HIV em pauta

No Irã, casos de HIV/aids crescem 21% a cada ano. Na Inglaterra, 94% dos diagnosticados tem carga indetectável

Genilson Coutinho,
21/11/2022 | 13h11
Foto: Reprodução

Inglaterra e Irã fazem o primeiro jogo de Copa do Mundo desta segunda-feira (21). Pelo Grupo B, as duas seleções se enfrentam no estádio Khalifa International. Sob o comando de Gareth Southgate, os ingleses chegaram ao confronto com força máxima, sem nenhum desfalque. Na última edição, em 2018, o time de Harry Kane ficou em 4º lugar no torneio, depois de perder para a Bélgica, por 2 a 0.

Os iranianos chegaram mais tímidos, com o objetivo de melhorar o desempenho do último Mundial. Na Rússia, a seleção não passou das fases de grupos.

Na disputa contra o HIV, a Inglaterra sai na frente. O Irã tem 53 mil pessoas vivendo com o vírus, mas ainda vive situações de homofobia e estigma. Enquanto isso, a Inglaterra tem 96% das pessoas diagnosticadas em tratamento. Além disso, 94% delas estão com carga viral indetectável.

Inglaterra

O Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (Unaids) não computa os dados da Inglaterra separadamente, mas do Reino Unido formado por, além da Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte. São 101.200 pessoas vivendo com HIV/aids. São 6.095 novas infecções ao ano e, até então, 594 mortes por aids foram registradas. A prevalência do HIV é de 0,16%.

Já entre homens que fazem sexo com homens, a prevalência é de 2,5%. Quanto ao tratamento, o números são animadores: 96% dos adultos infectados estão tomando antirretrovirais. E 94% estão com carga viral indetectável.

Por outro lado, os diagnósticos tardios são um grande desafio. Segundo o Relatório de Saúde Pública da Inglaterra e do Reino Unido, no ano de 2016, 42% dos diagnósticos foram realizados em estágio já avançado da infecção.

Além disso, outro desafio está associado a falta de informação. Uma recente pesquisa no Reino Unido, revelou que apenas 45% das população pôde identificar as formas de transmissão do HIV.

Mais sobre o país

O sistema de saúde é o mesmo para todo o Reino Unido. O National Health Service ou NHS, como é mais conhecido, é o maior sistema público de saúde e o mais antigo do mundo.

Todos os bairros de Londres contam com um General Practitioner Surgery que funciona como um centro de saúde local, uma espécie de UPA no Brasil.

O tratamento contra a infecção pelo HIV é o único que o sistema de saúde não contempla para os estrangeiros, que têm de pagar pelos antirretrovirais. Segundo os responsáveis por essa medida, ela tem duplo benefício: evita que os estrangeiros acabem nos hospitais ingleses devido a complicações causadas pela aids, cujo custo do tratamento é muito alto e diminui em muito as probabilidades de terceiros serem infectados pelo vírus.

Irã

O Irã é um dos países mais populosos do Oriente Médio e tem 5 mil novas infecções de HIV ao ano e, de acordo com relatório do Unaids, desde 2010 o número de novos casos aumentou em 21%. Por outro lado, as mortes por aids caíram em 14%.

São 53 mil pessoas vivendo com o vírus, mas apenas 14% estão acessando a terapia antirretroviral. Os números continuam preocupantes quando se trata das mulheres grávidas infectadas. 49% delas estão sem tratamento, abrindo possiblidade para as transmissões verticais.

A prevalência entre as profissionais do sexo é de 2,1% e entre as pessoas que fazem uso de drogas injetáveis é de 9,3%. Das pessoas que estão realizando o tratamento antirretroviral, apenas 8% tem carga viral indetectável.

Apesar de ser passível de punição, o sexo é praticado entre os jovens, especialmente nas grandes cidades. Sob o recurso legal do sigheh, que pode durar apenas algumas horas, a prostituição corre solta.

Sexualidade é assunto que não se fala, consequentemente não há informações sobre prevenção e o número de mortes por aids chega a 4 mil por ano. Por outro lado, a lei permite a cirurgia de mudança de sexo.

Mais sobre o país

Como alguns sistemas de saúde da região, o do Irã é baseado em um sistema público-governamental, um setor privado e uma linha de ONG’s. A população é de 75 milhões de habitantes e os gastos em saúde chegaram a $50 bilhões em 2013. Em 2005, 4,5% do PIB iraniano foi usado com saúde e 75% dos habitantes possuem plano de saúde.

Uma curiosidade do país é a comercialização de órgãos. A prática de vender um rim para ter lucro é legal e bastante comum entre a população mais pobre. Cada órgão vale, em média, $1200 e a regulação deste comércio é feito por associações e pelo próprio governo.

O acesso à televisão a cabo e à internet são bastante limitados no Irã por motivos religiosos. O regime proíbe a TV a cabo e impões sérias restrições à internet, mas muitos iranianos dão um jeitinho e instalam os chamados “gatos”.

Da Agência de Notícias da Aids