A secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, afirmou nesta sexta-feira (20) que no governo atual “meninos, meninas e menines” poderão usar rosa e azul.
A secretaria de Symmy está alocada no Ministério dos Direitos Humanos, comandado por Silvio Almeida. Essa é a primeira vez que uma secretaria da gestão federal cuidará exclusivamente das demandas da população LGBTQIA+.
Ela fez referência a uma frase de Damares Alves (Republicanos-DF), eleita senadora no ano passado e que foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Logo que assumiu, em 2019, Damares declarou que ali começava uma “nova era” em que “menino veste azul e menina veste rosa”.
Na fala, Symmy usou o termo “menines”, presente na “linguagem neutra”, que tem por objetivo incluir no vocabulário pessoas que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o feminino (não binárias) ou intersexo.
A secretária participou nesta sexta do evento “1º Encontro de LGBT+ Eleites”, que debateu a política trans e travesti. Symmy é trans, assim como duas deputadas federais eleitas que compareceram ao debate, Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).
O encontro foi realizado pelo grupo Vote LGBT+, organização criada em 2014 que atua para aumentar a representatividade das pessoas LGBTQIA+ na política, além de produzir estudos sobre essa população.
Segundo o Vote LGBT+, 18 candidaturas declaradamente LGBT+ foram eleitas para o legislativo brasileiro, considerando Congresso Nacional e assembleias legislativas estaduais.
“O número é duas vezes maior que o obtido em 2018, quando foram eleitas 9 candidaturas LGBTs no Brasil. Quatro candidaturas garantiram uma cadeira na Câmara dos Deputados e 14 nas assembleias legislativas dos estados. Nenhuma candidatura LGBT ao Senado foi eleita. Houve um recorde, também, sobre gênero e raça. Entre os LGBTs eleitos, 16 são mulheres e 14 negras”, aponta estudo da organização.
Symmy disse que o governo Bolsonaro promoveu a “invisibilização” dessa população. Ela informou ainda que a equipe de transição negou dados e informações à secretaria.
De acordo com Symmy, “amarras e burocracias” foram impostas, por exemplo, para dificultar o acesso ao direito dos trans e travestis de terem o nome social nos documentos de identificação.
A secretária defendeu “apagar ideologia de gênero dos documentos públicos do país”, que é um termo pejorativo usado por setores conservadores da sociedade, como algumas religiões que recriminam a comunidade LGBTQIA+.
“Não quero que mais nenhuma de nós seja obrigada a se prostituir com o diploma no bolso”, concluiu Symmy.
Assassinatos de pessoas trans
Para Erika Hilton, é como se fosse criminalizado ser LGBTQIA+ no Brasil, país que registra mais casos de morte por homofobia de transsexuais.
Levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) mostra que em 2021, pelo menos 140 pessoas trans foram assassinadas no país. Os números são superiores ao de países que proíbem pessoas LGBTQIA+, como Irã e Arábia Saudita.
Erika Hilton afirmou que homens brancos são os “herdeiros da política”, diferente das pessoas trans. “Nos ameaçam porque entendem a potência do nosso projeto”, declarou.
Primeiras deputadas trans
Tanto Erika quanto Duda Salabert foram as primeiras mulheres trans eleitas deputadas federais no Brasil e em seus estados, São Paulo e Minas Gerais, respectivamente.
No encontro, Duda relatou episódios de violência política. Ela contou que teve uma rede social bloqueada depois que sua conta recebeu comentários com a palavra “nojo”. Isso ocorreu após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) divulgarem sua candidatura em “tom de deboche”.
“A gente ainda disputa ter acesso a banheiro, ao nome, para reconhecer nosso corpo como humano. Nosso corpo é visto como imoral”, disse.
Primeiras deputadas trans
Tanto Erika quanto Duda Salabert foram as primeiras mulheres trans eleitas deputadas federais no Brasil e em seus estados, São Paulo e Minas Gerais, respectivamente.
No encontro, Duda relatou episódios de violência política. Ela contou que teve uma rede social bloqueada depois que sua conta recebeu comentários com a palavra “nojo”. Isso ocorreu após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) divulgarem sua candidatura em “tom de deboche”.
“A gente ainda disputa ter acesso a banheiro, ao nome, para reconhecer nosso corpo como humano. Nosso corpo é visto como imoral”, disse.