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Médico e professor da UnB revela em livro sua transição de gênero

Genilson Coutinho,
26/06/2024 | 14h06
Foto: Divulgação

“O menino que não deveria ser”, de Gabriel Graça de Oliveira, será lançado no dia 8 de julho em Brasília

Foi durante uma aula sobre disforia de gênero, ministrada durante a graduação em Medicina, que o psiquiatra Gabriel Graça de Oliveira, descobriu que é um homem transgênero. Mas por medo do preconceito, esperou 20 anos até iniciar o tratamento de afirmação de gênero, já aos 48 anos. Hoje, aos 58 anos, lança o livro “O menino que não deveria ser”, pela editora Appris, para compartilhar sua história e mostrar a transgeneridade como uma condição e expressão humana. Além da experiência pessoal, Gabriel é psiquiatra, psicoterapeuta e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). O evento de lançamento acontecerá no dia 8 de julho, às 19h, na Livraria Travessa, do Casa Park Shopping, em Brasília, DF (Endereço: SGCV SUL Lote 22 – 4A – St. Park Sul).

O autor conta que a ideia de escrever o livro surgiu da lacuna na literatura voltada para a população leiga sobre o desenvolvimento de gênero na infância e adolescência e o fenômeno da transgeneridade. “A ideia é trazer, numa linguagem acessível, teorias acerca deste fenômeno humano sobre o qual se debruçam pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, compartilhando com o leitor minhas impressões pessoais como pessoa transgênero. Assim, o livro nasceu também como um desejo de compartilhar minha história”, conta Gabriel Graça, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP).

O que é ser homem? O que é ser mulher? Como é se sentir diferente do que sempre disseram sobre sua identidade? O que é a coragem de ser? O livro traz esses aspectos à reflexão e ao diálogo. Questionado sobre a questão da transição de gênero no Brasil, o psiquiatra conta que a situação no Brasil é alarmante. “A expectativa de vida das pessoas transgênero é de 35 anos. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. Mas, ao mesmo tempo, é também o que mais consome pornografia com personagens travestis”, explica o professor universitário.

Com a apresentação da atriz Glória Pires e a capa do escritor e ilustrador Roger Mello, a narrativa autobiográfica traz esclarecimentos relevantes não apenas sobre questões de gênero, mas também sobre aspectos que as conectam com o desenvolvimento da personalidade, no período que vai da infância ao final da adolescência. O livro conta ainda com conteúdos de uma ampla gama de campos do conhecimento sobre o desenvolvimento de gênero; da fenomenologia a Charles Darwin, passando pela antropologia, sociologia, psicanálise, neurociências, filosofia e psicologia.

Sobre o autor: Gabriel Graça de Oliveira graduou-se em medicina em 1993; tornou-se mestre em Psiquiatria e especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva. Concluiu o doutorado em Ciências, em 2005, após período sanduíche no Instituto de Psiquiatria da Universidade de Londres. Atualmente, é professor de Psiquiatria e Psicologia Médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília.