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PrEP Sob Demanda é uma opção eficaz na prevenção do HIV, mas não é adequada para todos, alerta infectologista Valdez Madruga

Genilson Coutinho,
03/09/2024 | 11h09

No 14° Congresso Paulista de Infectologia, realizado recentemente em São Paulo, o infectologista Valdez Madruga, pesquisador da Casa da Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento em IST/Aids de São Paulo e Coordenador do Comitê de Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), apresentou uma análise detalhada sobre os prós e contras da PrEP Sob Demanda. Essa estratégia de prevenção contra o HIV tem gerado crescente interesse, especialmente entre homens que fazem sexo com homens (HSH).

A Profilaxia Pré-Exposição, mais conhecida como PrEP, é uma medida preventiva que envolve o uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas que não vivem com o HIV, com o objetivo de reduzir significativamente o risco de infecção. Tradicionalmente, esses medicamentos são tomados diariamente. Contudo, a PrEP Sob Demanda surge como uma alternativa interessante para aqueles que, por diversos motivos, preferem evitar o uso contínuo dos comprimidos.

Estratégia “2+1+1”

O regime de PrEP Sob Demanda, também chamado de “2+1+1”, consiste na ingestão de dois comprimidos de tenofovir/emtricitabina entre 2 a 24 horas antes da relação sexual, seguidos por um comprimido 24 horas após a primeira dose e mais um 48 horas depois. Segundo o Dr. Valdez, essa abordagem tem se mostrado eficaz na redução do risco de infecção pelo HIV em grupos vulneráveis. No entanto, ele destacou que “essa estratégia não é recomendada para pessoas designadas sexo feminino ao nascer, devido à menor concentração do tenofovir no tecido vaginal em comparação com o tecido coloretal. Além disso, essas populações não foram incluídas nos estudos sobre a PrEP Sob Demanda.”

Vantagens e desafios

O especialista ressaltou que a PrEP Sob Demanda pode ser particularmente conveniente para indivíduos que têm relações sexuais esporádicas, ou seja, duas ou menos vezes por semana. “Esse método, já aprovado e recomendado por autoridades de saúde em países como França, Reino Unido, Canadá e Austrália, pode melhorar a adesão ao tratamento, visto que muitos usuários preferem evitar a rotina diária de medicamentos.”

No entanto, o dr. Valdez alertou sobre os desafios inerentes a essa abordagem, que requer planejamento e disciplina para garantir que os comprimidos sejam tomados nos momentos corretos em relação ao ato sexual. Esse requisito pode tornar-se um obstáculo em situações onde o sexo não é previamente planejado.

Estudos realizados com HSH em Paris revelaram uma redução significativa na incidência de HIV entre aqueles que utilizaram a PrEP Sob Demanda, comparado ao grupo que recebeu placebo. Esses dados reforçam a eficácia da estratégia, ainda que sua aplicabilidade dependa de cada situação individual.

O médico enfatizou que, embora a PrEP Sob Demanda seja uma opção válida e eficaz na prevenção do HIV, ela não é adequada para todos os perfis. Ele também destacou a necessidade de mais pesquisas para avaliar a eficácia desse regime em outras populações, como mulheres cisgênero e pessoas transgênero.

“A PrEP Sob Demanda é uma opção importante na prevenção do HIV, mas é fundamental que cada indivíduo, em conjunto com seu médico, avalie qual método se encaixa melhor em seu estilo de vida e necessidades,” afirmou o Dr. Valdez, encerrando sua participação no congresso.

D Ag. Aids