Criado em 2002, em Michigan (EUA), por Izabela e Richard Koscielny, pais de uma criança com paralisia cerebral, o método Therasuit se disseminou pelo mundo em cerca de 20 anos de existência e tem sido a esperança para milhares de outras crianças e adultos com distúrbios neurológicos e motores, assim como para pacientes portadores do Transtorno Espectro Autista (TEA). “Com o tratamento, a evolução no decorrer do tempo é evidente. A melhoria na qualidade de vida é indiscutível”, ressalta Mariana Marchiori, sócia da clínica Adoleta e especializada neste método.
O Therasuit é direcionado ao tratamento de alterações motoras, de forma personalizada para ajustar as necessidades de cada criança, com objetivos funcionais específicos e geralmente envolve um treinamento motor intensivo. O tratamento pode ser realizado a partir de módulos, que são feitos de três a quatro vezes por ano. Em cada módulo, o paciente é acompanhado diariamente, por quatro semanas, durante 20 dias, com média de três horas por sessão. “A execução consiste no uso de equipamentos específicos, patenteados pelos criadores do Therasuit: a Unidade de Exercício Universal (UEU), uma espécie de gaiola que inclui um sistema de cordas elásticas com pesos; o Spider, conjunto dinâmico de elásticos que reduzem a ação gravitacional; e o Suit, órtese dinâmica que funciona de modo semelhante a um exoesqueleto”, explica Juliana Goulardins, também sócia da clínica.
As ferramentas ajudam para que o fisioterapeuta segmente e isole os grupos musculares do paciente durante o exercício, com o objetivo de facilitar movimentações e estabelecer padrão postural mais próximo do regular, além de melhorar a coordenação das extremidades. “As sessões promovem organização das articulações, alongamentos e fortalecimento dos músculos; inibição de movimentos e reflexos patológicos; e estímulo da movimentação voluntária”, explana Mariana. “O tratamento contínuo por Therasuit viabiliza uma melhora de qualidade de vida, assim, possibilitando que pacientes possam exercer atividades cotidianas com maior precisão”, complementa Juliana.
Apesar da eficácia do Therasuit , ainda há uma certa resistência em novas adesões por conta do custo do tratamento, haja vista que, tanto o plano de saúde, quanto o Sistema Único de Saúde (SUS), se recusam a cobrir o tratamento. Porém, a advogada Dra. Camilla Coutinho esclarece que existindo prescrição médica para a realização do tratamento, a negativa é abusiva. “Nesses casos, o acesso ao procedimento pode ser pleiteado por meio de liminar judicial, com o objetivo de obrigar o plano de saúde a cobrir todos os custos”, explica a advogada.
O benefício fundamental à pessoa autista é o direito à saúde, representado pela necessidade de estruturação do modelo médico inclusivo, integral, intersetorial e multiprofissional para o acompanhamento e, consequentemente, diminuição dos sintomas exibidos pelo transtorno. “Os planos de saúde possuem a obrigação de custear o tratamento prescrito pelo médico, independente da complexidade, do custo e, especialmente, da previsão no rol de procedimentos exemplificativos da Agência Nacional de Saúde (ANS)”, afirma a Dra. Camilla. “Dessa maneira, é ilegal tanto a recusa administrativa das operadoras para realização das terapias e demais procedimentos quanto a limitação de duração das suas sessões, pois qualquer que seja a intervenção médica preceituada deverá ser cumprida”, conclui a advogada.