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Pessoas trans representam 71% dos jovens aprendizes da Diageo no Ceará

Genilson Coutinho,
27/06/2023 | 09h06

A transição de gênero é uma das etapas mais delicadas e importantes na vida de quem passa por esse procedimento. Ela abrange uma série de tomada de decisões que envolve a alta expertise de profissionais capacitados, e o equilíbrio emocional da pessoa que passa pela mudança. Desta forma, além do preparo da própria pessoa transexual, é necessário que o ambiente ao seu redor esteja pronto para lidar com sua nova identificação de gênero.
 

Por isso, a Diageo, líder mundial em bebidas alcoólicas premium e proprietária de marcas como Johnnie Walker, Smirnoff Tanqueray e Ypióca, vem, cada vez mais reforçando seu posicionamento como empresa diversa, e como espaço que acolhe os colaboradores e colaboradoras trans, entendendo suas necessidades, valorizando cada vez mais a presença desse público em seu quadro de funcionários.


Por meio do programa Journey, que tem por objetivo oferecer oportunidades de qualificação para o desenvolvimento profissional de pessoas da comunidade LGBTQIAP+, a empresa saiu de 6% % do público de aprendizes com pessoas trans na fábrica, para 71% % em maio de 2023. São 12 jovens aprendizes trans atualmente, na unidade da Diageo no Ceará.


Além de dar a primeira oportunidade a quem está ingressando no mercado de trabalho, a empresa é também espaço de crescimento para jovens trans, que, ao descobrirem sua vocação, podem desenvolver habilidades, e conquistar novas posições. Foi o caso de Victor Queiroz, de 22 anos. Atualmente cursando a faculdade de administração, ele foi contratado pela Diageo em 2020, como jovem aprendiz, quando ainda se denominava uma mulher cis lésbica (biologicamente do sexo feminino, e com atração também por pessoas do sexo feminino).


Após três anos, Victor se reconhece como um homem trans hétero (ou seja, assumiu identidade masculina, e tem atração pelo sexo feminino), e, trabalha como assistente de compras Capex na planta da Diageo, em Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza. Contando com apoio de suas lideranças, colegas de trabalho, além do time de Recursos Humanos, que coordenou todo o processo, Victor fez sua transição de gênero após seu início na Diageo e atualmente assina com seu novo nome social, contando com a colaboração de todo o time para uso correto do pronome masculino, quando se referem a ele.


“Não me identificar com o meu gênero biológico já vem de muito tempo. Mas me entender como trans aconteceu quando já havia ingressado na Diageo. A princípio eu não tive segurança de contar, mas meus amigos na Diageo me deram apoio. Comecei a vestir as roupas que as pessoas entendem mais como de homens. Foi acontecendo de pouquinho a pouquinho”, explicou Victor.


Segundo ele, o processo de se reconhecer trans “é moroso, requer cautela, autoconhecimento, diálogo com a família. A minha sempre me apoiou, mas é uma coisa que eu precisava conversar. Eu tive que me preparar e preparar as pessoas que estavam comigo para essa mudança”.


Além do acompanhamento da transição, a Diageo acabou possibilitando a Victor o desenvolvimento de novas habilidades profissionais e identificação com as áreas que atua. O que foi essencial para progredir de cargo.

“O profissional que sou hoje é totalmente diferente do que o que entrou na Diageo. Eu não me consideraria um profissional superseguro, mas quando entrei aqui era uma pessoa reclusa e hoje já estou muito melhor, me sinto seguro e acolhido. E gosto do trabalho que tenho feito. Me deixa extremamente feliz ver mais pessoas LGBTQIAP+ na empresa, mais pessoas trans. Eu fico extremamente feliz porque outras pessoas que estão passando por esse processo de autoconhecimento em ser trans vão se sentir mais seguras, assim como eu”, avaliou.


