Sala VIP

“Quando me posiciono sobre temas como LGBTfobia tenho a oportunidade de fazer uma faxina nas minhas redes sociais”, Diz Pedro Mariano

Carlos Leal,
03/07/2024 | 14h07
Pedro Mariano Foto: Divulgação

Pedro Mariano, que faz show sábado, 06 de julho, no Teatro Casa do Comércio, em Salvador, é considerado um dos maiores intérpretes da nova geração da Música Popular Brasileira (MPB). Com 29 anos de carreira, 4 indicações ao Grammy Latino, disco de Ouro, 13 CDs e 4 DVDs lançados o artista se une ao guitarrista e violonista Conrado Goys no show A2 onde, além dos seus maiores sucessos, apresenta importantes canções populares brasileiras. Nesse bate papo para o Dois Terços, Pedro Mariano falou sobre o show, o peso de ser filho de Elis Regina e Cesar Camargo Mariano e também sobre a importância de artistas se engajarem em causas como a LGBTfobia e racismo. Confiram.

DOIS TERÇOS: Pedro, você começou sua carreira aos 12 anos e lançou seu primeiro álbum em 1995. Em 2025 você irá completar 30 anos de carreira, o que mudou no artista Pedro Mariano nessas quase três décadas?
PEDRO MARIANO: Seguramente mudou alguma coisa, mas nada radical. Continuo pensando a música do mesmo jeito. Óbvio que que com o passar do tempo você vai aprendendo, algumas ideias você já consegue ter uma noção se vai dar certo ou não, as apostas hoje são mais certeiras. No começo é muito na base do “tiroteio”, você pensa em muitas coisas ao mesmo tempo…
DT: No início, houve muita cobrança por parte do público e até de sua parte pelo fato de você filho de Elis Regina e Cesar Camargo Mariano?
PM: Uma coisa é a forma como a cobrança te atinge e outra é de que forma essa cobrança vai acontecer. Lógico que você cria muita expectativa nas pessoas, tenho para mim que frustrei muita gente, muitos criaram em mim uma expectativa de continuidade da carreira da minha mãe, mas é importante lembrar que somos de épocas diferentes. Eu nunca me propus a dar continuidade a carreira da artista Elis Regina. Eu sempre soube onde estava me metendo, mas quando o jogo começa a rolar é que você tem noção que vai precisar administrar isso. Muitos, claro, se decepcionaram, eu não entreguei o que eles esperavam… tendo em vista o cenário daquele momento, eu tinha que a toda hora dizer que queria trilhar meu próprio caminho. Isso com o tempo vai te acalmando e você vai sabendo como administrar, mas não podemos ter controle sobre as expectativas das pessoas.
DT: Você constantemente está fazendo shows em Salvador. Como é essa sua relação com o público soteropolitano?
PM: Carlos, tenho uma relação muito sólida com a Bahia, isso desde o começo da minha carreira, sempre passando por Salvador, cativando um novo público e mantendo aquele que já conhece meu trabalho. Me conforta saber que quem vem ver meu show, não vai embora. Isso é um dos motivos que faz com que eu saiba como conduzir minha carreira, propor um novo projeto, uma nova leitura…
DT: Você usa suas redes sociais para falar sobre temas importantes como a LGBTfobia, recentemente vi que que você fez uma postagem contra a PL do aborto… acha importante que artistas como você entrem na luta por temas tão necessários?
PM: Acho que antes de mais nada eu sou um cidadão brasileiro, não posso me furtar de dar minha opinião. Eu não sou assim. Eu sempre digo: se você me perguntar algo, esteja disposto a ouvir a resposta.
DT: Quando você faz uma postagem defendendo, por exemplo, a comunidade LGBTQIAPN+, há cancelamento por parte dos seus seguidores?
PM: Olha, se uma pessoa acha que se você por gosta do vermelho ou do azul, ou do quadrado ou do redondo, tem que ser cancelado, eu não preciso dessa pessoa em minha vida. Hoje eu posso gostar de algo e daqui a seis meses ter outra opinião. Eu não abro mão da ética por nada… já ouvi coisas do tipo “você é cantor, é músico, limite-se a fazer o seu trabalho”. Não dou minha opinião para conseguir engajamento. Quando me posiciono sobre temas como LGBTfobia tenho a oportunidade de fazer uma faxina nas minhas redes sociais. Se não respeitam minha opinião, não tem porque estar ali… quando dou minha opinião, caem mil seguidores. Se não agregam, saiam…
DT: Falando sobre o show A2, que será apresentado na Casa do Comércio, porque a escolha e fazer um show mais intimista, apenas você e um guitarrista?
PM: O primeiro A2 foi gravado em 2019 e lançado no meio da pandemia. Trato o A2 como um projeto especial, não é um projeto de carreira, mas agrega bastante. Para mim é muito bom porque tenho a oportunidade de abrir portas e janelas interessantes, tenho a oportunidade de transitar por locais que sempre quis.
DT: Um repertório de clássicos…
PM: Sim, são músicas que fazem parte da memória afetiva de muitas pessoas. Esse show é o volume dois do projeto. Tem canções, por exemplo, dos anos 80, que na época eu nem ouvia tanto, mas que depois passei e ouvi-las e me apaixonei. Dentre as músicas do show temos, “Oceano” (Djavan), “Adivinha o que” (Lulu Santos), “Tem que ser você” (Victor Chaves), “O que que há” (Fabio Junior), “Mania de você” (Rita Lee e Roberto de Carvalho) e “Anjo” (Renato Correa, Dalto Medeiros e Claudio Rabelo), canção eternizada por Roupa Nova, entre outras.
DT: O repertório vai mudando …
PM: Sim, até no camarim às vezes, ali começamos a cantar algo, achamos legal e incluímos no show…
DT: Nesse repertório, a Bahia está presente?
PM: Com certeza, não teria como deixar de fora, por exemplo, canções de Gilberto Gil e Caetano Velloso. Acho Gil incrível demais, difícil até escolher qual canção incluir no repertório.
DT: Esse show será gravado em breve para um novo álbum?
PM: Sim, iremos fazer a gravação de um audiovisual no próximo dia 20 de julho, em São Paulo.

Pedro Mariano apresenta show repleto de sucessos no Teatro SESC Casa do Comércio

SERVIÇO

O quê: Pedro Mariano – A2

Quando: 06 de Julho (sábado)

Hora: 20h

Local: Teatro SESC Casa do Comércio

Valor: Plateia: R$180,00 (inteira) e R$90,00 (meia)

            Mezanino: R$150,00 (inteira) e R$75,00 (meia)

Vendas: Sympla e Bilheteria do Teatro

Realização: Allcance Produções