Pesquisa revela que soteropolitanas não se incomodam em dividir o banheiro com uma mulher transexual; confira
Para celebrar o Dia da Visibilidade Trans, comemorado nesta sexta-feira (29), o site Dois Terços divulgou uma pesquisa sobre o direito ao uso do banheiro feminino pelas mulheres transexuais, na capital baiana.
Mesmo com todas as conquistas, o preconceito e a transfobia continuam no dia a dia das mulheres transexuais, na capital baiana. Meio a essa polêmica, o Dois Terços perguntou a mulheres cis soteropolitanas se as mulheres transexuais devem utilizar o banheiro feminino: 89,2% disseram que não se incomodam, 10,8 % que sim. A pesquisa também perguntou: você se sentiria bem usando um banheiro coletivo? Das entrevistadas, 54,1% disseram que sim, e 45,9% responderam que não.
Sobre a criação de uma lei para regulamentar o uso do banheiro feminino pelas mulhers trans, 66,4% das mulheres entrevistadas aprovam a criação de uma lei, e 33,6% discordam.
A amostra contou com mulheres de 16 a 70 anos, residentes da Pituba ao Subúrbio, onde 15,2 % tem ensino fundamental completo, 32,9 % declaram ter nível superior, 19% são pós-graduadas, e 15,2% declararam ter ensino médio completo.
Conversamos com a jornalista Bia Mathieu sobre os números da pesquisa, que trouxe uma reflexão importante, mesmo diante dos números que a sociedade ainda mantém vivos, com o preconceito e com a dificuldade da sociedade em reconhecer os direitos das pessoas trans e travestis.
“Isso é reflexo de que, quase 11% das entrevistadas ainda são mulheres preconceituosas, que enxergam o “ser mulher” baseado na genitália. Mostra que essas pessoas não reconhecem mulheres trans e travestis como iguais, e isso é preocupante, pois as travestis e transexuais usando banheiro masculino é algo sem contexto, que fere o nosso direito. Sem contar as chances de sofrermos agressões físicas, verbais, psicológicas e assédios. Nos negar esse direito é mais uma agressão entre tantas estabelecidas pela cisheteronormatividade. Chega de retrocesso, somos as mulheres que construímos e isso não pode ser tirado de nós”, relata Bia Mathieu, jornalista, ativista, mestranda em cultura e sociedade da Ufba
A produtora de audiovisual e roteirista, Carollini Assis, pontua que é direito garantido pela Constituição, e cada pessoa deve utilizar o banheiro que se sinta confortável, e que para ela não há nenhum problema ou incômodo em utilizar o mesmo banheiro: “o direito à igualdade é constitucional. Acredito que as pessoas trans devam usar o banheiro no qual se sentem confortáveis e se identificam. A mim não causa nenhum incômodo dividir o banheiro com uma mulher trans, não tenho nenhum tipo de preconceito ou insegurança, e acredito que a sociedade deva evoluir para a diversidade e o respeito às pessoas em suas múltiplas identidades”, sinalizou Carollini.
Além dessa luta diária contra a transfobia, o 29 de janeiro é um momento de reivindicar e resistir aos números alarmantes de pessoas transexuais e travestis assinadas no Brasil.