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Os desafios da promoção da igualdade de gênero e o avanço da IA

Genilson Coutinho,
25/07/2023 | 22h07
Rodrigo Tordim/Divulgação
Raissa Florence, sócia-fundadora e CMO Korú

No mercado de trabalho, as mulheres são as mais expostas pela inteligência artificial (IA), pois muitos cargos que serão substituídos, em sua maioria, são ocupados por elas. “Embora a disparidade entre homens e mulheres quanto à participação da força de trabalho esteja diminuindo, o progresso das carreiras segue desigual”, afirma Raissa Florence, Co-fundadora e Diretora de Marketing e Vendas na Koru. O último relatório da UNESCO que examina os efeitos do uso da IA na carreira profissional e nos ambientes de trabalho das mulheres diz que, “geralmente, as mulheres ganham menos, ocupam menos cargos superiores e tendem a ter empregos mais precários, além de passarem mais tempo realizando trabalhos não remunerados de cuidados de crianças e idosos e de atividades domésticas, por exemplo, e participam menos das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática”.

Nesse contexto, outro agravante é que o investimento em diversidade e inclusão caiu 41% este ano devido à contenção de custos por parte das empresas, segundo levantamento do Glassdoor, site de vagas e avaliações americano. “O mercado derreteu do segundo semestre de 2022 pra cá e os grupos minorizados são os mais prejudicados quando isso acontece”, comenta Daniel Spolaor, CEO da Koru.

No entanto, o futuro desse cenário não precisa ser, necessariamente, negativo para elas. Para melhorá-lo, é importante saber aproveitar o poder da IA para diminuir as diferenças de igualdade de gênero e impedir que elas se perpetuem ou, pior ainda, aumentem. De acordo com os especialistas da Korú, polo de conhecimento para o aprimoramento de carreiras, o caminho para isso passa por alguns pontos fundamentais:

  • Requalificação e especialização das trabalhadoras: A IA tem o potencial de impactar a requalificação das trabalhadoras de várias maneiras. Por um lado, pode haver uma substituição de certas tarefas realizadas por trabalhadoras por meio da automação. Nesse caso, é importante que as mulheres tenham acesso a programas de requalificação que as capacitem para novos papéis e habilidades necessárias nesse cenário. Isso pode envolver programas de treinamento específicos e oportunidades de aprendizado contínuo para garantir que as mulheres estejam preparadas para as demandas do mercado de trabalho em evolução.
  • Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática: A IA também pode desempenhar um papel importante no incentivo às mulheres a se envolverem nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. A falta de representação feminina nessas áreas é um desafio persistente, e a IA pode ajudar a enfrentar esse problema, fornecendo modelos, referências e histórias de sucesso de mulheres que são líderes e inovadoras nessas áreas. Além disso, as tecnologias baseadas em IA podem ser utilizadas para desenvolver programas de mentoria, comunidades online e recursos educacionais voltados para atrair e apoiar as mulheres interessadas nessas áreas.
  • Contexto e cultura: É essencial considerar as complexidades contextuais e culturais de cada país ou região ao discutir os impactos da IA para as mulheres. As barreiras culturais e sociais podem afetar a participação das mulheres no setor de tecnologia e limitar seu acesso a oportunidades de requalificação. Portanto, é necessário abordar essas questões, promover uma cultura inclusiva e buscar soluções que levem em conta as particularidades de cada contexto. Isso pode envolver parcerias com organizações locais, governos e a sociedade civil para criar programas adaptados às necessidades específicas das mulheres em diferentes regiões.

Vale ressaltar que, embora haja avanço acelerado das inovações em Inteligência Artificial, a equidade continua a passos lentos. “Não podemos mais deixar as transformações nas mãos de políticas públicas, é vital o envolvimento de empresas e iniciativas que façam a diferença. IA tem o poder de reduzir a desigualdade, em vez de aumentar, mas para isso o esforço deve ser coletivo”, pontua Raissa Florence. 

Na Korú, atualização profissional, diversidade e oportunidade são elementos complementares. Os fundadores do polo de conhecimento para o aprimoramento de carreiras acreditam que o futuro de uma sociedade sustentável está na integração entre os grupos minorizados e as empresas e hoje tem como clientes companhias do porte de Ambev, IFood, Sinch, Votorantim, Alpargatas e Luxxotica. Entre os trabalhos desenvolvidos, a Koru oferece oportunidades de estudo e conexão com empresas parceiras, tendo distribuído mais de R$ 1 milhão em bolsas de estudo desde então.