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Dados inéditos obtidos pela Rede de Observatórios da Segurança revelam a cor da letalidade policial

Redação,
08/12/2020 | 16h12

(Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

O racismo na dinâmica da letalidade policial é escancarado no novo relatório da Rede de Observatório da Segurança. O estudo A cor da violência policial: a bala não erra o alvo será divulgado na próxima quarta-feira, dia 9, com dados inéditos sobre mortes em ações policiais na Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo

Sabemos que 74% dos homicídios no Brasil são de pessoas negras e que 79% dos mortos pela polícia também são pessoas negras, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Porém, os novos dados da Rede são surpreendentes até mesmo para quem acompanha os casos de violência policial diariamente. O estudo apresenta um retrato preciso dos cinco estados monitorados pela rede com dados de 2019 que comprovam que a ação letal das polícias é dirigida à população negra.

Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação diretamente com as secretarias de segurança dos estados após um processo longo e demorado que esbarrou na omissão dos números. Depois, foram checados e comparados com dados sobre cor das populações de cada estado no censo do IBGE. Os números são oficiais e comprovam que a violência policial é racializada.

“É a primeira vez que é feita uma investigação como esta. Com esses dados podemos mostrar que não é um viés racial, não é excesso de uso da força, não é violência policial letal acima do tolerado, é racismo. Quando analisamos a violência policial nós não conseguimos contabilizar abordagens violentas, espancamentos, humilhações do dia a dia, mas conseguimos contar os corpos empilhados nessas ações” explica Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania.

Em 2019, 13,3% das mortes violentas no Brasil foram provocadas por policiais, totalizando 6357 óbitos segundo o FBSP. Com o novo boletim da Rede de Observatórios da Segurança é possível afirmar que essa letalidade é dirigida racialmente contra as populações das periferias e das favelas.

O estudo será publicado no site na próxima quarta. Detalhes sobre os dados e o desenvolvimento do boletim podem ser obtidos com a comunicação da Rede de Observatórios

O estudo segue embargado até às 6h da manhã do dia 09 de dezembro.

Sobre a Rede

A Rede de Observatórios da Segurança é a única iniciativa que monitora operações policiais. O acompanhamento é feito desde 2018, no Rio de Janeiro, e de junho de 2019, nos cinco estados que formam a Rede. É um projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford, formada por cinco observatórios locais, mantidos em parceria com as organizações: Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC); O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.