3 livros imperdíveis para refletir sobre o HIV e a Aids
O movimento Dezembro Vermelho convida a população a olhar para o HIV e a Aids não apenas como questões de saúde pública, mas como temas atravessados por memória, estigma, políticas sociais, ciência e, sobretudo, humanidade.
É um período de conscientização que busca ampliar o debate, combater preconceitos e fortalecer o compromisso coletivo com informação de qualidade, prevenção e acolhimento.
Ao longo das últimas décadas, a ciência avançou muito em prevenção, diagnóstico e tratamento. Ainda assim, as feridas emocionais e sociais deixadas pela epidemia seguem vivas: histórias silenciadas, famílias marcadas, políticas públicas transformadas, comunidades que resistiram e outras que ainda lutam para serem vistas.
A literatura tem um papel essencial nesse processo, pois ilumina o que o tempo tentou apagar, faz emergir vozes que foram empurradas à margem e ajuda na compreensão da complexidade desse capítulo da história.
Nesse sentido, reunimos abaixo livros que tratam do HIV e da Aids sob diferentes perspectivas e abordam o tema com profundidade, compaixão e conhecimento. Confira!

Vencedor do Prêmio Jabuti 2025, o livro percorre figuras da noite, salas de aeroportos, quartos de hospitais e casas do subúrbio para retratar a chegada da epidemia de Aids no Brasil. Baseado em personagens e eventos reais e escrito pelo médico Marcelo Henrique Silva, Sangue neon é ambientado em um período de intensas transformações sociais e políticas. Nesse cenário, emergem vozes urgentes em defesa da dignidade e do direito à vida: uma travesti nordestina que monta o primeiro centro de acolhimento a pacientes com HIV, comissários de bordo que contrabandeiam medicamentos para salvar vidas e médicos que sonham em criar um novo sistema de saúde.
Por que vale a leitura: o livro reconstrói, com força literária e rigor histórico, histórias que moldaram a resposta brasileira à epidemia. Ele ilumina personagens invisibilizados e resgata a coragem de quem lutou, muitas vezes no improviso, para salvar vidas em meio ao caos. Uma obra que combina memória, política, dor e esperança.
2. Do Tarja Preta à São Silvestre

Com narrativa intensa e honesta, Marcelo do Rego revisita sua própria história, marcada pela perda da mãe, portadora do HIV, que manteve o diagnóstico em segredo até a morte. O autor compartilha o impacto do estigma, o choque diante da revelação e o peso emocional que se estendeu por toda a família. O livro aborda, dentre outros temas, o tabu que sempre envolveu a Aids, o medo, o silêncio, a vergonha, e mostra como esse segredo impactou sua vida, suas relações e seu processo de luto.
Por que vale a leitura: o testemunho de Marcelo expõe, sem filtros, o lado íntimo e familiar do HIV, um terreno onde o estigma ainda causa feridas profundas. É um relato que humaniza a discussão e mostra como conversar sobre o tema, acolher e informar pode transformar trajetórias inteiras.
3. De Miasmas a Vacinas – Uma história das doenças infecciosas

Resultado de extensa pesquisa histórica, o livro explora a trajetória das grandes epidemias desde a Antiguidade, passando pela Peste Negra, pelas doenças trazidas à América pelos colonizadores, pela sífilis e pelo tifo. A obra do médico infectologista Eduardo Toffoli Pandini acompanha também os primeiros vislumbres do mundo microscópico e o nascimento das teorias sobre transmissão. É o primeiro volume de uma trilogia que irá abordar, nos próximos títulos, o começo e o avanço da epidemia de Aids.
Por que vale a leitura: Porque oferece um panorama amplo, científico, histórico e social que ajuda a entender como a humanidade reage, sofre e se adapta diante de epidemias. Ler este livro é compreender o HIV e a Aids em um contexto maior, que revela padrões, erros repetidos e conquistas que moldaram nossa visão contemporânea de saúde pública.