Comportamento

Dia da Visibilidade Trans marca a luta contra estigma social e reivindicações aos direitos da população trans

Redação,
27/01/2021 | 12h01

No Brasil, o Dia Nacional da Visibilidade Trans é comemorado em 29 de janeiro. Foi nesta data em 2004 que travestis e transexuais conseguiram pela primeira vez um espaço no Congresso Nacional para debater a realidade da população, seus desafios e reivindicar respeito e acessibilidade.

Desde então, o grupo avançou em alguns temas como a retirada da transexualidade da Classificação de Doenças (CID) e a implementação de ambulatório para a Saúde Integral para Travestis e Transexuais. Ainda assim, as pessoas trans enfrentam diversos desafios na sociedade.

Prova disso é o fato de que a expectativa de vida delas é de 35 anos, segundo dados do IBGE. A média nacional é de 75,5 anos, mais que o dobro do tempo. A vida curta das pessoas trans está diretamente ligada ao alto índice de adoecimento dessa população, dificuldades no acesso e atendimento nos serviços de saúde e a transfobia, que é o preconceito ou ação discriminatória contra pessoas transsexuais.

“Essa é uma chance da população trans se mostrar mais, exercer sua cidadania, pleitear inclusão e políticas públicas, mas também trazer visibilidade para alguns problemas que enfrentam. Já tivemos muito progresso, mas isso não basta. Ainda somos, pelo 12º ano consecutivo, o país que mais mata transexuais no mundo”, revela Jacqueline Côrtes, professora, ativista da causa e mãe.

Para ela, é preciso questionar porque a sociedade mata as pessoas trans com crueldade, discutir identidade de gênero, a situação das pessoas trans no país, o que pode ser feito para melhorá-la e o papel da sociedade nesse processo. “Queremos promover essa mobilização na agenda pública e também mostrar o outro lado, do amor e da família”.

No âmbito da saúde, uma grande preocupação da população trans é a contaminação pelo vírus HIV. Segundo dados do UNAIDS, a população trans tem 12 vezes mais chance de infecção pelo HIV do que a população em geral. Ainda de acordo com o levantamento, 31,9% das pessoas trans tiveram experiências ruins com profissionais da saúde e 36,3% temiam ser maltratadas ou terem diagnósticos positivos revelados sem consentimento.

“Temos dados que mostram que quando uma pessoa se sente estigmatizada ou que há um preconceito contra ela, a chance do tratamento não ser bem sucedido é quatro vezes maior. E a população trans é negligenciada e sofre muito estigma social. Muitas vezes as pessoas trans não se sentem à vontade para ir a um serviço de saúde e serem diagnosticadas ou pegar um remédio. São várias etapas em que o preconceito sofrido leva a uma menor chance de sucesso terapêutico. Mas existem ainda vários outros aspectos dessa estigmatização que faz mal às pessoas trans”, pondera Gabriel Antunes, médico infectologista e Gerente Médico Sr da Gilead Sciences Brasil.

Para ele, o Dia da Visibilidade Trans é importante para educar e chamar atenção para a causa, de modo que a sociedade consiga se tornar menos preconceituosa. “Grande parte do estigma vem da falta de conhecimento, por isso, a data é uma oportunidade para trazer esse assunto ao centro da discussão. Há uma falta de preparo no sistema de saúde para lidar com as pessoas trans. Com certeza isso poderia ser mais discutido durante a formação profissional. Precisamos ser capazes de atender a população trans sem que esses indivíduos se sintam estigmatizados e acabem não aderindo aos tratamentos de saúde que precisam”, analisa.

Jacqueline complementa que o estigma e preconceito são os inimigos da evolução humana. “Quando isso ocorre com trans e travestis na área da saúde, eles ficam ainda mais vulnerabilizados do que já são porque dificulta o acesso aos serviços. É comum que pessoas trans sofram situações vexatórias, sejam alvo de risadas ou tratadas pelo gênero errado. Como consequência, elas só buscam serviços de emergência e ficam sem os cuidados preventivos. É preciso pensar nas especificidades das pessoas trans, nas suas subjetividades e que sejam criados programas específicos para atender essa população”, complementa Jacqueline.

Como parte do programa de responsabilidade social, a biofarmacêutica Gilead Sciences Brasil está desenvolvendo uma nova iniciativa focada na população trans e na prevenção da contaminação pelo vírus HIV. O objetivo é realizar um conjunto de projetos que empodere o grupo e ajude na prevenção contra doenças, diminuindo a vulnerabilidade social das pessoas trans.

A primeira etapa consiste em uma pesquisa diagnóstica sobre a população trans com as consultoras Jacqueline Cortês e Keila Simpson. O estudo busca entender quem são essas pessoas dentro do território brasileiro, considerando desde a condição socioeconômica até a prevalência geográfica.

Além disso, a empresa está fazendo um esforço consciente para trazer membros militantes e ativistas da comunidade como parte do projeto para que ocupem seu lugar de fala e possam fazer uma análise profunda sobre o tema.

A Gilead Sciences também lançou o Movimento PositHIVo, plataforma com conteúdos exclusivos sobre formas de prevenção e tratamento da doença para combater a sorofobia (discriminação contra as pessoas que vivem com HIV).

Serão produzidos conteúdos gratuitos com temas como a saúde sexual da mulher cisgênero, vida de casais sorodiferentes, sexo seguro, saúde sexual e mental da população trans, transmissão vertical e a responsabilidade compartilhada da sociedade de se informar e prevenir contra o HIV.

Para conhecer mais sobre o Movimento Posithivo, acesse: movimentoposithivo.com.br

Sobre a Gilead Sciences

A Gilead Sciences é uma biofarmacêutica dedicada à pesquisa, desenvolvimento e comercialização de terapias inovadoras para prevenção, tratamento e cura de doenças potencialmente fatais, como HIV/Aids, hepatites virais, entre outras. Presente no Brasil desde 2013 com sede em São Paulo, a Gilead possui operações em mais de 35 países, com matriz em Foster City, Califórnia, nos Estados Unidos