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Núcleo Barro 3 apresenta leituras de projeto focado no facismo

Ivy Souza (Foto: Cine Becos)

A escrita de cartas sempre fez parte da investigação e criação dramatúrgica do Núcleo Barro 3, formado por artistas vindos do Instituto de Artes da UNESP e da SP Escola de Teatro. Em cartas a ele. o grupo tem compartilhado com o público essa pesquisa e seus processos. Partindo da questão “O que você diria a um fascista?” e de uma aula com professora de filosofia da Universidade Paris 8, escritora e artista visual, Marcia Tiburi, o Barro 3 produziu uma série de monólogos e um texto inédito com dramaturgia de Victor Nóvoa, que reúne o trabalho realizado por oitos duplas de dramaturgos e atores.

O público poderá conhecer esse material: os oito solos curtos serão apresentados de 18 a 25 de março, às 19 horas, no Instagram e YouTube no Núcleo Barro 3. Já o texto que parte desses monólogos será apresentado em forma de leitura dramática no YouTube do grupo, nos dias 26 e 27 de março, às 20 horas, e 28 de março, às 18 horas.

O projeto cartas a ele. foi contemplado pelo edital ProAC Expresso Lei Aldir Blanc Nº36 (2020) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. O Núcleo Barro 3 conta com a participação artistas convidados no elenco e dramaturgia desse projeto.

Foi a partir da aula pública de Tiburi, realizada em fevereiro desse ano, que duplas de artistas começaram a trocar cartas e criar textos sobre essas reflexões. Esse foi o principal material dos solos que serão apresentados online. As duplas criadoras são: Maria Giulia Pinheiro e Catarina Milani; Felipe Dias Batista e Gutto Vieira; Thais Prince e Ivy Souza; Jé Oliveira e Jefferson Brito; Samira Calais e Letícia Oliveira; Victor Nóvoa e Lucas França; Regi Ferreira e Manu Figueiredo; Julia Carrera e Rosana Pimenta

Esses trabalhos funcionam separadamente e ganharam vida nesses 8 vídeos. Mas o grupo também uniu essas diversas visões e questionamentos a partir da pergunta central para construir um único texto dramatúrgico, que foi costurado por Victor Nóvoa. “O que você diria a um fascista?” Pergunta disparadora de muitas urgências que precisamos trazer à reflexão. “cartas a ele. é um projeto que entrelaça essas urgências escritas a muitas mãos. E isso é o mais potente nesse trabalho. Não basta a resposta de uma pessoa a essa pergunta; é preciso praticar várias respostas para que possamos compreender como enfrentar esse tempo tão violento que vivemos. São 16 artistas que fizeram suas provocações textuais e o meu trabalho é justamente entrelaçar todos esses fios narrativos para criar um tecido poético disparador de outras proposições cênicas, que serão experimentadas e alteradas novamente pelo coletivo. São muitas coisas que poderíamos dizer a um fascista, mas penso que todas elas precisariam ser ditas de forma coletiva. E eis aqui o teatro, novamente, apostando no encontro democrático entre uma grande diversidade de narrativas para a construção de uma obra que questione o seu tempo histórico” explica Victor.

Lucas França, que também atua nesses exercícios em forma de monólogo, assina a concepção e direção de cartas a ele., diz que apesar de ser gestado em 2018, se tornou urgente e cada vez mais atual no Brasil de hoje. “Quando a ideia surgiu, há quase 3 anos, eu não tinha ideia que iríamos viver dias tão sofridos e truculentos. É importante nos voltarmos para uma tradição como a escrita de cartas e ver que, num país que tenta calar e silenciar, trocar correspondências por duas semanas nos revelou subsídios para gerar criações tão necessárias. A pluralidade do coletivo de artistas envolvidos nessa empreitada tem ampliado a potência de nossos discursos políticos e poéticos”, conta.

