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Dia do Orgulho LGBT+: por que falar de pertencimento no ambiente de trabalho?

Redação,
27/06/2024 | 23h06

O sentimento de orgulho traz consigo uma força transformadora e promove um senso de pertencimento, fundamental para a segurança psicológica, o bem-estar e a construção de conexões significativas. Embora o foco muitas vezes recaia sobre a comunidade LGBTQIAPN+, a necessidade de aceitação e inclusão transcende esta comunidade, afetando todos que enfrentam a discriminação e a rejeição, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho.

A realidade dos números ilustra a magnitude do problema. Cerca de 61% dos profissionais LGBTQIAPN+ optam por não se assumir no ambiente de trabalho, temendo perder seus empregos. Este medo não é infundado, uma vez que 38% das empresas ainda impõem restrições à contratação de pessoas queer. A convivência diária com a necessidade de manter uma “vida dupla” entre quem são e quem podem mostrar ser, é uma barreira constante. 

Gestos, aparência e modos de falar podem se tornar motivos para que gestores despreparados ou mal-intencionados perpetuem uma cultura de repressão e estereótipos. A “síndrome do Fantástico”, a ansiedade que cresce à medida que o fim de semana termina, é exacerbada para aqueles que enfrentam micro e macro agressões regularmente. Pessoas transgêneros e não-heterossexuais apresentam os piores indicadores de saúde mental no Brasil, conforme dados do Instituto Cactus e AtlasIntel.

O Valor do Orgulho para as Empresas

Uma pesquisa da GPTW (Great Place to Work) investigou o valor do orgulho para uma empresa. Quando um profissional se sente orgulhoso do local onde trabalha, ele tem seis vezes mais chances de recomendar a empresa, duas vezes mais vontade de permanecer a longo prazo e é mais propenso a considerar o ambiente de trabalho excelente. Segundo Josiane Lima, Diretora de People da Swile Brasil, uma empresa francesa líder em benefícios corporativos, sentir-se parte integrante de uma empresa não é apenas motivacional, mas também um catalisador para a inovação e a colaboração.

“O sentimento de pertencimento fortalece o engajamento dos colaboradores, promove um ambiente de mais segurança psicológica, confiança e isso resulta em equipes mais dedicadas,  mais produtivas. Quando os colaboradores se veem como peças essenciais do todo, eles se empenham muito mais em alcançar os objetivos da companhia”, afirma Josiane Lima, Diretora de People da Swile Brasil.

A importância de ambientes inclusivos

Criar ambientes de trabalho seguros, com bem-estar, senso de pertencimento e satisfação para todas as pessoas, resulta em maior produtividade, menor rotatividade e mais valor para as empresas. No entanto, a representatividade ainda é baixa e o preconceito, prevalente. Quatro em cada dez pessoas LGBTQIAPN+ já relataram algum tipo de discriminação no trabalho, um número crescente desde a última pesquisa em 2019. 

O impacto do preconceito

Dados do LinkedIn, por exemplo, mostram que 49% dos brasileiros heterossexuais consideram o país LGBTfóbico, um percentual que sobe para 75% entre os entrevistados LGBTQIAPN+. Sem empatia, fica difícil entender o impacto de frases como “seja mais homem!”, “você nem parece trans” ou “tudo bem ser LGBT, mas não precisa contar para ninguém” sobre quem precisa alcançar metas no trabalho. 

No Dia do Orgulho e sempre, falar sobre orgulho é, assim, reafirmar a importância de ter ferramentas de combate a essa realidade.