Literatura

Livro infantil fala de respeito, diversidade e aceitação com personagem autobiográfico LGBT

Genilson Coutinho,
14/04/2021 | 22h04

Como LGBT quantas vezes você se viu representado em livros infantis?

Poucas, né? Ou até nenhuma.

Como um adulto, hoje o jornalista, terapeuta e escritor Flávio Jayme olha para o passado com este pensamento: por que crianças LGBT não se veem representadas na literatura infantil?

É certo que, em sua época (algumas décadas atrás), isso não acontecia nem na literatura nem em outros meios, com os personagens LGBT se limitando a estereótipos assexuados para fazer rir na TV. Mas, por mais que isso hoje esteja mudando tanto nas produções televisivas quanto no cinema e na literatura infantojuvenil, nos livros infantis ainda é raro se falar do assunto.

E aquela criança que se vê de uma forma diferente das outras, que percebe que com ela algo não é igual à maioria, não se vê representada e acaba crescendo em um universo onde reprimir este comportamento “fora do padrão” se torna não só comum, mas também uma defesa.

Foi justamente por isso que Flávio (que também é pedagogo), como uma criança que passou por tudo isso, decidiu escrever o livro Menino Estrela, uma história “semi-autobiográfica”, como ele mesmo define.

“Esses dias, assistindo a um programa de TV, fiquei pensando sobre como seria minha autobiografia, e percebi que gostaria que fosse um livro infantil. Que este livro transmitisse para os pequenos parte do que eu passei quando criança, com bullying e aceitação, e como a gente pode se fortalecer. Esta é a ideia deste livro”, afirma o autor.

Pensando justamente nestas crianças que não se veem representadas, Flávio criou um personagem que carrega uma marca que o faz diferente das outras crianças. Aos poucos, enquanto cresce e compreende o mundo, aquele menino percebe que sua marca não é um problema ou um defeito a ser escondido, mas algo que o torna único.

Com a proposta de falar sobre respeito, diversidade, aceitação e autoestima, Menino Estrela é todo escrito em versos e é indicado para crianças a partir de 5 anos, para gerar conversas com os pais e para, acima de tudo, mostrar para os pequenos que não ser igual a todo mundo não é um problema, que cada um de nós é único naquilo que carrega e que, mesmo que o mundo nos enxergue com outros olhos, às vezes, nossa diferença é nossa maior força.

Flávio também é um dos autores da aventura infantojuvenil As Crônicas de Miramar, que tem entre seus protagonistas um adolescente gay: “Para crianças e adolescentes, se verem representados é fundamental na construção de sua identidade. Se eles não se veem, passam a acreditar que seu comportamento além de errado não será aceito.”, completa.

Menino Estrela está à venda na Amazon em versão ebook e em busca de uma editora para publicação impressa..