Obsessão pela perfeição impacta na saúde mental e física de jovens e adultos
O gasto excessivo de tempo para fazer uma selfie perfeita ou mesmo os dilemas cotidianos ao comparar o corpo ao de influenciadores fitness são sinais comuns em um grupo que tem crescido nos últimos anos, de acordo com a Associação Americana de Psicologia. Muitos jovens e adultos buscam por uma perfeição que muitas vezes é inalcançável, alertam os pesquisadores.
Se comparados às gerações anteriores, os jovens atualmente possuem maior obsessão para se tornarem perfeitos e isso estaria causando danos à saúde mental e física deles. Em 2019, o Brasil foi considerado o país que mais realizou cirurgias plásticas e procedimentos estéticos no mundo. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgiões Plásticos (SBCP) revelam que entre 2016 e 2018 houve um aumento de 25% nas intervenções estéticas no país.
O impacto da busca pela perfeição que, segundo o estudo, se tornou irracional e inatingível pode atingir a autoestima de milhares de pessoas que podem desenvolver algum transtorno alimentar. De acordo com a psicóloga Liliana Lopes, essa tendência comportamental pode implicar efeitos psicológicos negativos, principalmente, na população LGBTQIA+, que está muito presente na internet por meio dos aplicativos e redes sociais.
“Pessoas trans que acompanho, e mais especificamente os homens trans, revelam que o ideal de beleza cis hetero branco normativo, interfere diretamente na autoestima de cada um deles. Cada um almeja determinada aparência, e muitas vezes sofre influência da mídia e até mesmo de outras pessoas trans, que se destacam por serem mais suscetíveis a esse padrão”, destaca Liliana Lopes.
Essas situações influenciam diretamente no sentimento de adequação à sociedade, impactando na autoestima, enfatiza a psicóloga. Muitos trans revelam que “a padronização do corpo faz com que as pessoas adoeçam nessa busca, quando, na verdade, o ideal é apenas estar bem comigo mesmo”.
Quem não atende ao padrão estético estabelecido e promovido pelas redes sociais, como a projeção do hipermasculino que prevê um porte jovial e atlético e, no caso das mulheres, um corpo esculpido e sem manchas, tende a se sentir menos desejado nessas plataformas, o que pode afetar diretamente a autoestima.
Muitos ainda tentam alcançar a perfeição pretendida através de intervenções cirúrgicas. No entanto, os motivos que levam a essa opção não podem refletir a obsessão pela perfeição ou o desejo de ser igual a uma outra pessoa, alerta a especialista em estética Maria Hartmann. “Um procedimento estético pode aumentar a autoestima de alguém por oferecer uma mudança desejada no corpo, mas é importante buscar aceitar como realmente somos e cultivar amor próprio”, defende.
Com inúmeros adeptos no Brasil, a harmonização facial, combinação de procedimentos para combater o envelhecimento facial, conferir harmonia da face e corrigir pequenos defeitos, é cada vez mais procurada. “Intervenções estéticas podem ocasionar um bem-estar imediato ao paciente. Entretanto, quem optar pelo procedimento não deve levar em consideração apenas o aspecto estético, pois corre sério risco de se decepcionar”, afirmou Maria Hartmann, diretora da Clínica Hartmann.