A vereadora Marta Rodrigues (PT) criticou, nesta quinta-feira (3), as declarações da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, na última quarta-feira (2). Na ocasião, a ministra, também pastora, disse que começou no Brasil uma nova era, onde meninos vestem azul e meninas vestem rosa.
“A declaração da ministra é um desserviço a toda uma luta contra o preconceito à diversidade de gênero, contra a LGBTfobia. É uma afronta ao movimento de mulheres, às pesquisadoras e pesquisadores de todo o mundo que veem no debate de gênero um avanço para sociedade se libertar das amarras do preconceito e do patriarcado. A pastora demonstra total ignorância, a começar que cor não tem gênero”, afirmou.
Marta pontua que a questão da utilização da cor é uma construção social que nada tem a ver com sexualidade e gênero, nem com masculinidade ou feminilidade. E acrescenta que obrigar o uso de uma determinada cor só fomenta o preconceito e o machismo na sociedade.
“Quem obriga menina a usar rosa espera dela certos papéis que podem não ser a vontade dela. A criança precisa saber que pode usar a cor que sente vontade. Da mesma forma os brinquedos. Porque menino não pode brincar de casinha? Ele não precisa cuidar da casa quando adulto? E a mulher de carrinho? Ela não pode dirigir? É preocupante uma ministra que dissemina esse tipo de discurso retrógrado”, comentou.
Alguns estudiosos, informa Marta Rodrigues, apontam que no início do século 20 a cor rosa era mais usada em homens e o azul em mulheres, o que demonstra que as cores podem e devem ser usadas por quem bem entender. É o que diz a escritora Jo Paoletti, autora do livro, Pink and Blue: Telling the Girls From the Boys in America ((Rosa e azul: diferenciando meninas de meninos nos EUA). “Ela aponta que o rosa, sendo uma cor mais assertiva e forte, era mais apropriada para garotos, enquanto azul, mais delicado, era mais bonito para a menina. Aqui na Bahia, temos pesquisadoras no Neim e na UFBa que debatem essas questões com muito afinco. Então, a ministra precisa sair da bolha do conservadorismo e estudar a história, que é mutante. Ela está em um cargo que requer conhecimento e entendimento de sociologia”, disparou.
Para Marta, tem sido constantes as declarações preconceituosas de Damares que desrespeitam a laicidade e a diversidade do Estado. “E isso é preocupante. Tivemos diversos avanços, acompanhamos diversos países desenvolvidos nas pautas do respeito aos direitos humanos e à diversidade de gênero. E de repente nos aparece uma pessoa numa pasta dessa magnitude que quer acabar com uma luta, que, inclusive, é das mulheres”, declarou.