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Peça “Pelada” estreia no RJ com narrativas humoradas e artísticas de gays do subúrbio carioca

Redação,
09/04/2023 | 20h04
Foto: Divulgação

Idealizada em meio à pandemia para ser um espetáculo audiovisual veiculado na internet, “Pelada” passou do meio de campo virtual, ganhou acréscimos, e foi para os palcos. Escrita por Eudes Veloso e sob direção de Orlando Caldeira, que desenvolveu a dramaturgia com Eudes e Patrick Sonata, a peça inédita traz na raiz o tom de comédia que, sem ridicularizar, cria e brinca com estereótipos para contar uma típica história do subúrbio carioca, evidenciando toda sua beleza e potência. Do cruzamento da clássica pelada heterossexual com a “gaymada” (adaptação do tradicional “jogo de queimado” pelos gays periféricos), “Pelada” estreia neste domingo (08), às 20h, no Teatro Gláucio Gil. A montagem que apresenta os bastidores da disputa de dois times pelo uso do Campo do Furão – um campo que existe, de fato, em Olaria.

“’Pelada’ faz parte de um projeto chamado ‘Trilogia de Subúrbio’, que tem o intuito de falar sobre as narrativas da região como histórias extraordinárias a partir do ponto de vista da arte. Eu e o Eudes somos crias de Olaria, meu pai era juiz de futebol neste campo e eu cresci o acompanhando nesses jogos. Embora não goste de futebol, ficava muito atento às histórias. E nada mais emblemático para iniciar esta trilogia do que falar sobre a pelada, que não só movimenta todo o bairro, como toda uma rede de relações que existe ali – e que vai para além do jogo”, conta Orlando. Além do clima de disputa pelo campo, entra em cena também as divergências entre os jogadores – algumas vezes, até no vestiário. E momentos de estranhamento entre gays e héteros se fazem presente na história. “A gente escolhe, a partir do riso, mostrar o ridículo do ser humano. Nesse caso, estamos falando do ridículo desta heterossexualidade que precisa ser revisada e que só atrapalha o desenvolvimento pessoal de cada um, inclusive do homem hétero a expressar suas subjetividades”, antecipa o diretor.

Embora seja bastante popular em alguns bairros no subúrbio, sendo disputado até em torneios e campeonatos regionais, a ‘gaymada’ ainda é desconhecido por muitas pessoas. “No elenco temos dois atores que praticam a gaymada já há algum tempo – o Aleh Silva e o Guilherme Canellas. Eles são artistas circenses oriundos da Baixada Fluminense e acho importante que tenhamos o lugar de legitimidade da fala deles, que são praticantes, apresentando esta cultura para além de um esporte, mas também como um espaço de resistência”, ressalta Caldeira. Buscando revelar a beleza e a poesia do povo suburbano, promover a identificação e conexão de moradores do subúrbio com uma obra artística criada a partir de histórias sobre seus cotidianos, o espetáculo pretende ainda trazer para a cena a potência de novos artistas pretos também vindos do subúrbio carioca, com suas próprias narrativas e vivências. Neste grupo estão Adriano Torres, Aleh Silva, Digão Ribeiro, Eudes Veloso, Guilherme Canellas, Ipojucan, Lucas Sampaio, Raphael Elias e Rodrigo Átila.

Serviço O que: “Pelada”; Temporada: 08 a 30 de Abril (Sábado e Domingo, às 20h); Onde: Teatro Gláucio Gill (Praça Cardeal Arcoverde, s/n – Copacabana); Ingresso: Venda aqui | R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada).

Do GayBR