Uma em cada três crianças no Brasil pesa mais do que o recomendado
Doença crônica e não transmissível, a obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de gordura corporal, em quantidade que traz prejuízos para a saúde da criança. Segundo o IBGE, o índice de obesidade no país faz com que uma a cada três crianças esteja pesando mais do que o recomendado.
Os quilos extras provocam consequências para as crianças até a sua vida adulta, independente da obesidade ter sido revertida nesse período. Diabetes, hipertensão, colesterol alto, baixa autoestima e depressão são alguns dos problemas que acometem os pequenos obesos. Pesquisas apontam que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso no Brasil, sendo que 3,1 milhões já evoluíram para obesidade
“São muitos os fatores que causam obesidade infantil, como fatores genéticos, má alimentação, sedentarismo ou até mesmo uma combinação desses fatores”, explica a médica Carla Amorim, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e especializada em Nutrologia. “A obesidade em crianças também pode ser causada por alguma condição médica, como doenças hormonais ou uso de medicamentos à base de corticoides”, acrescenta.
Dra. Carla Amorim explica ainda que cada vez mais temos visto que a gênese já pode acontecer nos primeiros mil dias. “Já evidenciamos fatores de risco gestacionais, como diabetes gestacional e excesso de ganho de peso na gestação”, esclarece a médica. “Bebês com crescimento intrauterino restrito também podem ter maior risco de obesidade no futuro. Por isso que a prevenção da obesidade infantil já começa no período gestacional”, complementa.
Para saber se uma criança está acima do peso recomendado ou com obesidade, é preciso realizar a conta do IMC (Índice de Massa Corporal). Para adultos, normalmente as medidas são específicas: IMC entre 18,5 e 25 é normal, enquanto acima de 25 já representa sobrepeso e além de 30 já é obesidade. Já as faixas de IMC para as crianças mudam de acordo com a idade e o sexo e existem tabelas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer esse cálculo.
Como tratar a obesidade infantil
O tratamento da obesidade é complexo e conta com várias especialidades da saúde. “Não há nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida”, alerta Dra. Carla Amorim. “As crianças precisam ser abordadas individualmente e conforme a idade, uma vez que cada uma pode apresentar diferentes fatores que aumentam seu risco para obesidade”, complementa.
A médica sinaliza que para garantir a eficácia do tratamento, é necessário o paciente ser assistido por uma equipe multidisciplinar, composta por pediatra, nutricionista e, muitas vezes, psicólogo. “Precisamos enxergar além da obesidade, quais os fatores em torno desse paciente que influenciaram para seu ganho de peso”, conclui.