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Conselho Estadual de Cultura da Bahia empossa nova presidência para o biênio 2025 – 2027

Genilson Coutinho,
05/07/2025 | 12h07
Foto: Genilson Coutinho

O Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC) realizou, na manhã desta sexta-feira (4), a cerimônia de posse de sua nova mesa diretora. A artista e produtora cultural Tainá Santos, de 25 anos, assumiu a presidência do colegiado, eleita em 30 de maio ao lado do novo vice-presidente, Pedro Son. A solenidade ocorreu na sede do órgão, no bairro do Canela, em Salvador, e marcou um novo ciclo de gestão com foco em renovação, pluralidade e representatividade.

Representando o território de identidade do Recôncavo Baiano, Tainá passa a liderar o CEC com o compromisso de ampliar a escuta da sociedade civil e fortalecer as políticas públicas de cultura no estado.

“Quando me coloco enquanto presidência, quem me dirige é a sociedade civil, que foi quem me trouxe. Chegar até aqui é entender que outras pessoas também podem chegar”, afirmou durante o evento.

O vice-presidente Pedro Son destacou o compromisso coletivo da nova gestão com a cultura de base. “Eu e Tainá temos o mesmo jeito de fazer cultura: buscando a participação ativa de todos, apoiando manifestações culturais, os mestres da cultura e promovendo o ativismo. Este é um desafio que não se vence sozinho”, afirmou.

Foto: Genilson Coutinho

Para o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Bruno Monteiro, a nova mesa diretora reflete o atual momento da política cultural baiana.

“Uma presidenta jovem, negra, do interior, neurodivergente, LGBTQIAPN+ e representante da cultura popular simboliza a conexão do Conselho com sua missão de ser um colegiado sintonizado com as lutas sociais e culturais contemporâneas. A experiência de Pedro Son somada à renovação representada por Tainá representam comprometimento com pautas históricas concomitante com os desafios do atual momento das políticas culturais na Bahia”, destacou. Ele também agradeceu a gestão do ex-presidente Gilmar Faro, “conduzida com equilíbrio, democracia e dedicação”.

A cerimônia contou com a presença de conselheiros, lideranças culturais e representantes da sociedade civil. Presente na posse, a deputada estadual Olívia Santana destacou a relevância simbólica e política do momento. “Ter uma jovem negra, que tem a cara da Bahia, assumindo o comando do Conselho Estadual de Cultura é muito importante. Essa soma que resulta em encontro se multiplica em potencialidades do que a gente representa e do que a gente pode ser no futuro”, afirmou.

Genilson Coutinho é homenageado no Conselho de Cultura da Bahia por sua atuação em defesa dos direitos LGBT+

O diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, Sandro Magalhães, também reforçou a importância do novo momento vivido pelo colegiado. “É uma grande felicidade ver, hoje, um conselho popular, plural. Para nós, é um desafio manter políticas públicas de cultura no Brasil. Penso que temos que montar um conselho pensando no futuro, no que já construímos até aqui e nas lutas que ainda teremos que travar. É uma grande honra ver esse conselho tão diverso”, disse.

REPRESENTATIVIDADE – Tainá é a terceira mulher a ocupar a presidência do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, sucedendo Eulâmpia Santana Reiber (2005-2006) e Pam Batista (2019-2021). Nascida na zona rural de São Miguel das Matas, no Vale do Jiquiriçá, é estudante de História da UNEB (campus V), artista da 7KMob, Abiã de Candomblé, produtora da Gangcity e da Rede RUA. Iniciou sua trajetória cultural por meio da poesia e do hip hop, como forma de expressão e inclusão após o diagnóstico de TDAH e TEA ainda na adolescência.

Desde 2018, organiza batalhas de rap e eventos culturais no Recôncavo, com foco na visibilidade de artistas periféricos, nas questões de gênero e na ocupação de espaços institucionais por agentes da cultura popular. Sua atuação no Conselho começou após participar como jurada de uma batalha de rap em evento realizado em Salvador. Incentivada por colegas da Rede RUA, candidatou-se como conselheira do Recôncavo e, pouco tempo depois, foi eleita presidenta.

CONSELHO – Criado em 1967, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC) é um órgão colegiado do Sistema Estadual de Cultura e tem a função de contribuir na formulação da política pública cultural no estado. De acordo com a Lei Orgânica da Cultura (12.365/11), é composto por 30 conselheiros e conselheiras titulares e suplentes, sendo dois terços oriundos da sociedade civil — eleitos por segmentos culturais e territórios de identidade — e um terço indicado pelo poder público. O CEC foi o primeiro conselho estadual no Brasil a incorporar representantes da sociedade civil por meio de processo eleitoral.