Herpes, Covid-19 e HPV: confira doenças transmitidas pelo beijo e saiba como se proteger no Carnaval
A alegria, música e dança compõem o Carnaval, época mais colorida, multicultural e, para alguns, de muita azaração e beijo na boca. É importante, no entanto, lembrar que, além da diversão, a folia pode trazer riscos para a saúde bucal.
Segundo o cirurgião dentista e doutor em odontologia João Aroucha, professor do curso de Odontologia da Estácio Recife, muitas doenças podem ser transmitidas pelo beijo.
“A maioria delas são de curta duração e geralmente se curam sozinhas. No entanto, complicações podem ocorrer. Infecções sexualmente transmissíveis, doenças respiratórias e problemas do trato digestivo estão entre as mais comuns. As gotículas de saliva podem transportar vírus, bactérias e fungos de uma pessoa para outra, tornando a prevenção essencial”, explicou o dentista.
Entre as principais doenças está a mononucleose, que, em alguns pacientes, não apresenta sintomas, mas pode provocar febre, dor no corpo, dor de garganta e tosse, segundo informou o especialista.
“É um vírus transmitido pela saliva. Algumas pessoas acham que é um resfriado. Já a sífilis, herpes, HPV, estão relacionadas com feridas que aparecem na boca. Quando o indivíduo está nesse estágio, os microrganismos são transmitidos para outras pessoas”, informou João.
No caso da sífilis, os sintomas mais comuns são feridas na boca, febre, mal-estar no corpo, dor de cabeça.
Na gonorreia, outra infecção sexualmente transmissível, os sintomas são queimação, dores na garganta, inchaço na região do pescoço e até mesmo manchas brancas.
“Já na herpes, há a sensação de formigamento, coceira, queimação na boca, formação de bolhas e rachaduras na região mucosa.”, informou o dentista.
Após a transmissão do fungo Candida albicans, popularmente conhecido como “sapinho”, são provocadas lesões de coloração mais esbranquiçada nas regiões da língua e bochecha, e surgimento de aftas com sensação dolorosa. A doença também pode ser silenciosa para alguns pacientes.
Cáries
O dentista João Aroucha esclareceu que o beijo não é capaz de transmitir a cárie dentária. Existe um mito de que a cárie pode ser transmitida através do beijo, porém ela é uma doença multifatorial e para que se desenvolva, é necessária uma combinação de fatores específicos.
“É preciso que as bactérias cariogênicas presentes no biofilme dental (placa bacteriana) fermentem os carboidratos presentes nos alimentos e produzam os ácidos que serão responsáveis pela deterioração das estruturas dentárias. Contudo, esse processo leva tempo e uma higiene oral adequada com a escovação e a utilização do fio dental irá evitar o desenvolvimento da cárie”, informou o especialista.
Ainda de acordo com ele, a presença dessas bactérias no meio bucal, de forma isolada, não irá acarretar o desenvolvimento da cárie se os fatores citados anteriormente não estiverem presentes.
Doenças respiratórias
João Aroucha destaca que, em caso de sangramento na boca, pode ocorrer a transmissão de qualquer microrganismo que esteja presente. O beijo também pode transmitir doenças respiratórias, como gripe e resfriados. A Covid-19 e a H1N1 são exemplos.
“Como essa região da boca também faz parte das vias respiratórias, os microrganismos que são responsáveis por essas doenças também estão circulando e há risco considerável de serem transmitidos pelo beijo”, informou.
Para cada doença, há um protocolo próprio de tratamento. A orientação é que o paciente procure um profissional de saúde, seja examinado e siga as recomendações.
“A higiene vai ser o maior aliado das pessoas neste período. Escovar bem os dentes e usar o fio dental é fundamental. Hidratar-se, beber água para evitar que a mucosa fique ressecada para evitar contaminação. A exposição ao sol resseca os lábios, pode provocar uma lesão ou rachadura e transmitir uma doença ou ser contaminado durante o beijo. Por isso é importante usar protetor solar labial para manter a hidratação”, ressaltou o dentista, que também citou outras doenças transmitidas pelo beijo, como a cachumba, a catapora e doenças digestivas que provocam dor no estômago, cólicas e diarreia.
Fonte: Folha de Pernambuco