Música

No Circuito

Ricardo Bacelar traz o show Congênito para Salvador em apresentação única na Casa Rosa

Genilson Coutinho,
24/03/2023 | 14h03

Batizado de Congênito, título de um clássico de Luiz Melodia, o quinto álbum solo do músico, compositor, arranjador e produtor Ricardo Bacelar é um projeto de intérprete. É este trabalho que poderá ser visto em Salvador, no próximo dia 25 de março, sábado, na Casa Rosa, no Rio Vermelho. O músico cearense está à frente dos vocais, em um repertório escolhido a dedo: “Busquei montar um mosaico de ritmos e reunir músicas que eu gosto e que têm entre si uma unidade. Não quis gravar composições minhas: me apropriei do discurso, das canções, e busquei trazer releituras”, define Ricardo.

Dentre os compositores escolhidos, sete são nordestinos, como Bacelar. Os parceiros Lenine e Lula Queiroga (“O último pôr do sol”); Caetano Veloso (“A tua presença morena”); Gilberto Gil (“Estrela”); Belchior (“Paralelas”); Djavan (“Lambada de serpente” e Chico Cesar, parceiro de Ivan Lins e Victor Martins em “Soberana Rosa”.

Canções de Chico Buarque (“Morena dos olhos d’água”), Adriana Calcanhotto (“Mentiras”), Jorge Mautner e Nelson Jacobina (“Maracatu Atômico”); Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro (“Estrela da terra”; a canção título de Luiz Melodia e o clássico samba-canção “É preciso perdoar” (Carlos Coqueijo/Alcyvando Luz), completam a seleção.

Não é a primeira vez que Bacelar assume sua faceta de cantor. Desde os tempos do Hanoi Hanoi, grupo que se destacou nos anos 1980 e no qual entrou aos 18 anos, Ricardo já fazia vocais. “Nos 11 anos de estrada com o Hanoi Hanoi aprendi muito. Era muito intenso, porque o rock é uma linguagem visceral. Em paralelo à banda fui para outros projetos, gravando e produzindo com vários artistas. Passei a compor para cinema, publicidade, teatro e televisão. Foi muito importante para o meu crescimento”, pontua.

Na construção de sua sólida carreira solo, a intimidade de Ricardo Bacelar com o microfone foi crescendo em meio a projetos instrumentais. Além dos singles “Nada será como antes”, ao lado de Delia Fischer, e “Vício elegante”, parceria com Belchior, Bacelar gravou os vocais de “Oh mana deixa eu ir” em seu elogiado álbum “Sebastiana” (2018). “Passei a praticar o canto como uma nova linguagem em meus shows. Foi um processo que veio espontaneamente: quando me vi, já estava cantando”. Avesso a rótulos, Bacelar acredita que é fundamental ter liberdade para ousar: “Nunca gostei de ficar rotulado, dentro de uma caixinha. Como toco muitos instrumentos, posso transitar pelos mundos da música instrumental, da música popular, da música erudita, e isso é muito bom.”

Além do Brasil, Ricardo Bacelar está lançando Congênito no exterior, com ênfase nos mercados dos Estados Unidos e Japão. Os álbuns “Sebastiana” e “Ao vivo no Rio” (2020) entraram no Top 50 de execução das rádios de jazz dos EUA. “Acho que o que chama atenção lá fora é essa carga de brasilidade da música que eu faço. A nossa cultura é riquíssima, traz muitos elementos da África, da Europa, e tem uma mistura com o jazz americano que trouxe a bossa nova”, finaliza.

No show Congênito, Ricardo Bacelar estará acompanhado dos músicos Hoto Jr, (percussão); Stenio Gonçalves (guitarra); Miqueias dos Santos (Baixo), Denilson Lopes, (bateria); Herlon Robson Braz (teclados, sampler e codireção musical); e Carol Damasceno (backing vocal).