Público marginalizado


A vida de uma pessoa trans no Brasil é desafiadora em múltiplos aspectos. Além da falta de amparo e acolhimento (que, por sua transição, precisa de acompanhamento psicossocial especializado) os transgêneros sofrem com rejeição e preconceito a todo o momento – o que os leva à reclusão social, e ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas mais graves, como a ansiedade e depressão.


Aproximadamente 20 milhões de brasileiras e brasileiros (10% da população), se identificam como pessoas LGBTQIAP+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Cerca de 92,5% dessas pessoas relataram o aumento da violência contra a população LGBTQIAP+, segundo pesquisa da organização de mídia Gênero e Número, com o apoio da Fundação Ford.


A pesquisa revela ainda que, em comparação com os Estados Unidos, por exemplo, as mulheres trans brasileiras correm um risco 12 vezes maior de sofrer morte violenta do que as estadunidenses. Esse é apenas um dos levantamentos que apontam o Brasil como o país que mais mata pessoas trans.


Já o Relatório Mundial da Transgender Europe mostra que, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países nos anos de 2016 e 2017, um total de 52% – ou 171 casos – ocorreram no Brasil.


Dessa forma, não é difícil entender a reclusão de pessoas trans nos espaços onde convivem e ganham o sustento para pagarem suas contas e sobreviver. Uma pesquisa global do Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a Harvard Business Review mostrou que no Brasil, 55% das pessoas trans e de gênero não conformista (que não está em conformidade com as normas tradicionais de gênero), se sentem desencorajadas a mostrar sua verdadeira identidade de gênero no ambiente de trabalho – percentual maior que a média global, que é de 40%.


Além disso, 59% das pessoas entrevistadas relatam já ter sofrido com algum tipo de assédio sexual ou má conduta de colegas nas empresas onde trabalham.


Apoio


Desde 2020, a Diageo vem reforçando a inclusão de pessoas LGBTQIAP+, com a contratação de jovens desse perfil, para atuarem enquanto jovens-aprendizes nos espaços da empresa no Ceará. O objetivo é oferecer oportunidades de qualificação para a construção de suas carreiras.
 

No mesmo ano, a empresa lançou uma campanha em auxílio à Casa 1, centro de apoio a lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, que funciona no centro de São Paulo, prestando serviços de acolhimento e assistência social.


A Diageo globalmente detém ainda as Diretrizes sobre Identidade e Expressão de Gênero, que garantem tratamento justo e apoio aos colaboradores e colaboradoras que se identificam como um gênero diferente daquele ao qual foram atribuídos no nascimento. Neste grupo, estão incluídas pessoas que se identificam como não binários, e aos que procuram mudar sua identidade ou expressão de gênero por meio de um processo de transição ou afirmação de gênero.


“A comunidade LGBTQIAP+ é diversa, porém, marginalizada por muitos setores da sociedade. Nós reconhecemos e valorizamos essas pessoas, e por isso que a Diageo abre as portas para mostrar o quanto elas podem contribuir nos lugares onde vivem e trabalham”, destacou Eduardo Fonseca, diretor de Relações Corporativas da Diageo no Brasil.

Sobre a Diageo


A Diageo é líder global em bebidas alcoólicas com uma excelente coleção de marcas, incluindo Johnnie Walker, Tanqueray, Smirnoff, Ypióca, Baileys, Don Julio, Guinness, entre outras.


A Diageo é uma empresa global cujos produtos são vendidos em mais de 180 países em todo o mundo. A empresa está listada na Bolsa de Valores de Londres (DGE) e na Bolsa de Valores de Nova York (DOE). Para obter mais informações sobre a Diageo, nossas pessoas, nossas marcas e desempenho, visite-nos clicando aqui. Visite o recurso global de consumo responsável da Diageo, para obter informações, iniciativas e maneiras de compartilhar as melhores práticas. Siga-nos no Twitter e Instagram para obter notícias e informações sobre a Diageo: @Diageo_News e @Diageo.