A inauguração, no Museu de Arte Contemporânea (MAC), da exposição “Dona Fulô e Outras Joias Negras”, já é considerada um sucesso de público e crítica. A mostra, promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), propõe uma imersão no universo de mulheres negras que, durante o Brasil Colônia, desenvolveram a chamada “economia da liberdade”. O evento é uma celebração da potência, empoderamento e resistência feminina negra, apresentando peças históricas e interpretações contemporâneas de artistas negros de todo o Brasil.
Durante a coletiva de imprensa realizada no dia 6 de novembro, as curadoras Carol Barreto, Eneida Sanches e Marília Panitz compartilharam a importância e o impacto cultural da exposição. Carol Barreto destacou a presença de figuras importantes, como a Ministra Margareth Menezes e o Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, ressaltando a relevância de a exposição ter Salvador como seu ponto de partida. “Esse é um projeto político de revolução. Não é uma exposição apenas no sentido formal de abrir uma galeria, mas sim um redesenho de uma história feita a muitas mãos. Convido a todas as pessoas a virem com o coração aberto, deixando a deseducação colonial em casa, para se conectarem com o que ainda não conhecem”, afirmou Carol.
A exposição exibe joias de crioula, fotografias, pinturas e colagens, entre outros elementos que remetem à força e expressão das mulheres negras no Brasil colonial. A figura de Dona Fulô, cujo retrato inspirou o projeto, foi símbolo de resistência e ativismo, como pontua a curadora Eneida Sanches: “Dona Fulô representava, no século XIX, um ativismo da beleza e da abundância. Ela e outras mulheres alforriadas reuniam suas economias e criavam suas joias como símbolo de liberdade. Essa exposição é também sobre o corpo e a estética como ferramentas de poder e resistência. Ao visitá-la, o público vai encontrar a história de mulheres que compraram a liberdade para si e para seus entes queridos.”
Para Marília Panitz, a exposição vai além da mera exibição de joias, é um convite ao diálogo entre história e contemporaneidade. “Essas peças não são apenas adornos. Elas representam um discurso contra a escravidão e o racismo, e marcam a resistência de mulheres que desafiaram o status quo colonial. A exposição apresenta o impacto dessas joias sobre a identidade negra, uma verdadeira ‘economia da liberdade’ que influenciou a sociedade baiana. Hoje, 22 artistas negros expandem essa narrativa, oferecendo ao público novas visões e interpretações da história dessas mulheres extraordinárias”, reflete Marília.
Simultaneamente, foi lançado o livro “Florindas”, que complementa a exposição ao explorar ainda mais a simbologia e os significados das joias e histórias apresentadas. A mostra “Dona Fulô e Outras Joias Negras”, que ficará aberta ao público até 16 de fevereiro de 2025, revela uma coleção rara conhecida como “Joias de Crioula”, usadas por mulheres negras alforriadas no século XIX, adquirida pelo colecionador baiano Itamar Musse, além de oferecer uma programação que inclui debates, palestras e visitas guiadas, criando um espaço de encontro e aprendizado sobre a riqueza e o legado das mulheres negras no Brasil.
SERVIÇO
- Exposição: Dona Fulô e Outras Joias Negras
- Local: Museu de Arte Contemporânea (MAC), Salvador – BA
- Período: Até 16 de fevereiro de 2025
- Entrada: Gratuita