Quem frequentou o famoso Beco da Off, nos tempos da Off Clube nos anos 80 e 90, sabe que os esquentes antes da balada tinham parada obrigatória na La Bouche, um dos poucos espaços na Barra que, ao longo dos anos se manteve ativo, mesmo diante das dificuldades. Além de manter viva a cena LGBTQIA+ no Beco, sempre com excelente atendimento, drinks e crepes deliciosos, além de um grande elenco de atrações musicais que atraía a presença da comunidade ao local.
Além das comidinhas e a cerveja sempre gelada, o espaço manteve por mais de três anos a agitação das noites de quinta-feira, com grandes espetáculos da arte transformista, comandados pelas divas drags que realizavam pocket shows interagindo com o público, animando clientes e passantes, contribuind para o fortalecimento do Beco como um local de manifestação cultural LGBTQIA+.
As noites de quinta deram uma pausa, mas a casa continua com uma vasta programação musical de quinta a domingo, com muita música e um time de artistas diverso, privilegiando sempre a participação de artistas LGBTQIA+ na lista dos contratados da casa para entreter o público.
No auge dos seus 18 anos, o espaço cresceu e a movimentação também. E para reafirmar o compromisso e respeito com a comunidade, Ricardo Brasil e Joana resolveram fazer uma grande plotagem com as cores do arco-íris, que é impossível passar pela orla e não avistar a homenagem da casa ao movimento da comunidade LGBTQIA+.
O “apelido” de Beco dos Viados jamais tirou o desejo de Joana e Ricardo de manterem o empreendimento vivo e aberto para todes, sem deixar a peteca cair. “Nós escutávamos muito ‘não vou passar lá no beco dos viados, é muito estranho’. Mas isso não desanimou nosso desejo de ter um espaço para receber todos. Aqui, os LGBTQIA+ sempre serão bem-vindos, pois o respeito e nossa relação ao longo destes anos nos ensinaram muito e tudo isso é o resultado do que pode ser visto aqui, nos dias de funcionamento. As pessoas vêm para se divertir longe de preconceitos, e não estamos preocupados se eles dirão que é o bar e o beco dos viados. Aqui a base do nosso trabalho é feita de amor e respeito”, conta Joana Brasil .
Sobre como resistir ao longo de quase duas décadas e pagar as contas, o casal conta que empregam mais de 19 funcionários, na sua maioria mulheres, além dos artistas da casa. Questionados sobre as questões do som e das cadeiras no beco, os empresários explicaram:
“Seguimos todos os protocolos estabelecidos pelos órgãos da prefeitura, no que se refere ao som dentro dos limites e horários estabelecidos. Sobre as cadeiras, pagamos pelo uso do espaço, que não é barato, mas a prioridade é o bem-estar dos nossos clientes. E esse formato do nosso negócio já é uma tradição do Beco, além de ser muito aconchegante e deixar o bar ainda mais lindo.”, pontua Ricardo Brasil.
Neste período de pandemia, o bar tem seguido todos os protocolos de distanciamento e prevenção do coronavírus. Mesmo com todos os cuidados, eles continuam se renovando com shows, cardápios variados e prometem que vem novidade para a comunidade LGBTQIA+ que busca um lugar para mostrar seu talento.