Sala VIP

“Precisamos de legislação para frear essa violência contra os LGBTs”, diz Márcia Freire

Genilson Coutinho,
10/11/2017 | 22h11

A cantora Márcia Freire realizada neste domingo (12), no Dec da Amsterdam Salvador mais uma edição do projeto “Pra te Balançar” que receberá como convidadas as cantoras Márcia Short e Laurinha umas das grandes apostas para os ensaio de verão na capital baiana. Mesmo na correria do ensaio, a cantora falou ao Dois Terços sobre carreira, projetos, emoções e da sua relação com a comunidade LGBT e da urgência da criminalização da homofobia no Brasil. O “furação loiro” também contou dos grandes momentos no carnaval e da sua relação com os fãs .

Dois Terços. Como nasceu a ideia do show “Pra Te Balançar” ?

Márcia Freire. Já era uma intenção minha de muito tempo fazer um projeto meu, com a minha cara para o verão. Este ano, o Fred Soares me instigou a criar algo exclusivo para mim, então foi oportuno. Há muito tempo que meus fãs pediam um show que resgatasse minha história e o “Pra Te Balançar” é justamente isso, uma grande celebração de minha carreira e um encontro com quem sempre me acompanhou.

DT. O primeiro show causou o maior burburinho na cidade. O que você está preparando para o próximo, já tem algum convidado fechado?

MF. Sempre teremos músicas novas no show. A cada edição teremos releituras de clássicos da minha carreira e por isso um show vai ser sempre diferente do outro. E de convidados teremos sempre artistas que tem relação com minha carreira, alguma conexão. Neste segunda (13) trarei Marcia Short para relembrar alguns hits da Banda Mel e Laurinha Arantes, a primeira cantora da Banda Cheiro de Amor.

DT. Além das saudades, o que você traz na memória dos seus desfiles memoráveis no circuito do Carnaval?

MF. A troca de olhares com o público. É muito gratificante de cima acompanharmos a emoção dos foliões, cantando suas músicas e se divertindo. Essa sinergia é o que faz a gente continuar seguindo.

DT. Cada vez mais o número de mulheres no cenário do carnaval baiano tem diminuído. Como você tem observado esse cenário?

MF. Acho que seja uma fase. Existem muitas cantoras novas que estão se preparando, estudando para entrar em cena. Temos muitas cantoras em bares fazendo um som massa, a espera de uma oportunidade. Mas de fato os homens estão predominando neste momento, mas encaro isso como uma fase, porque se formos observar nos anos 90 e 2000, a predominância era de mulheres: Laurinha, Sarajane, eu, Marcia Short, Margareth Menezes, Alobened, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Catia Guimma, entre outras.

DT. Você não tem a mesma exposição na mídia do início da carreira, mas mantêm uma agenda de shows por todos os país. Como você consegue manter essa rotina com a ausência da mídia?

MF. Os tempos são outros, e a mídia ajuda as pessoas a estarem conectadas com seu trabalho. Mas o que mantêm um artista é a musica, sua trajetória. Meu repertório fala por si. A prova disso é este projeto, no qual resgato músicas dos anos 80 e 90 e todo mundo canta. Existe um grande mercado que sobrevive além da mídia, porque valorizam justamente sua música. Sabemos que a mídia é fundamental, mas também não é a base.

DT. Qual foi o maior desafio na sua carreira diante dos preconceitos contra as mulheres principalmente por ser um mercado de predominância masculina?

MF. Confesso não ter tido esse reflexo de preconceito comigo. No começo da carreira quando isso era mais resistente, já estava à frente disso, pois nossa música já era mais espontânea. Sempre usei figurinos desprendida de rótulos e justamente por fazer um som tão alegre e livre de definições,  sempre me senti livre com isso.

DT. Você tem uma relação muito forte com a comunidade LGBT desde do início da sua carreira. Como você tem visto essa violência contra a comunidade LGBT nos últimos anos no Brasil?

MF. É uma situação alarmante e preocupante. Justo nós que sempre fomos um país que propaga a liberdade de expressão. E me preocupa muito o fato de não termos efetivamente uma legislação penal que criminalize essa violência exacerbada que temos contra a população LGBT. Precisamos caminhar urgentemente com uma legislação que proteja contra esse quadro alarmante de violência contra a população LGBT.

DT. E o carnaval quais são os planos?

MF. No carnaval estarei em Salvador, com dois projetos que iremos anunciar em janeiro. Um deles é um trio independente e o outro um projeto que envolve outros artistas, nos demais dias tocarei fora de Salvador. Após o carnaval devemos retomar com uma curta temporada de inverno do projeto “Pra te Balançar”. Quem sabe um “Pra Te Aquecer” (risos).

Serviço:

Márcia Freire em “Pra Te Balançar”

Participação: Márcia Short e Laurinha Arantes

Data: 12 de Novembro

Horário: 15h

Início do Show: 17h

Local: Deck da Amsterdam – Mirante dos Aflitos

Ingressos 1º Lote – R$ 40,00 (acesso com open bar de água, refrigerante e vodka até às 17h) ou R$ 60,00 (consumíveis)

Vendas no site sympla.com.br ou no local no dia do evento