Vitor Araújo lança hoje, 1 de setembro,o primeiro de uma série de EP’s denominados Mercúrio, série construída a partir de parcerias traçadas por Vitor com diversos artistas oriundos de universos musicais dos mais variados. No “M-I“, EP de 6 faixas que chega às plataformas no primeiro dia de setembro, participam como criadores e compositores o DJ e produtor brasiliense JZL, as bandas paulistanas Hurtmold e Rakta, os músicos da cena experimental carioca Thiago Nassif e Bella, o artista sonoro baseado em Berlim ALADA e, por último, o DJ Diaki: DJ africano do Mali e um dos principais artistas do selo Nyege Nyege Tapes, de Uganda.
Cada um desses artistas construiu e produziu uma das 6 faixas e pôde assim imprimir fortemente sua estética pessoal num EP que não se pretende a construir uma unidade sólida e homogênea, mas muito pelo contrário, propõe-se a caminhar tortuosamente pelas concepções sonoras absolutamente distintas de cada um desses colaboradores, formando assim uma miríade de referências musicais conflituosas entre si – o que espelha de certa forma a ebulição do tempo em que vivemos.
Porém, ‘Mercúrio’ é um projeto que vai além dos supracitados EP’s: ele é um selo criado e gerido pelo próprio artista, denominado M/FM, pensado para servir como cano de escape de produções mais experimentais e de obras mais abertas de Araújo, além de se configurar como meio de exposição de seus processos criativos.
O selo conta também uma plataforma de streaming própria, hospedada na url mercurio.live, onde o público poderá ouvir alguns conteúdos exclusivos para além do que constará nas plataformas digitais ‘major’ e no Bandcamp. E em parceria com a marca MOLETT, foi criada uma coleção exclusiva de peças de roupa para Mercúrio [M/FM] concebidas pelo artista visual Raul Luna e desenhadas pela estilista Bárbara Monteiro. Apesar dos lançamentos musicais previstos para 2021 e 2022 serem experiências capitaneadas artisticamente pelo próprio Vitor Araújo, o selo tem a intenção de lançar também trabalhos de outros artistas no futuro.
O embrião de Mercúrio surgiu em 2018, quando o artista fez uma temporada de um mês de apresentações em São Paulo no Teatro Centro da Terra, a convite do programador Alexandre Matias. Na ocasião, Vitor decidiu que cada show seria gravado e remixado ao vivo na apresentação posterior, e cada noite contou com um grupo diferente de artistas convidados, com curadoria de GG Albuquerque. A temporada envolveu nomes como Negro Leo, Kiko Dinucci, Cadu Tenório, Luísa Puterman, Ayrton Montarroyos, Thiago França, dentre outros.
Em 2020, Araújo optou por retomar essa ideia de re-mixagens e re-processamentos extensivos para realizar criativamente uma passagem do seu último álbum para o próximo que há de vir: essa passagem ou esse hiato entre discos será preenchido por uma série de pós-estudos em cima de seu último álbum, “Levaguiã Terê”, seguido de uma série de pré-estudos em cima do seu próximo álbum, que tem o lançamento previsto para o primeiro semestre de 2022.
O primeiro dos EP’s com pós-estudos sobre “Levaguiã Terê” é o ‘M-I’, que chega ao público no dia 1 de Setembro, e que traz com ele justamente a oportunidade de ouvir artistas diferentes re-compondo a mesma música, e com isso observar como a mesma matéria-prima pode se transformar em resultados finais tão singulares e tão distantes entre si ao serem manipulados por visões artísticas únicas e dessemelhantes.
De certa maneira, tudo isso vem na esteira de uma sucessão de parcerias artísticas bastante heterogêneas que Vitor Araújo vem costurando nos últimos anos. No âmbito musical, o show em duo de piano e voz com o cantor e compositor Arnaldo Antunes é um grande exemplo: o show O Real ao Vivo com direção musical assinada por ambos os artistas foi indicado ao prêmio APCA de melhor apresentação ao vivo em 2020. Fora da música, as colaborações no cinema vão da brasileira Petra Costa ao marroquino Saïd Hamich; e, no teatro da europa, com a dramaturga Christiane Jatahy.