mas a prática do esporte exige assistência profissional, garantindo segurança e treinamento personalizado.

“É importante destacar que, nesse caso, não estamos pontuando apenas a perda de peso, mas também a inserção do indivíduo em ambientes sociais, com pessoas com as quais ele se identifica, ter a oportunidade de praticar atividade ao ar livre, em contato na natureza, evitando aqueles espaços limitados de julgamentos, de preconceitos, estabelecendo a inclusão para que essa pessoa mantenha-se de forma ativa dentro da prática regular do exercício”, finaliza o profissional de educação física.

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