Pedro Bial usou as redes sociais nesta terça-feira, 25/5, para se desculpar por ter se referido de forma “descuidada” às travestis, durante entrevista com o ex-jogador de futebol Ronaldo, exibida na última quinta-feira no Conversa com Bial. Durante o papo, o jornalista relembrou o episódio de quando o craque teria se envolvido com algumas travestis, em 2008, e se referiu à elas no pronome masculino. Bial foi alvo de protestos na web e usou seu perfil para se justificar.
“Alguns poderiam até achar desproporcional a reação, a violência das manifestações na internet, mas acho que violento não. Violenta é a vida dura, terrível das pessoas trans maltratadas. É uma tragédia que o Brasil tem que enfrentar. Então estou aqui para dizer, em primeiro lugar, que contem comigo, sempre, para o bem, para a construção, para a mudança desse estado de coisas. Um grande beijo para todos e todas!”, disse o apresentador no vídeo.
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) Comentou sobre o pedido de desculpas do apresentador:
Olá @pedrobial, agradecemos o posicionamento e possibilidade de proporcionar uma relfexão sobre o triste episódio a que fomos submetidas. Reconhecer um erro é extremamente louvável. Mas também é urgente entender que, no mesmo sentido, devem ser pensadas ações de reparação do impacto desse tipo de discurso. Ainda temos um longo caminho pela frente, pois muitas posições desse tipo continuarão sendo feitas e aceitas publicamente. E é urgente acabar com essa ideia que coloca as travestis como um erro ou indignas de afeto ou relacionamentos/laços sociais saudáveis. As vezes nos parece que não as pessoas não alcançam o impacto que episódios como esses causam na população Trans. No quanto pessoas que vivem excluídas e sem acreditar que podem algum dia ter um relacionamento foram atingidas e magoadas com a reprodução sistemática de narrativas de criminalizam e desumanizam nossas existências. Especialmente nesse período onde temos observado o aumento da violência contra pessoas trans.
É extremamente urgente esse movimento para que possamos naturalizar as relações entre pessoas trans e pessoas não-trans. Somente por meio desse processo de convivência saudável, que não pactue com a violência ou a inferiorização da nossa população, é que será possível o engajamento no enfrentamento da transfobia.
Toda a sociedade precisa refletir sobre esse infeliz episódio e assimilar que os homens que sentem atração pelas travestis precisam ser libertos da possibilidade de qualquer tipo de constrangimento que a própria abordagem do programa ajudou a incentivar. A Masculinidade tóxica é um problema gravíssimo que atinge a nossa sociedade e causa danos severos nas relações sociais, afetivas, românticas e sexuais. Cumprimentamos a você Bial, por ter se posicionado, demonstrando ter compreendido o quanto seu teor foi violento contra nossa comunidade, em vários sentidos. Acreditamos que, agora, devemos seguir juntos ampliando o debate no meio artístico, de modo que não seja mais admitida qualquer forma ou expressão de transfobia.