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Saúde aborda desafios e oportunidades na prevenção ao HIV e outras ISTs

Genilson Coutinho,
11/06/2024 | 10h06

O Ministério da Saúde promoveu, na última semana, um evento on-line para dialogar sobre as oportunidades e os desafios na prevenção ao HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em pessoas que utilizam a profilaxia pré-exposição (PrEP). A atividade é uma iniciativa do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) e teve o objetivo de ampliar o conhecimento de profissionais e gestores sobre rastreio e diagnóstico de ISTs em usuários(as), bem como apresentar oportunidades para a qualificação do cuidado.

Na ocasião, a coordenadora-geral de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis (Cgist/Dathi/SVSA/MS), Pâmela Gaspar, informou a respeito das ações do Departamento na ampliação de testagem para clamídia e gonococo para usuários(as) da PrEP. Recentemente, o Dathi – em parceria com estados e municípios – implantou, de maneira definitiva, as Redes de Laboratórios de Biologia Molecular para Detecção de Clamídia e Gonococo (CT/NG) no Sistema Único de Saúde (SUS). O webinar contou com moderação do consultor técnico da Cgist, Luiz Fernando Aires Junior e com a presença no debate da analista de políticas sociais, Tatianna Alencar, da Coordenação-Geral de HIV, Aids e Hepatites Virais (CGAHV/Dathi/SVSA/MS).

Entre os(as) apresentadores convidados(as), a assistente de pesquisa clínica do Instituto Nacional de Infectologia (Fiocruz-RJ), Thaylla Varggas, ponderou sobre o papel da educação comunitária na abordagem às ISTs entre usuários(as) de PrEP. Ela explicou a importância do contato com o(a) usuário(a) para a adesão à profilaxia. “O papel da educação comunitária é acolher a pessoa que faz uso de PrEP, realizar o acompanhamento para que ela não perca a janela de consulta e orientar que a pessoa continue usando preservativo com suas parcerias sexuais”.

Para Thaylla, é fundamental que as pessoas se sintam seguras nos espaços de saúde para garantir a continuidade do cuidado. Assim, ela enfatizou a necessidade de acolher as populações em situação de maior vulnerabilidade, como as que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+ que enfrentam barreiras de acesso aos serviços devido ao estigma e ao preconceito.

Já o médico de família e comunidade da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis/SC (ES/SC), Ronaldo Zonta, abordou o tema “Avaliação das ISTs em usuários de PrEP – diagnóstico e rastreio”. Ele alertou para o fato de que muitas ISTs são assintomáticas, por isso, é necessário elaborar estratégias de detecção precoce. Considerando que diversas infecções compartilham a mesma via de transmissão, ele orientou os(as) profissionais a rastrearem, a investigarem e, se for o caso, a tratarem HIV, hepatites A, B e C, sífilis e outras ISTs no início e ao longo do acompanhamento. “O uso da PrEP pode contribuir para a detecção de infecções sexualmente transmissíveis, pois há um aumento de testagem para ISTs e acompanhamento regular, o que facilita o diagnóstico e o tratamento precoce para outras infecções”, informou Zonta.

O infectologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Ricardo Vasconcelos, discorreu sobre as novidades na prevenção às ISTs. Ele apresentou a DoxiPEP, uma nova estratégia de prevenção de ISTs bacterianas com o uso de doxiciclina para prevenir gonorreia, clamídia e sífilis. Ricardo também destacou tecnologias de prevenção que já estão sendo utilizadas, como o uso de preservativos internos e externos, profilaxias pré e pós exposição, gel lubrificante, testagem regular para rastreio de ISTs, entre outros.

O infectologista ainda chamou a atenção para o fato de que, no Brasil, devido às iniquidades regionais e socioeconômicas, o acesso a essas ferramentas não é homogêneo, por isso, é preciso elaborar estratégias para diminuir as barreiras. “Da mesma maneira que a camisinha só funciona se a pessoa usar direitinho, a PrEP só irá funcionar se as pessoas tiverem acesso e manterem a adesão”.

Fonte: Ministério da Saúde