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Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais alerta para prevenção e amplia vacinação entre usuários da PrEP

Genilson Coutinho,
28/07/2025 | 11h07

Nesta segunda-feira (28), o Brasil celebra o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais com um importante alerta à população: é preciso intensificar ações de prevenção, ampliar o acesso à testagem e garantir a vacinação. A data, instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visa conscientizar sobre essas infecções que atacam o fígado — órgão vital para a desintoxicação do organismo — e que, muitas vezes, evoluem silenciosamente até causar complicações graves como cirrose e câncer hepático.

No país, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente testes, tratamento e vacinas para alguns tipos da doença, além de reforçar as estratégias de enfrentamento por meio de campanhas e ampliação do público-alvo da vacinação. Em 2025, uma das principais novidades é a ampliação da vacina contra a hepatite A para pessoas que utilizam a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), um marco no cuidado integrado à saúde sexual.

Brasil reduz mortes por hepatites e avança rumo à meta da OMS

De acordo com o novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o Brasil registrou avanços significativos na última década. Entre 2014 e 2024, o número de mortes por hepatite B caiu 50%, com taxa atual de 0,1 óbito por 100 mil habitantes. No caso da hepatite C, a redução foi ainda maior: 60%, chegando a um coeficiente de 0,4 por 100 mil habitantes.

Os dados indicam que o país está no caminho para cumprir a meta da OMS, que prevê a redução de 65% das mortes por hepatites B e C até 2030. Entre crianças menores de 10 anos, os casos de hepatite A caíram 99,9%, enquanto a transmissão vertical da hepatite B (da mãe para o bebê) teve queda de 55% nas detecções em gestantes e 38% nos casos em menores de cinco anos.

Vacinação gratuita: principal aliada na prevenção

O SUS oferece vacinas contra as hepatites A e B. A vacina contra a hepatite A é aplicada em dose única aos 15 meses de idade e, para pessoas com condições clínicas especiais, está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), em duas doses com intervalo de seis meses.

Já a vacina contra a hepatite B segue o seguinte esquema: uma dose ao nascer (isolada) e outras aos 2, 4 e 6 meses (via pentavalente). Adultos não vacinados devem tomar três doses. Ambas as vacinas estão disponíveis gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Em 2025, o Ministério da Saúde iniciou a vacinação contra hepatite A para usuários da PrEP, como forma de conter surtos entre a população adulta. A meta é alcançar 80% dos mais de 120 mil usuários cadastrados no SUS. Para receber as duas doses (com intervalo de seis meses), é necessário apresentar a receita da PrEP no serviço de referência.

Testagem: essencial para detectar a infecção silenciosa

Um dos grandes desafios no combate às hepatites virais é o diagnóstico, já que muitas vezes a infecção não apresenta sintomas na fase inicial. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas com mais de 20 anos realizem ao menos um teste de hepatite na vida.

A testagem está disponível gratuitamente nas UBSs, podendo ser feita por meio de exames laboratoriais ou testes rápidos. Os exames detectam os vírus das hepatites A, B e C, e ajudam na identificação precoce para o início imediato do tratamento, quando necessário.

Tratamentos disponíveis pelo SUS

Para a hepatite B, o SUS disponibiliza medicamentos como alfapeginterferona, tenofovir (nas versões desoproxila e alafenamida) e entecavir. Embora ainda sem cura, a hepatite B pode ser controlada, evitando complicações. Já a hepatite C tem tratamento eficaz com antivirais de ação direta (DAAs), com taxa de cura superior a 95%.

“Os dados do boletim, do painel e a campanha lançada hoje mostram que é possível avançar mais no enfrentamento das hepatites. A vacina contra a hepatite B é segura, eficaz e ofertada gratuitamente. Nossas vacinas são certificadas pela Anvisa”, afirmou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão.

Como cada tipo de hepatite é transmitida?

* Hepatite A: Transmitida principalmente por via fecal-oral, a hepatite A está associada à falta de saneamento básico, ingestão de alimentos ou água contaminada e más condições de higiene. A prevenção inclui vacinação, higiene adequada e consumo de alimentos bem lavados e cozidos.

* Hepatite B e C: São transmitidas por contato com sangue contaminado ou em relações sexuais desprotegidas. Também podem ser transmitidas pelo uso compartilhado de agulhas, seringas e objetos cortantes. A hepatite B tem vacina disponível, já a C é evitada com uso de preservativos e cuidados em procedimentos médicos ou estéticos.

* Hepatite D (Delta): Só ocorre em pessoas que já têm hepatite B. É considerada a forma mais grave da doença, com progressão acelerada para cirrose. Prevenção se dá por meio da vacina contra hepatite B e práticas sexuais seguras.

* Hepatite E: Rara no Brasil, está mais presente em regiões com saneamento precário e é transmitida por via fecal-oral. Pode ser grave em gestantes, mas costuma ser autolimitada na maioria dos casos.

Sintomas e cuidados

Em muitos casos, as hepatites virais não apresentam sintomas, mas quando surgem, podem incluir cansaço, febre, tontura, náusea, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras e amarelamento da pele e dos olhos (icterícia). A doença pode evoluir para a forma crônica e, se não tratada, levar à perda da função hepática.

Não há tratamento específico para hepatites A e E. O cuidado médico envolve controle dos sintomas e hidratação. Já as hepatites B e C têm tratamento medicamentoso disponível pelo SUS.

Onde buscar ajuda

A vacinação, os testes e os tratamentos para as hepatites estão disponíveis em todo o país, gratuitamente, pelo SUS. Para mais informações, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima ou acesse o site oficial do Ministério da Saúde.

Fonte: Agência AIDS