In Moda

Iemanjá é reverenciada com loja de arte conceitual em Salvador

Genilson Coutinho,
30/01/2025 | 22h01

A cidade de Salvador, berço da cultura afro-brasileira, passa a abrigar a loja de arte conceitual “Odoyá”, inaugurada no piso térreo do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB). O espaço fortalece a missão do museu de valorizar expressões culturais de matriz africana e promover a circulação de obras de artistas contemporâneos e artesãos locais. Reverenciando Iemanjá, divindade africana das águas, a loja apresenta um acervo curado de gravuras, xilogravuras, esculturas em madeira, cerâmicas artesanais e peças exclusivas e seriadas assinadas por artistas como Sandro Ayê, Luisa Magaly e os mestres ceramistas de Maragogipinho, no Recôncavo Baiano.

A seleção de obras em “Odoyá” celebra a ancestralidade africana e sua influência na arte brasileira. As esculturas sustentáveis de Sandro Ayê, por exemplo, utilizam madeira recuperada de casarões históricos de Salvador, transformando ruínas em legado artístico. Já as cerâmicas de Luisa Magaly unem técnicas tradicionais e elementos naturais, destacando a fusão entre passado e presente. O espaço também abriga criações da estilista Goya Lopes, cujas estampas evocam a iconografia afro-brasileira e os orixás, reafirmando o protagonismo da cultura negra na moda e no design.

O ambiente da loja foi projetado pelo arquiteto Wesley Lemos, do Estúdio W+, em colaboração com Vini Brandão e Alessandra Cohen. A proposta estética combina formas geométricas simples e texturas orgânicas que remetem à simbologia das águas e da ancestralidade. “’Odoyá’ foi concebida para ser funcional e, ao mesmo tempo, carregada de significados. Cada detalhe, dos materiais às formas, celebra a herança africana e sua profunda conexão com a identidade cultural brasileira”, afirma Lemos.

“Odoyá” se apresenta como um manifesto cultural que ecoa as contribuições africanas e propõe reflexões sobre identidade e pertencimento. A curadoria da loja se ancora em movimentos como o Afrofuturismo e a Negritude, mesclando técnicas como grafite, tecelagem e cerâmica para reafirmar a interseção entre tradição, sustentabilidade e inovação. Com renda integralmente revertida à manutenção do MUNCAB, o espaço também fortalece a economia criativa, priorizando empreendedores e fornecedores negros. “Grande parte dos insumos vem de negócios negros, ampliando a representatividade no mercado”, destaca Jamile Coelho, diretora artística do museu.

Desde sua reabertura em 2023, o MUNCAB tem se consolidado como um polo cultural de referência para a arte afro-brasileira. A inauguração de “Odoyá” reforça esse posicionamento ao integrar arte, mercado e turismo cultural. Com apoio da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), a loja impulsiona a projeção nacional do museu e disponibiliza séries limitadas de artistas como Mário e Tácio Vasconcelos. “É uma celebração da arte e das histórias que formam o coração da cultura afro-brasileira, conectando Salvador ao mundo”, conclui Cintia Maria, diretora-geral do MUNCAB.

SERVIÇO:

Loja “Odoyá”

Onde: MUNCAB (Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira)

Endereço: Rua das Vassouras, nº 25, Centro Histórico de Salvador, Bahia

Funcionamento: terça-feira a domingo, das 10h às 17h, com acesso até 16h

Entrada gratuita

Informações: museuafrobrasileiro.com.br e (71) 3017-6722