Frente Petroleira LGBTQIA+ luta há 4 anos contra a lgbtfobia no ambiente de trabalho
Criada em 2019, a Frente Petroleira LGBTQIA+ é uma organização que reúne uma equipe trabalhadora da Petrobrás e do setor privado, em diversos estados do país. Desde a sua criação, a Frente conquistou espaços importantes dentro da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos, convidando a sociedade ao debate sobre o tema e se colocando como um espaço seguro e de acolhimento às pessoas profissionais que sofrem algum tipo de perseguição dentro das empresas.
Tiago Franco, diretor do Sindipetro Unificado dos Trabalhadores do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado – SP) e coordenador da Frente, destaca que ela funciona como uma frente organizativa. “Nos últimos anos a gente tem feito essa construção, dentro das análises de conjuntura, das propostas que nós levamos aos congressos. Todas são construídas de forma coletiva”. O sindicalista explica que hoje em dia, quem busca o sindicato para tratar do assunto, tem uma referência clara. “Ter um fórum representativo é uma grande conquista”.
Franco acredita na importância da classe trabalhadora entender que a causa LGBTQIAPN+ não está desvinculada da luta de classe e que os espaços de representação são fundamentais. “Precisamos avançar na defesa da dignidade, saúde mental e condições de trabalho desta comunidade. Para que isso aconteça, é necessário abrir espaços de escuta e acolhimento, para entender de forma mais profunda quais são as demandas e como transformá-las em conquistas. E a Frente, enquanto construção coletiva, pretende ter esse papel de representatividade para quem trabalha na indústria do petróleo”, completa o petroleiro.
O dirigente explica também que a Frente surgiu durante a gestão bolsonarista da Petrobrás, como uma ferramenta de apoio aos trabalhadores LGBTQIAPN+, que sofriam discriminação e não sabiam a quem recorrer. “O plano de saúde, por exemplo, ainda trata as cirurgias do processo transexualizador como estéticas, quando na verdade são reparadoras. Temos muito o que avançar ainda e agora, com a mudança de governo e consequentemente da gestão da empresa, podemos ter mais espaço de diálogo sobre esta e outras questões”, finaliza.
A petroleira Amanda Rodrigues comenta que a todo tempo existe uma opressão social, uma tentativa de diminuir o corpo trans. “Sigo lutando pelos meus direitos, que, não apenas o SUS, mas também a Petrobrás, permitam que eu seja atendida por um médico que tem conhecimento para cuidar de pessoas transexuais. Essa autorização me é negada sempre. Eu acredito que é importante discutir e avançar como sociedade e sindicato, para abranger a diversidade”. Amanda é técnica de logística e hoje se encontra em uma gerência para contratação para perfuração de poços
A Petrobrás, a partir de 2018, passou a aceitar o uso do nome social, o que foi uma vitória para a classe trabalhadora. Entretanto, uma das pautas da Frente é a elaboração de um protocolo mais simples e condensado para servir às pessoas que desejem a transição de gênero.
Criminalização
Só em 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a homossexualidade como uma doença e um distúrbio mental. Ainda assim, 69 países-membros das Nações Unidas criminalizam a homossexualidade, segundo a Associação Internacional de Gays e Lésbicas (AIGL), em seu relatório de 2020. Em alguns deles, homossexuais podem ser presos e até mesmo condenados à morte. No Brasil, apenas em maio de 2011 o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a União Civil para casais homossexuais. Hoje, 28 de junho, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, uma data que nos convida a refletir sobre a importância do respeito à diversidade em toda a sociedade, especialmente nos ambientes de trabalho e familiar.
Até uma parte dos anos 2000 a comunidade se reconhecia com a sigla GLS, referindo-se a Gays, Lésbicas e Simpatizantes. Os estudos foram avançando e essas pessoas sendo rotuladas além de homossexuais ou heterossexuais. A transfobia – que era mais latente no final da década de 1990 e início dos anos 2000 -, relacionava travestis e transexuais a homens gays, abrindo espaço para rótulos transfóbicos.
Com a evolução dos estudos de sexualidade e gênero, portanto, é de entendimento das pessoas desta comunidade que as siglas potencializam um posicionamento de luta, resistência e orgulho, sendo ela hoje representada por LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assesxuais, Pansexuais, Não Binárias e mais).