Verão e Carnaval aumentam incidência de ISTs, que podem provocar infertilidade até câncer
Chegou o verão, a estação mais quente, agitada e aguarda do ano. É tempo de festa, de muita curtição e paquera. E faltando poucos dias para o Carnaval, um alerta fica ainda mais forte: em meio à onda de festas e azaração, é fundamental se proteger quando o assunto é o sexo. É nessa temporada que os ânimos elétricos terminam promovendo uma crescente nos números de diversas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). E o pior é que, como muitas delas podem ser assintomáticas, muita gente não sabe que possui e termina passando adiante do mesmo modo que contraiu. “O sexo seguro, com uso do preservativo, é a maneira mais eficaz de se proteger contra as ISTs e o HIV. Muita gente não sabe, mas algumas Infecções Sexualmente Transmissíveis podem vir a causar um problema muito mais sério, que é a infertilidade. Às vezes, a IST está ali, assintomática e a pessoa só descobre que é portador quando identifica uma dificuldade para engravidar”, explica a Dra. Genevieve Coelho, Diretora Médica do IVI Salvador.
A ausência de sintomas e a prática sexual sem o uso de preservativos tornaram as ISTs um problema de saúde pública mundial. Segundo a Organização mundial de Saúde (OMS), mais de um milhão de infecções sexualmente transmissíveis são adquiridas diariamente em todo mundo. No Carnaval, quando se juntam pessoas de diversas partes do planeta, com bebidas alcóolicas e o frisson da festa, o perigo é iminente. O principal grupo de risco é o de jovens em idade reprodutiva, com alta taxa de prevalência: é exatamente nessa faixa etária que as ISTs podem provocar infertilidade em mulheres e homens. O risco das infecções sexualmente transmissíveis não está apenas neste problema. Algumas, como o HPV, por exemplo, se não for adequadamente tratado, pode evoluir para um câncer. Vale sempre lembrar que o uso de preservativos é a única forma de evitar a transmissão de ISTs.
Para confirmar a IST e definir o tratamento mais adequado para cada paciente, são realizados diversos testes laboratoriais. Quando são causadas por bactérias, como clamídia e gonorreia, a análise das secreções ou exames de urina permitem identificar os patógenos. No entanto, se houver suspeita de DIP, o médico também poderá solicitar a ultrassonografia transvaginal. A infecção por HPV, por outro lado, é confirmada pelo exame Papanicolaou de rotina. O tratamento de infecções sexualmente transmissíveis causadas por bactérias é realizado por antibióticos prescritos de acordo com o tipo da bactéria. Normalmente é indicado um tratamento simultâneo para as duas infecções, uma vez que geralmente elas ocorrem em associação. O parceiro ou a parceira também deverá ser investigado e tratado para evitar a reinfecção.
Mulheres que estão tentando engravidar, na maioria das vezes, conseguem obter sucesso após a cura da infecção. Porém, quando a IST é tardiamente diagnosticada e resulta no desenvolvimento da doença inflamatória pélvica causando maiores danos, é indicado o tratamento por técnicas de reprodução assistida. Nos casos em que a IST causou danos às tubas uterinas, o tratamento por fertilização in vitro (FIV) aumenta bastante as chances de gravidez.
As principais ISTs
Clamídia é a infecção sexualmente transmissível de maior incidência no mundo e é mais prevalente entre as mulheres jovens do que entre os homens, embora possa afetar pessoas de qualquer idade. Apesar de ser assintomática na maioria dos casos, pode manifestar sintomas em homens e mulheres aproximadamente duas semanas após a infecção. Nas mulheres, os mais comuns são sangramento entre períodos menstruais, corrimento vaginal com odor forte, dor abdominal e durante o sexo, micção com sensação de queimação, inchaço na vagina ou ao redor do ânus e febre baixa. Já os sintomas masculinos mais comuns, são secreção peniana aquosa e leitosa, inchaço e sensibilidade dos testículos, dor e queimação ao urinar, irritação no ânus e sangramento retal.
A gonorreia, por outro lado, ao mesmo tempo que afeta os órgãos genitais, pode afetar ainda a uretra, o colo do útero, o reto, a garganta ou os olhos. Quando manifesta sintomas, é comum que as mulheres apresentem corrimento aumentado com odor forte, dor ao urinar, sangramento entre os períodos menstruais e após o sexo, dor após o sexo ou nas regiões abdominal e pélvica. Secreção semelhante ao pus, dor ou inchaço em um testículo e ao urinar, são os sintomas que podem manifestar nos homens infectados.
Ambas são importantes causas evitáveis da doença inflamatória pélvica (DIP) e infertilidade. Quando não adequadamente tratadas, cerca de 10% a 15% das mulheres portadoras desenvolverão DIP, que pode causar danos permanentes às tubas uterinas, útero e tecidos circundantes, resultando em infertilidade. Clamídia e gonorreia também podem provocar a infertilidade masculina: as infecções tendem a danificar estruturas como os epidídimos, ductos em que os espermatozoides ficam abrigados até ganharem maior motilidade e a uretra, enquanto as infecções virais podem afetar a produção e qualidade dos espermatozoides.