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Outubro Verde alerta para prevenção e diagnóstico da sífilis e da sífilis congênita

Genilson Coutinho,
16/10/2023 | 12h10
Foto: Reprodução internet

Um crescimento silencioso da sífilis avança no Brasil e a maioria dos infectados talvez nem saiba que está transmitindo a bactéria. O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em outubro do ano passado, traz números alarmantes sobre o tema e chama atenção para a necessidade de investimento no diagnóstico precoce da doença, que pode causar sequelas nos olhos, coração, sistema nervoso e mesmo levar à morte, se não for tratada adequadamente.

Todos os anos, no terceiro sábado do mês de outubro, é comemorado o dia nacional de combate a sífilis. A data surgiu com o objetivo de conscientizar e estimular a população e os profissionais da saúde a participar de atividades, visando eliminar a doença, além de ressaltar a importância de realizar diagnósticos e concluir os tratamentos.

Segundo os dados do boletim, em 2021, foram registrados no Brasil mais de 167 mil novos casos de sífilis adquirida e 74 mil casos em gestantes. No mesmo ano, outras 27 mil ocorrências de sífilis congênita foram diagnosticadas, além de 192 óbitos por esse tipo de sífilis. Até junho de 2022, já haviam sido constatados 79,5 mil casos de sífilis adquirida, 31 mil registros de sífilis em gestantes e 12 mil ocorrências de sífilis congênita no país, totalizando mais de 122 mil novos casos da doença.

Uma das explicações para esse crescimento é que a doença passou a entrar na lista de notificação compulsória em 2010 (a cada novo caso, a secretaria de saúde do município precisa informar as autoridades sanitárias).

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode ser repassada também por meio de transfusão ou pelo contato direto com sangue contaminado, e de mãe para filho (transmissão vertical) na gestação.

É uma doença curável, com tratamento barato e disponível no SUS – feito por meio da penicilina benzatina (Benzetacil é o nome comercial mais conhecido), que chegou a correr riscos de desabastecimento mundial e é considerado o medicamento mais eficaz no tratamento da enfermidade.

O diagnóstico precoce é possível por meio de um teste rápido – que está disponível gratuitamente em qualquer unidade básica de saúde — ou por meio de um exame de sangue de rotina. O boletim do Ministério da Saúde aponta também que no ano de 2020 o Brasil registrou 22 065 casos de sífilis congênita (transmitida de mãe para filho) e 186 mortes.

Nos últimos anos, os números de sífilis vêm aumentando não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que existam mais de 12 milhões de pessoas com a doença.

Sintomas

Os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com o estágio da doença, podendo causar lesões duras, mas nem sempre doloridas nos órgãos genitais são o primeiro sintoma da sífilis. Chamadas de cancros, elas geralmente aparecem nos genitais, mas podem ocorrer também no ânus, na pele, na gengiva, na palma das mãos e na planta dos pés. Mesmo sem tratamento, essas lesões costumam desaparecer em alguns dias, mas a doença continua ativa no organismo e pode provocar outros sintomas.

Sífilis latente

Não aparecem sinais ou sintomas. É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção). A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.

Sífilis primária

Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias, normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços dolorosos) na virilha.

Sífilis secundária

Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial:
– manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés;
– febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.

Sífilis terciária

Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção. Os sinais são lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo. Por isso é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção for detectada, tratar da maneira correta. O não tratamento da sífilis pode levar a várias outras doenças e complicações, inclusive à morte.

Pacientes com sífilis podem iniciar o tratamento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Basta procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima.

O uso de preservativos durante todas as relações sexuais (inclusive anais ou orais) é a maneira mais segura de prevenir a doença; o acompanhamento das gestantes e dos parceiros sexuais durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita.