Cinema

Notícias

Teatro

Conheça Jean Pedro, o Salvador do filme Carnaval da Netflix

Genilson Coutinho,
11/06/2021 | 22h06

Ator, cantor, diretor, compositor e mais o que quiser ser. Um cara multi e variado, ganhando agora um personagem de notoriedade nacional, apresentando Jean Pedro para todo o mundo através da Netflix. Jean é um dos poucos baianos no elenco principal da trama da mais nova produção do maior streaming de vídeos na atualidade.

Salvador é o personagem do ator em Carnaval, longa que mistura humor com muita azaração e confusões amorosas como um gatilho certeiro para lembrarmos de uma das maiores festas de rua do planeta.

Trocamos dois dedos de prosa com Jean para conhecer um pouco da sua história.

Como as artes foram aparecendo em sua vida?

JEAN PEDRO: Eu carrego uma herança artística ancestral e pela genética, rs, meu pai cantava em uma banda de samba junino, chamada, Prego Duro. Muito famosa na cidade na década de 90. E por parte materna minha mãe sempre foi fanática por música, ama dançar teve muitos álbuns, radiola, rádio, cds… assim, o pagode dos anos 90, samba, o reggae a MPB sempre estiveram presentes dentro de casa. A outra parte vem na adolescência por participações em projetos independentes, projetos sociais que têm papel importante no repertório que carrego como artista, seja na música, no teatro, na escrita, projetos como: Banda Mirim do Ilê Ayê (Banda Erê), Banda de Fanfarra Fancerd, Grupo de teatro (Choque Cultural), Capoeira Topázio, Banda de pagode, A pegada é Essa. Tudo isso foi até chegar os dezessete anos onde passei a exercer profissionalmente a missão de ser ator. Tive contato com grandes diretores e músicos onde aprendi muito sobre a arte de ser artista. Salientando o Bando de Teatro Olodum, uma verdadeira escola pra um ator, preto, soteropolitano. Desde então venho combinando a atuação com outras funções como direções no teatro, o cinema, escrevendo e produzindo os meus álbuns, O Ébano e o Tudo7!

Fazer um personagem que leva o nome da cidade que acolhe o Carnaval é uma responsa. O que esse cara vai falar?

JEAN PEDRO:Haha é um simbolismo muito forte né!
Olha, eu gosto muito de ver signos e símbolos por traz das coisas na vida como um todo E Salva a dor de Salvador, aquele que salva e veio para salvar e ainda representar a cidade de Salvador, Bahia. é um negócio invocado, viu?!! Salvador é isso, É barril, é pra quem é miseráve e tem fé. Artisticamente a gente cresce assistindo as bandas de samba reggae dos bairros, desfilando, tocando na porta de casa, o partido alto sempre presente nos domingos, em todo canto tem um famoso bar do reggae, toda comunidade uma tribo rock ‘n roll. Salvador é isso, um berço, carrega uma linguagem musical própria, é polo de muitos gênios que mudam o mundo a cada dia por aí, poderia citar uma lista enorme falando de seus célebres habitantes dentro e fora das artes, mas seria injusto com os esquecidos, nesse momento. Então por estar ciente dessa multiplicidade e singularidade da cidade, é que a proposta de “Representar” Salvador, me desafiou por ter que escolher um recorte que se harmonizasse com a narrativa, dialogasse com o tempo da trama assim como a inserção do personagem no filme, sabe?! Escolhi esse caminho de um Salvador que representasse sim, a nossa alegria, o bom humor, a felicidade de quem cai na folia, carrega a melhor festa de rua do planeta e ainda se vira pra trabalhar e fazer acontecer. É que me divertir fazendo. E já que o nome do filme é Carnaval, é massa demais, né?! Risos. Também arriscado por escolher fazer isso longe de algumas alegorias ou folclores soteropolitanos que nos fazem sim, sermos vistos como arquétipo nessa coisa linda que é a folia de rua mesmo com muitas diferenças em seus planos. A parceria em toda a parte do processo foi muito importante e acredito que a leveza desse personagem Salvador junto com sua pimenta, sua postura, tem tudo a ver com nossa atitude e essência.

A música é vida e te acompanha em todos os processos artísticos. Qual é o papel dela em sua formação?

JEAN PEDRO: Música é vida é deusa. É respiro.
Ser um morador de uma favela Soteropolitana é avançadíssimo no quesito musical, nós temos muito a cultura do carnaval fervilhando pelas veias. Há um certo complexo de DJ, a cultura do trio elétrico que é muito nossa. Onde as pessoas sempre ouvem música pondo para ela e para os outros tbm, um convite a apreciação da música. Aí você acaba absorvendo tudo que lhe é apresentado, e velho, Salvador, Bahia, é muito Incrível, a gente consegue passear do rock de Raul Seixas ao sucesso no movimento musical que é o arrocha, o samba de Riachão, ao reggae de Edson Gomes, o pagode baiano a paixão coletiva que é o Chiclete com Banana, a seresta aos novos baianos e por aí a fora, e te muito das influências de fora daqui da Soteropolis. Como morador da San Martin que é uma fronteira entre São Caetano, um bairro muito importante para o movimento do rap e da cultura Hip Hop e o Curuzu com a sua grandiosidade do Bloco afro Ilê Ayê. Daí minha curiosidade por esse universo me levou a participar de alguns projetos na adolescência que envolviam música, Tocar em banda de samba reggae, toquei contra baixo numa banda de pagode, escrevia pra uma outra banda… E quando fui para o teatro tive a certeza, teatro e música não se separam, praticamente todas as experiências que tive nos espetáculos teatrais, a música foi um pilar indispensável, aprendi muito com esses processos, Até que em 2017 decidi unir tudo que aprendi até ali pra lançar um projeto musical autoral, o meu primeiro E.P o Ébano. Onde me lancei para o mundo como interprete e compositor, e pude contar um pouco da minha visão pra o mundo.. em 2020 produzi e lancei o álbum tudo7 nesse intuito de trazer os vários ritmos que fazem parte da nossa construção enquanto Soteropolitanos.

Já viveu muito amores no Carnaval?

JEAN PEDRO: Já sim, viu! Não tem como a pessoa ser um digno folião e nunca tenha vivido uma paixão de carnaval, um amor de verão, uma paquera.

O Carnaval é ?

JEAN PEDRO: A festa onde vou desde muito pequenino e amo isso ter acontecido assim. O carnaval é a chance que temos de chegar a catarse de expurgar a energia que pulsa no corpo o ano inteiro de forma plena. Essa é a essência da festa. O Carnaval na prática tem muitas disparidades até chegar o momento do ápice da festa , odesfile final. São vários mundos agindo em paralelo mas a função é uma só a folia, não tem jeito. E nessa parte, Carnaval é riso no rosto, é dança, é amizade, pés fora do chão, beijo na boca,esquecer dos problemas, diversão garantida. Carnaval é uma homenagem a felicidade.

Siga o artista no Instagram @jean.pedroo.