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Montagem feminista negra faz últimas apresentações no SESC Pelourinho

Genilson Coutinho,
06/09/2021 | 20h09
Foto: Divulgação

Chega ao último final de semana em cartaz o espetáculo Medéia Negra, montagem feminista negra que abriu a programação de espetáculos para público adulto em temporada presencial em Salvador. Nos dias 10 e 11 de setembro, sábado e domingo, às 19h, é possível prestigiar o espetáculo que recria o mito grego de Medeia, no corpo de uma mulher negra. As apresentações acontecerão no SESC Pelourinho, com ingressos a  R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada).

A temporada marca a retomada das apresentações presenciais em Salvador, que foram autorizadas pela prefeitura no último dia 9 de agosto com novas medidas de segurança para evitar a transmissão da Covid-19. O Teatro Sesc Pelourinho terá a capacidade reduzida em 40% (estarão disponíveis apenas 60 lugares), com distanciamento entre os espectadores e também entre artistas e plateia, além de controle de temperatura no acesso ao teatro.

Durante a pandemia, Medeia Negra foi visto por mais de 6 mil pessoas de todo o País em formato online pela plataforma SESC Em Casa. O espetáculo também foi apresentado em festivais no Uruguai, Alemanha e Portugal, além de São Paulo, Ceará e diversas cidades do interior da Bahia. Em 2018, a montagem foi listada como um dos espetáculos nacionais mais importantes de 2018 pela revista Bravo. No ano seguinte, Márcia Limma foi indicada ao Prêmio Braskem de 2019 na categoria melhor atriz.

A narrativa expõe as opressões da mulher negra em diferentes lugares de fala e tempos históricos, como um grito contundente contra a estrutura social que a marginaliza, julga e aprisiona. Com elementos musicais, do jazz e blues americanos, referências políticas e da intelectualidade negra, como Ângela Davis, Djamila Ribeiro e Grada Kilomba, a peça provoca o público a refletir sobre o seu lugar no processo de descolonização dos mitos e práticas patriarcais e racistas.

O espetáculo foi fruto da pesquisa da atriz no Mestrado em Artes Cênicas, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), e envolveu mulheres em situação de encarceramento no principal complexo penal de Salvador. As internasparticiparam das oficinas teatrais conduzidas por Márcia Limma. Em uma delas, após estudar diferentes versões do mito, as internas escreviam cartas à Medeia. As emoções e desejos registrados nessa ‘troca de mensagens’, assim como referências do dia-a-dia das mulheres, fazem parte da dramaturgia.

“São histórias de uma Medeia que foi enegrecida a partir dessa convivência. Nós partimos do clássico de Eurípedes, mas trazemos contornos reais a partir deste corpo negro e da convivência com mulheres criminalizadas. Isso justamente para colocar o feminismo negro no protagonismo da cena”, explica a atriz. 

Desde o início do espetáculo a plateia é tensionada pelo binarismo masculino e feminino. Ao centro, Márcia Limma reverencia a religiosidade afrobrasileira e contrapõe a tradição grega a arquétipos das divindades como Nanã, Iansã, Exu e Omolu na construção do corpo-político que evoca o poder das mulheres de reagir às violações e lutar pela libertação de todo um povo. A cenografia valoriza e destaca o trabalho da protagonista,recriando o universo mítico com elementos do afrofuturismo.

“Medeia Negra” tem dramaturgia de Márcio Marciano (Coletivo de Teatro Alfenim/PB), Daniel Arcades (Grupo NATA – Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas/BA), Tânia Farias e Márcia Limma. A montagem estreou em Salvador em 2018, com produção do Grupo VilaVox. A sinergia criativa entre integrantes e convidados é uma marca do grupo, que completa 20 anos. Fundado em 2001 por artistas residentes do Teatro Vila Velha, o VilaVox tem nove espetáculos que circularam por mais de 70 cidades no Brasil e exterior, e hoje mantém um espaço cultural, a Casa Preta, no bairro do Dois de Julho, região central de Salvador.

SERVIÇO

Espetáculo Medeia Negra

Curta temporada: 10 e 11 de setembro, às 19h

Ingressos a  R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada).

Ajustes para garantir distanciamento entre o público. Total de 60 lugares disponíveis.

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Sinopse

O espetáculo expõe as opressões contra as mulheres negras em diferentes lugares de fala e tempos históricos, como um grito contundente contra o condicionamento social que as marginalizam, julgam e aprisionam. A partir de fragmentos de diferentes versões do mito clássico, elementos musicais e referências da cultura negra, a peça provoca o público a refletir sobre o seu lugar no processo de descolonização e evoca o poder das mulheres negras para reagir às violações e lutar pela libertação.

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Ficha Técnica

Concepção e Atuação: Márcia Limma

Direção: Tânia Farias

Assistente de Direção: Gordo Neto

Dramaturgia: Márcio Marciano, Daniel Arcades, Márcia Limma e Tânia Farias.

Texto Carta: Turma de mulheres sentenciadas do Conjunto Penal Feminino de Salvador,

no Curso de literatura do Grupo Corpos Indóceis e Mentes Livres/2018.

Direção Musical e Piano: Roberto Brito

Músicas: Márcio Marciano e Roberto Brito.

Cenografia e Adereços: Márcia Limma

Coordenação de Produção: Márcia Limma

Produção Executiva: Márcia Limma e Ramona Gayão

Produção Artística: Bruno Guimarães

Figurino e Visagismo: Rino Carvalho

Assistente de Figurino: Angélica Paixão

Iluminação: Nando Zâmbia

Assistente em Iluminação e Operação de Luz: Milena Pitombo

Operação de Som: Ivo Conceição

Preparação Vocal: Marcelo Jardim

Desenho de Canto e ação vocal: Márcia Limma

Assessoria de Comunicação: Mônica Santana/Antonio Pita

Artista Gráfico: Caracol

Fotografias: Priscila Fulô