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Lewa D’oxum lança clipe que reforça ancestralidade como fortaleza cultural e espiritual

Genilson Coutinho,
06/08/2020 | 19h08
FOTO: Júlia Ferreira – Gomakaya

“Uma poesia falada dentro de um instrumental”. É assim que a artista baiana, Lewa D’Oxum, começa explicando seu novo trabalho, o “777 – Tô cultivando Aiyê pra manter o Ori em dia”, que será lançado nesta sexta-feira (7), às 18h, em seu canal no YouTube e redes sociais. Mostrando ancestralidade como a fortaleza espiritual, a composição tem o objetivo de transmitir que Exu é a extensão das vontades, ações e comportamentos humanos.

Motivada pela necessidade de se reinventar, principalmente no atual momento, onde as consequências da pandemia afetou diretamente o meio cultural, Lewa se inspirou no na energia desse Orixá para um novo começo. “Exu é o começo de tudo, então nada melhor do que se reestruturar com ele na frente”, frisa.

A cantora que já dividiu palco com grandes artistas como Maria Gadu e Preta Rara e cantou em grandes Festivais Internacionais como o “Ella – Mulheres Latina Americanas”, em La Plata – Argentina, começou a cantar aos 17 anos e logo após utilizou de poesias para expressar melhor as suas composições. Formada em Violão, musicalização, teatro e percussão, pela Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (EMART), iniciou seu trabalho batalhando em rodas de rimas na cidade de Macaé-RJ e foi o pontapé para gravar músicas e clipes de autorias próprias.

Trazendo um trabalho um pouco diferenciado de sua vertente, que é o Trap, desta vez ao invés de ser uma letra cantada, a artista utilizou de sua experiência adquirida nas batalhas de rima para compor o trabalho com uma letra recitada, onde levanta questionamentos como o apagamento da cultura e das religiões de matriz africana. Para ela, “Exu é o principal guardião da história preta deste país, reconhecer isso, é reconhecer ancestralidade. Ele é a força que guia minha caminhada e que rege minha intuições”.

Com esse trabalho Lewa busca mostrar que Exu é a extensão das vontades, ações e comportamentos humanos. “É necessário entender a ancestralidade como a fortaleza espiritual que temos em um país que não nos enxerga a nós, negros, por dentro. Que anula nossa cultura, nossas particularidades e nossa pluralidade. Por pra fora esse guardião que sempre esteve em nossa história, é não aceitar que sejamos só mais um corpo preto”, conclui.