Sinopse
O que você diria a um fascista? Correspondências trocadas por atrizes, atores, dramaturgos e dramaturgas compreendem em cartas a ele. respostas artísticas a um opressor desconhecido por meio de vídeo monólogos e a criação de um texto teatral inédito.

Sobre o Núcleo Barro 3
O Núcleo Barro 3 é um coletivo teatral formado em 2016 a partir do encontro de artistas egressos do Instituto de Artes da UNESP e da SP Escola de Teatro. Tem como fundamento para cena a pesquisa associada a diversos procedimentos de investigação e criação dramatúrgica por meio da escrita de cartas e da relação com o espaço urbano. Seu primeiro espetáculo, Barro Homem Barra Mulher – com texto de Regi Ferreira – trouxe para a cena figuras arquetípicas que põem em discussão as representações sociais sobre o feminino. A peça foi produzida com recursos arrecadados em uma plataforma de financiamento coletivo, estreou no Espaço Cultural A Próxima Companhia, ficando em temporada entre outubro e novembro de 2017. O espetáculo também participou da terceira edição do Festival Pé Dentro, Pé Fora na Oficina Cultural Oswald de Andrade à convite da Cia. Livre em 2017. Logo depois, integrou a 2a Edição do evento O Humano e O Urbano – Mulheres e (R)existências, em 2018. A obra foi selecionada, também, para fazer parte da programação do Teatro iNBOx Cultural, no mês de agosto de 2018, onde realizou sua segunda temporada. No mesmo ano, o espetáculo ainda participou da 33ª Edição do Festivale, tradicional festival teatral de São José dos Campos, recebendo crítica positiva e grande público.

Atualmente, o Barro 3 também possui dois outros projetos em andamento. Um deles é o cartas a ele., que tem como mote disparador a questão: “O que você diria a um fascista?”. À vista disso, o trabalho busca reunir, por meio de uma linguagem híbrida entre o teatro e o audiovisual, elementos de nosso cotidiano que possam estar em diálogo com tendências autoritárias no atual cenário brasileiro e mundial. A pesquisa conta com a colaboração criativa de diversos artistas convidados e foi contemplada pelo edital ProAC Expresso Lei Aldir Blanc Nº36 (2020) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

O outro trabalho é Aos professores, aos miseráveis, a Paulo, adeus, que fabula a travessia de uma professora por um Brasil áspero e distópico projetado em 2030. O processo, que também é tramado por ações pedagógicas, derivas e performances, põe em discussão as relações entre educação e democracia em diferentes temporalidades. Esse trabalho foi contemplado pelo 17º edital do Programa de Valorização a Iniciativas Culturais – Modalidade 2 (2020) da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo e pelo edital ProAC Expresso Lei Aldir Blanc Nº36 (2020) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Para roteiro cartas a ele.
Lançamento dos monólogos on-line produzidos: 18 a 25/03 às 19h no Instagram e YouTube do Núcleo Barro 3
Leituras dramáticas on-line do novo texto produzido: 26, 27/03 às 20h e 28/03 às 18h

Ficha técnica:
Concepção e direção – Lucas França
Elenco – Catarina Milani, Gutto Vieira, Ivy Souza, Jefferson Brito, Letícia Oliveira, Lucas França, Manu Figueiredo e Rosana Pimenta.
Dramaturgia – Thais Prince, Felipe Dias Batista, Jé Oliveira, Julia Carrera, Maria Giulia Pinheiro, Regi Ferreira, Samira Calais e Victor Nóvoa.
Trilha Sonora – Leandro Simões
Preparação de elenco – Julia Carrera
Visagismo – Eliseu Weide
Produção – Catarina Milani
Design Gráfico: Gustavo Braunstein
Concepção de Luz: Ton Ribeiro
Captação de imagem e edição: Cine becos
Realização: Núcleo Barro 3
Agradecimento: Companhia Elevador de Teatro Panorâmico e Grã Destino.

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