LGBTFobia: Brasil é o país que mais mata quem apenas quer ter o direito de ser quem é

Genilson Coutinho,
04/06/2023 | 16h06

Imagine a seguinte cena: você está andando livremente na rua e é espancado até a morte simplesmente pelo fato de ser quem você é. Ou você é morto a tiros enquanto caminha de mãos dadas ao lado de quem você escolheu para amar. Cenas trágicas, impactantes e onde qualquer semelhança com a realidade não é coincidência. É realidade mesmo!

Essa foi a realidade da travesti cearense Dandara dos Santos, de 42 anos, em 2017 e também do jovem gay Eliel Ferreira Cavalcante Júnior, de 25 anos, em 2022. Realidade também de outras 273 pessoas em 2022, mortas de forma violenta por fazerem parte da comunidade LGBTQIAP+. Todas essas mortes causadas por uma única motivação: LGBTFOBIA! E a gente precisa URGENTE falar sobre isso.

O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTI+ no mundo! E isso não pode ser normal e nem aceitável. Enquanto escrevo esse texto ou enquanto você lê, alguém pode estar sendo assassinado, hostilizado, xingado ou sendo violentado simplesmente pelo fato de ser quem é, de gostar e se relacionar com pessoas do mesmo sexo, sendo discriminadas porque não fazem parte dessa pseudo “construção social” de que existe apenas uma forma de sexualidade e uma única identidade de gênero. Quem disse isso?

De acordo com o Dossiê Mortes e Violência contra LGBTI+ no Brasil, nossos jovens da comunidade LGBTI+ estão entre as principais vítimas. Imagine, de novo, não completar 30 anos e ter sua vida ceifada por esse tipo de discriminação. Desde 2019, a LGBTfobia é crime no Brasil com punição de 1 a 3 anos de prisão, sem fiança e imprescritível.

Uma vitória nos direitos e na vida de quem só quer viver como quiser e amar quem quiser. A boa notícia é que a lei tem saído do papel e sido efetivada pelo Judiciário mas ainda é preciso mais efetividade e cumprimento dela. Afinal, leis são para serem cumpridas né?

O último suspeito de participação na morte da travesti Dandara dos Santos, por exemplo, foi condenado a 16 anos de reclusão em júri popular em 2021. No caso do jovem Eliel, três suspeitos foram denunciados pelo Ministério Público.

No mês do Orgulho LGBTQIAP+, é mais do que urgente refletir sobre essa violência brutal que atinge tanta gente todos os anos e fazer com que todos nós – independente da bandeira que você defenda – possa defender a vida e pregar o respeito por todos. Um respeito que é direito de todos e que começa com cada um de nós para que a gente possa celebrar mais vidas e chorar menos por elas.

Fonte: CNN Plural