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Espetáculo “Josefina, a dos Ratos” volta a cartaz no Museu de Arte da Bahia, em homenagem aos 100 anos de eternidade de Franz Kafka

Redação,
05/07/2024 | 12h07
Foto: Maiara Cerqueira

Celebrando 70 anos de vida do encenador Marcio Meirelles e os 60 anos do Teatro Vila Velha, a montagem provoca em cena o debate sobre as dimensões do papel e do reconhecimento do artista, da sua relação com o público e dos critérios que validam e classificam uma obra de arte

Quando o escritor tcheco Franz Kafka (1883 – 1924), em fase terminal de sua vida, aos 40 anos, escreveu o conto “Josefina, a Cantora, ou O Povo dos Ratos”, não tinha ideia do quanto o impacto da universalidade de sua obra iria romper paradigmas e atravessar fronteiras para muito além do continente europeu. No mês de junho, homenageando o centenário de eternidade de Kafka – e celebrando especialmente o ciclo de celebração dos 60 anos do Teatro Vila Velha, essa história terá novamente uma releitura baiana, de atmosfera contemporânea, polifônica e multimídia, integrando as ações O Vila Ocupa o MAB, programa de ocupação artística do Teatro Vila Velha, com apoio financeiro do IPAC/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. As apresentações são nos dias 13, 14, 20 e 21 de julho. Sábado, às 19h, e no domingo, às 17h, no Museu de Arte da Bahia. Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla (LINK: https://t.ly/F5YUc ) ou na bilheteria do espaço, por R$20 (meia) e R$40 (inteira).

Conhecendo mais sobre a história: Na fábula original, Josefina é uma rata cantora que quer viver para seu canto, e ser reconhecida por isso. Seria justo, portanto, que fosse dispensada do trabalho comum a que todos do seu povo são obrigados, pois são tarefas que diminuem sua força para desenvolver plenamente seu canto e sua missão: a de proteger, com sua arte, o povo. Este propósito é questionado por um narrador que coloca em dúvida o talento de Josefina, que não seria necessariamente o de cantar, mas o de manipular sua plateia, capturada num encantamento gerado por uma série de estratégias e atitudes, que a tornam quase intocável. Segundo o narrador, isso é fácil de conseguir daquele povo “tão acostumado com a desgraça” que o faz dependente de qualquer “salvador”.

Na releitura de Meirelles, o único narrador da obra original de Kafka se multiplica nos diversos tons, sons, corpos, gestos e nuances dos jovens atores da universidade LIVRE de teatro vila velha, e na tradução corporal do ator e dançarino Ariel Ribeiro, convidado pelo Teatro dos Novos, grupo realizador do projeto. A partir de um processo de construção e atuação cunhado como Teatro-Coral, o encenador imprime mais uma vez uma das marcas mais expressivas de sua dramaturgia; em que o coro de atores se espelha, criando ecos e duplos na cena.

Esse coro de ratos que decreta Josefina como necessária ou inútil, entre defesas apaixonadas e protestos acalorados, dialoga com os tempos polarizados da nossa sociedade, em tempos de desqualificação e ataques à arte e à cultura. A personagem de Josefina é a metáfora dessas contradições. Nessa guerra de narrativas, muitas camadas e abordagens que discutem a sociedade de consumo, a cultura de massa, a ilusão da popularidade como valor artístico, a necessidade de representatividade, entre outros assuntos que geram um grande debate, uma grande assembleia cênica.

Curiosidade: no ano de 1990, Meirelles montou uma versão do conto em que todos os atores interpretavam Josefina, com o elenco da Companhia de Interesses Teatrais (CIT), formado por Clécia Queiroz, George Mascarenhas, Nadja Turenko, Tereza Araújo e Yulo Cézar. Na época, o espetáculo ganhou o Prêmio de Melhor Atriz do Festival Teatro e Dança de João Pessoa, para Tereza Araújo.

Para ficar atualizado e bem informado sobre toda a programação de “O Vila Ocupa o MAB” e também sobre o programa “O Vila Ocupa a Cidade” (um calendário amplo e intenso de ações, criações, atividades e espetáculos em outros espaços culturais da cidade), acesse o instagram @teatrovilvelha e acompanhe as novidades nas redes sociais.

O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

SERVIÇO:

Espetáculo “Josefina, A dos Ratos” – Cia. Teatro dos Novos e Universidade LIVRE de Teatro Vila Velha

Dias: 13, 14, 20 e 21 de junho. Sábado, às 19h, e no domingo, às 17h

Local: Museu de Arte da Bahia – Corredor da Vitória – Salvador/Bahia

Duração: 90 minutos

Classificação: 14 anos

Valor: R$20 (meia) e R$40 (inteira)

Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla (LINK: https://t.ly/F5YUc ) ou na bilheteria do espaço.