“Couraça”: cinema baiano leva sertão, cangaço e amor LGBT ao Festival de Brasília
O cinema baiano chega com força à edição comemorativa do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com o curta-metragem “Couraça”, único filme da Bahia selecionado para a Mostra Competitiva Nacional de Curtas. A obra, codirigida por Susan Kalik, indicada ao Emmy Internacional 2024, e pelo premiado dramaturgo Daniel Arcades, estreia nacionalmente em um dos palcos mais tradicionais e respeitados do audiovisual no país. A exibição acontecerá no dia 16 de setembro, às 19h45
Ambientado na aridez do sertão após o massacre de Lampião, “Couraça” reinventa o imaginário do cangaço ao trazer para o centro da narrativa dois homens cangaceiros amantes, que atravessam a terra seca acompanhando uma mulher grávida de volta à sua família. No meio da dureza do clima e da violência de um tempo marcado por pólvora e sangue, a obra revela uma história de afeto, desejo e resistência, propondo uma leitura potente e sensível sobre corpos dissidentes no coração de um Brasil profundo.
“Pensamos em um filme poético a partir de um evento histórico violento como foi todo o movimento do cangaço. Lançamos um olhar para personagens fictícios, mas que, com certeza, estavam presentes em grupos como o de Lampião. Quando li o roteiro, a primeira coisa que me veio foi como podemos lançar nosso olhar na busca pelo afeto mesmo nas situações mais difíceis da vida. Dirigir curtas é um espaço de afirmação de linguagem e criação, uma etapa importante para os realizadores. Em Couraça pudemos experimentar linguagem, arriscar em narrativa e apostar esteticamente, revela a diretora Susan Kalik.
Filmado em Iaçu, na Chapada Diamantina, o curta de 19 minutos é também a estreia de Arcades na direção cinematográfica e marca o encontro de sua trajetória no teatro com a experiência consolidada de Kalik no audiovisual, como diretora e roteirista. No elenco, nomes de peso como Daniel Arcades, Antonio Marcelo e Lais Machado, além das participações especiais de Ana Paula Bouzas e Francisco Xavier.
“Couraça é sobre como o amor dói no couro, mas também sobre o quanto a gente arrisca amar. O cangaço é um dos elementos simbólicos mais fortes no Nordeste e pensamos numa jornada que revela como mesmo em ambientes hostis para determinados sujeitos, a gente encontra uma forma de viver afetivamente. Essa história está comigo há quase 10 anos, pensando no homem do agreste LGBTQIAPN+ que sou, e se junta aos olhares dessa ficha técnica incrível para ecoar nas telas do cinema”, destaca o diretor Daniel Arcades, que também assina o roteiro do filme.
Além de Arcades e Kalik, “Couraça” tem direção de fotografia de Cláudio Antônio, direção de arte de Carol Tanura, trilha original de Jarbas Bittencourt, figurinos de Diana Moreira e produção executiva de Laise Castro e Vânia Lima.
Produzido pela DAN – Território de Criação, em coprodução com a Tem Dendê Filmes e a Rec Produtora, “Couraça” foi contemplado pelo edital SalCine com recursos da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura.
Mais que uma ficção, o filme se ergue como contraponto poético à brutalidade do cangaço, reafirmando que até nos contextos mais violentos e inóspitos é possível existir ternura, liberdade e amor. A estreia no Festival de Brasília é o primeiro passo de uma trajetória que promete reverberar dentro e fora do Brasil.
Sobre os diretores
Susan Kalik é roteirista, diretora e produtora, sócia da Modupé. Indicada ao Emmy Internacional 2024 por “Anderson Spider Silva” (Paramount+). Dirigiu 4 curtas e seu primeiro longa de ficção, “Timidez”, codirigido com Thiago Gomes Rosa, será lançado no Festival do Rio 2025.
Daniel Arcades é roteirista, ator e diretor. Roteirista do longa “Ó paí ó 2”, e dos curtas “Ainda te amo” (2016) e “As balas que não dei ao meu filho”. Em 2025 dirigiu o curta doc “Bregueragem” e o curta de ficção “Couraça”.
📽️ Couraça
Estreia – 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro | Mostra Competitiva Nacional Curtas
📅 Exibições: 16 de setembro (terça-feira): 19h45 – Complexo Cultural Planaltina; 21h – Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho; 17 de setembro (quarta-feira): 14h30 – Sesc 504 Sul
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