Após oito anos de trajetória por espaços cativos do samba paulista, o Samba de Dandara, roda composta apenas por mulheres, começa a mostrar ao público o resultado de seu primeiro disco autoral, homônimo. No próximo dia 12 de março, a banda lança em suas redes sociais a pré-venda de unidades limitadas do CD em kits com camisetas, ecobags e outros itens personalizados do projeto. Selecionado por Natura Musical em 2018, o álbum reúne 14 faixas inéditas, que contemplam canções autorais e de compositoras contemporâneas da cena de São Paulo, além de contar com participações especiais de nomes como Fabiana Cozza e Raquel Tobias.
O disco teve seu lançamento adiado com a pandemia causada pelo novo coronavírus no início do ano passado. Depois de disponibilizar em todas as plataformas digitais quatro singles ao longo de 2020, o Samba de Dandara se prepara para retomar o projeto neste primeiro semestre de 2021. Entre março e abril, interessados em ter contato com o álbum na íntegra, em primeira mão, poderão adquirir kits promocionais a partir das redes sociais do grupo. Além do CD, os primeiros ouvintes levam ecobags, camisetas e outros produtos desenvolvidos a partir da identidade visual do disco pela ilustradora e designer Nathalie Portela.
Os kits são limitados e fazem parte da estratégia da banda para aproximar o público do projeto e suprir a impossibilidade de apresentar as canções presencialmente. Após a pré-venda, o disco “Samba de Dandara” será disponibilizado em todas as plataformas digitais a partir de 7 de maio de 2021. Mais informações sobre o pré-lançamento estão disponíveis no Instagram da banda: @sambadedandara.
O álbum
Em seu primeiro trabalho, a banda materializa a identidade que resume sua fundação em um projeto pautado na ancestralidade e no protagonismo feminino. Além disso, discute sobre os espaços ocupados pelas mulheres na sociedade de modo geral e, especificamente, no samba. Com letras marcadas pela luta sociopolítica feminina e pela valorização das tradições negras brasileiras, o trabalho explora diferentes linguagens e vertentes do samba, como ijexás, samba de roda, samba rural e partido alto. A tradução desses conceitos em imagem foi realizada pelo designer gráfico e ilustrador Elifas Andreato, que assina a arte da capa, e por sua filha, a artista visual Laura Andreato, responsável pelo projeto gráfico.”O samba, símbolo de resistência da cultura negra, é historicamente protagonizado por homens, sendo reservados às mulheres o canto, o coro ou a dança”, comenta Maíra da Rosa, vocalista do grupo. “Além de resgatar a história de mulheres que nos antecederam, buscamos abrir novos caminhos, fortalecer o repertório de nossas integrantes, além de construir com este trabalho um instrumento de enaltecimento do samba paulista, de luta política por direitos sociais e da mulher e de valorização das manifestações culturais e rítmicas de origem africana”, completa. Participaram do processo de gravação do disco mais de trinta mulheres entre cantoras, arranjadoras, compositoras, instrumentistas e equipe de produção.
“Nosso foco é apoiar a produção regional e fomentar impacto positivo nas comunidades nas quais os projetos estão inseridos. É de extrema importância para Natura Musical que os projetos tenham ações que impulsionem inclusão, diversidade, sustentabilidade e educação. Esses pilares reverberam as mudanças que queremos para que o mundo se torne mais bonito para todos nós”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.
Conceito
Com a oração “A Força da Mulemba”, da cantora Maria Helena, embaixatriz do samba paulistano, abre-se o disco cujo repertório pode ser dividido entre o mundo material (ou Ayê, em iorubá) e o mundo espiritual (ou Orum). “Quilombo” (Jacke Severina e Maíra da Rosa), terceira faixa do disco, resgata e homenageia a força dos quilombos e abre espaço para canções que afirmam o lugar da mulher na música e no samba; “Samba à Toa” (Maíra da Rosa) homenageia as mulheres que têm o samba como ofício; “Para Amélia e Emília” (Maira Ranzeiro) faz referência a sambas que se consagraram na história, porém com letras que subjugam as mulheres; “Pé de Moça” (Maíra da Rosa, Mariana Rhormens e Felipe Matheus) destaca a aliança entre as mulheres.
A faixa seguinte, o samba rural “Estrela Negra” (Laís Oliveira, Karina Adorno e Renato Dias) homenageia Dona Anicide Toledo, matriarca do batuque de umbigada. Também têm mulheres como personagens principais as faixas “Menina Guerreira” (Maíra da Rosa, Mariana Rhormens e Felipe Matheus), uma homenagem às mães, e “Pranto de Carnaval” (Aninha Batucada, Lucas Laganaro e Renato Dias), um causo bem-humorado de carnaval. Completam a primeira parte do disco “Canta”, de Carol Nascimento, e “Estação Crise”, de Laurinha Guimarães.
O samba enredo “Entre o Ayê e o Orum” (Maíra da Rosa) marca a segunda etapa do álbum, resgatando as influências religiosas e ancestrais do grupo, complementado por “Artimanhas” (Raquel Tobias) e “Xaxado pra Iansã” (Mariana Rhormens e Alisson Lima). Para fechar o disco, a faixa bônus “Dandaras, Filhas de Akotirenes” (Maíra da Rosa e Mariana Rhormens) é uma saudação aos quilombos urbanos e ao carnaval paulista que reivindica o direito de ocupar a rua, trazendo como convidadas as mulheres do Bloco Afro Ilú Oba De Min e da baixista Ana Karina Sebastião.
