A invenção de Hugo Cabret

Genilson Coutinho,
05/03/2012 | 22h03

Hugo (Asa Butterfield) é um garoto órfão que vive no teto e nas paredes da grandiosa estação de trem de Paris – a Gare du Nord – observando as pessoas e acertando os ponteiros dos relógios do local; função que aprendeu com o seu tio quando seu amado pai – interpretado por Jude Law – morreu num incêndio. Para sobreviver, faz pequenos furtos sendo sempre procurado pelo policial da estação e, para consertar um monótomo que escreve (espécie de robozinho à corda) ele fica sempre de olho nos cochilos do dono de uma barraca de brinquedos para poder furtar peças e ferramentas. Hugo acredita que consertando o monótomo receberá uma mensagem de seu pai.

Num desses furtos na barraca de brinquedos, o dono da barraca, Georges Meliès interpretado por Ben Kingsley, o pega no flagra e o faz devolver tudo que havia pegado e um caderninho do seu pai que ele guardava com algumas orientações para o conserto do boneco. Muito triste, Hugo tenta de todas as formas reaver o caderninho e daí começa a ficar amigo da sobrinha do Sr. Meliès – Isabelle (Chloë Grace Moretz), começando assim uma série de aventuras e descobertas que iriam ‘consertar’ a vida do Sr. Meliès. O personagem Sr. Meliès é real. Ele foi pioneiro na arte dos efeitos especiais e foi o criador de mais de 500 filmes, dando ao cinema à ideia de realizador de sonhos. Nesse aspecto o filme é brilhante ao funcionar como uma aula de cinema.

Com o roteiro bobinho (digamos infantil), A invenção de Hugo Cabret parece ser a realização de um sonho para Scorcese; um filme grandioso reunindo a qualidade e a tecnologia do 3D para falar e contrastar com a história da invenção do cinema e sua simplicidade. Um filme melancólico como a Academia de Cinema gosta. Por isso, teve o maior número de indicações ao Oscar, ganhando 05 estatuetas dos 11 que concorreu. Por conta do autômato e por ser interpretado por uma criança, a história me lembrou um pouco Inteligência Artificial, mas sem a carga dramática que tem a história de Spielberg.

Não. Aquele filme emocionante com aquela grande história que alguns críticos estão falando por aí não existe. Sim; estão fazendo muita firula neste novo filme de Scorcese. Apesar de toda a perfeição técnica, o diretor não soube aproveitar o que tinha em mãos. De qualquer forma, o filme é bom e serve como uma grande homenagem ao cinema. Porém, a grande surpresa fica por conta do ator Sacha Baron Cohen, famoso pelos filmes de besteirol (como Bruno e Borat), dessa vez ele abandona o besteirol para interpertar o guarda perseguidor de crianças.

Ah! Se alguém puder me dizer o que Hugo inventa, por favor me diz.

Por

George Araújo – Colunista de Cinema

Publicitário, Blogueiro, twitteiro e cinéfilo de plantão. Trabalha na área de criação gráfica e com mídias sociais e é idealizador do BlogayrosCamp.