Participações
Com produção executiva de Amanda Lima, quem assina a direção musical é o violonista Samuel da Silva, que coordenou a flautista Angela Coltri e o percussionista Júlio César na elaboração dos arranjos de sopro e percussão, respectivamente. Entre as cantoras convidadas para participar do disco estão Maria Helena Embaixatriz em “A Força da Mulemba”, Fabiana Cozza em “Quilombo” e Raquel Tobias em “Artimanhas”. Amanda Lima,
Aninha Batucada, Camila Trindade, Jana Cunha, Karina Oliveira, Paulinha Sanches, Railídia, Raquel Tobias e Roberta Oliveira, parceiras da banda, foram responsáveis pelos coros.
O disco recebeu ainda participações das percussionistas Ligia Fiocco, Monalisa Madalena, Roberta Kelly e Xeina Barros, além da clarinetista Laura Santos, da violonista Fernanda Araújo, da cavaquinista e banjoísta Kelly Adolpho, da cavaquinista Camila Silva e da sanfoneira Cimara Fróis. Angela Coltri, que participou da criação dos arranjos de flautas, também fez parte das gravações, assim como Samuel da Silva, no violão sete cordas.
Ficha técnica | Samba de Dandara (2020)
Gravação entre outubro e novembro de 2019 por Beto Mendonça no Estúdio 185 Apodi
Mixagem e masterização: Beto Mendonça
Direção musical: Samuel da Silva
Produção musical: Laís Oliveira
Produção executiva: Amanda Lima
Assistência de produção: Mariana Torres
Arranjos de sopro: Angela Coltri (Artimanhas, Canta, Entre o Ayê e o Orum, Para Amélia e Emília), Angela Coltri e Mariana Rhormens (Menina Guerreira, Pé de Moça), Mariana Rhormens e Felipe Matheus (Pranto de Carnaval, Xaxado pra Iansã), Laura Santos (Estação Crise, Samba à Toa)
Arranjos de percussão: Júlio César (Estrela Negra, Menina Guerreira, Quilombo)
Arte de capa: “Dandaras”, por Elifas Andreato
Projeto gráfico: Laura Andreato
Fotos: Daniel Oliveira
Concepção de figurino: Rose Scarpelli
Figurino: Casa Cléo, Maria Mariá e Xodó da Preta
Repertório
- A Força da Mulemba | Part. Maria Helena Embaixatriz (Maria Helena Embaixatriz)
- Canta (Carol Nascimento)
- Quilombo | Part. Fabiana Cozza (Jackeline Severina e Maíra da Rosa)
- Samba à Toa (Maíra da Rosa)
- Para Amélia e Emília (Maira Ranzeiro)
- Pé de Moça (Felipe Matheus, Maíra da Rosa e Mariana Rhormens)
- Estrela Negra (Karina Adorno, Laís Oliveira e Renato Dias)
- Pranto de Carnaval (Aninha Batucada, Lucas Laganaro e Renato Dias)
- Estação Crise (Laurinha Guimarães e Maíra da Rosa)
- Entre o Ayê e o Orum (Maíra da Rosa)
- Artimanhas (part. Raquel Tobias) (Raquel Tobias)
- Menina Guerreira (Felipe Matheus, Maíra da Rosa e Mariana Rhormens)
- Xaxado pra Iansã (Alisson Lima e Mariana Rhormens)
- Dandaras, Filhas de Akotirenes | Part. Ilú Obá de Min (Mariana Rhormens e Maíra da Rosa)
Sobre o Samba de Dandara
Samba de Dandara é samba de empoderamento e exaltação às mulheres sambistas, às grandes compositoras, às grandes intérpretes, às guerreiras do samba. A concepção de Samba de Dandara carrega o peso e a inspiração de Dandara, mulher negra, guerreira e referência histórica na luta contra a escravização. Carregar esta marca significa homenagear e promover a resistência feminina e negra sob a forma de uma representação musical que passeia por ritmos afro-brasileiros, sobretudo o samba em suas diversas vertentes – ijexás, afoxés, pontos de candomblé e umbanda. A banda propõe debates sobre ancestralidade e protagonismo feminino. Maíra da Rosa (voz), Laís Oliveira (cavaco), Laurinha Guimarães (violão), Mariana Rhormens (flauta e percussão), Ana Lia Alves (percussão), Tati Salomão (percussão) e Kamilla Alcântara (percussão).
Sobre Natura Musical
Natura Musical é a principal plataforma de patrocínio da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 159 milhões no patrocínio de 460 projetos – entre CDs, DVDs, shows, livros, acervos digitais, documentários e projetos de fomento à cena. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2020, o edital do programa selecionou 43 projetos em todo o Brasil. A plataforma digital do programa leva conteúdo inédito sobre música e comportamento para mais de meio milhão de seguidores nas redes sociais. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, realizando apresentações online, bate-papos e conteúdos exclusivos ao longo de 2020.