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Palestras virtuais do Festival SSA Adapta.LAB reúnem especialistas em adaptação para cinema, teatro e TV

Redação,
15/03/2021 | 20h03
(Foto: Divulgação)

O SSA Adapta.LAB – Festival de Escrita Criativa realiza, entre os dias 16 e 20 de março, sempre às 9h, uma série de palestras virtuais, com abordagem de temas relacionados à adaptação de obras literárias para o cinema, teatro e TV, além de discutir as implicações jurídicas ao se pretender adaptar uma obra. Entre os convidados, o proeminente produtor audiovisual Rodrigo Teixeira, ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado com “Me chame pelo seu nome”, os cineastas Heitor Dhalia, Cecília Amado, Orlando Senna, Alexandre Serafini, os escritores Joca Terron, Saulo Ribeiro, Aleilton Fonseca, Marcelo Quintanilha, além do advogado Diego Medeiros (consultor jurídico dos filmes “Aquarius” e “Bacurau”), a atriz Deusi Magalhães e os dramaturgos e diretores teatrais Edinilson Motta Pará e Gil Vicente Tavares. A programação é aberta ao público, gratuita e interativa, e pode ser acompanhada pelo YouTube www.youtube.com/SSAAdaptaFestival

Confira a programação completa:

Dia 16/03, às 9h, palestra virtual “A literatura e os desafios da adaptação”, abordando a adaptação para o cinema do HQ “Tungstênio”, com as participações do escritor e roteirista Marcello Quintanilha e do cineasta Heitor Dhalia.

Lançado em 2014 pela editora Veneta, “Tungstênio” gira em torno de um dia na vida de um policial, sua esposa, um traficante e um ex-sargento na cidade de Salvador, que terão suas vidas envolvidas a partir de um crime ambiental. Em 2018, a obra foi adaptada para os cinemas, com o roteiro do filme tendo sido escrito pelo próprio Quintanilha, ao lado de Marçal Aquino e Fernando Bonassi.

O livro ganhou edições em diversos países como Alemanha, Espanha, França, Polônia e Portugal. Pela obra, Quintanilha foi agraciado em 2015 com o Prêmio HQ Mix, na categoria Roteirista Nacional. No ano seguinte, o quadrinho recebeu o prêmio “Polar SNCF”, de melhor história policial, no Festival de Angoulême. Em 2017, ganhou o prêmio alemão Rudolph Dirks Award nas categorias Melhor Roteiro/América do Sul e Melhor Desenho/América do Sul.

Ainda no dia 16, às 11h, um dos encontros mais esperados do evento, entre o produtor brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features, e o escritor Joca Terron. O tema da palestra será “O que transforma um livro em filme?”.

Rodrigo Teixeira esteve à frente de longas-metragens como O Cheiro do Ralo, Tim Maia, Alemão, Heleno, Abismo Prateado e O Animal Cordial. No mercado internacional, produziu premiados filmes como Me Chame Pelo Seu Nome, Frances Ha, Love e A Bruxa. Desde 2016, é integrante da Academia de Arte e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Com a produção de Me Chame Pelo Seu Nome foi indicado ao Globo de Ouro e disputou quatro estatuetas no Oscar 2018, tendo arrebatado a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado. Em 2019 teve três filmes selecionados para o Festival de Cannes, incluindo A Vida Invisível de Karim Aïnouz, vencedor do prêmio Un Certain Regard e escolhido para representar o Brasil no Oscar em 2020, The Lighthouse do diretor Robert Eggers, estrelado por Robert Pattinson e Willem Dafoe, ven-cedor do prêmio da crítica internacional FIPRESCI, e Port Authority de Danielle Lessovitz. Estreou no festival de Veneza com os longas The Wasp Network, dirigido por Olivier Assayas e estrelado por Wagner Moura, e Ad Astra, ficção científica dirigida por James Gray e protagonizada por Brad Pitt.

Joca Terron é um poeta, prosador, artista gráfico e editor. Formou-se em Desenho Industrial na UNESP, foi criador e editor da cultuada editora Ciência do Acidente que resgatou nomes importantes da literatura brasileira do final do século XX. Seus textos integram diversas antologias nacionais e estrangeiras. Em 2013, Terron organizou a coleção Otra Língua, pela editora Rocco, que lançou no Brasil nomes como Mario Levrero, Horacio Moya, Cesar Aira, entre outros. Sua penúltima obra Noite dentro da noite foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura na categoria Romance. A última foi lançada em 2019, o romance “A Morte e o Meteoro”, pela editora Todavia.

Dia 17/03, às 9h, palestra virtual “Adaptações, Franquias e Modelos de Negócio – Case “Os Incontestáveis”, reúne o escritor capixaba Saulo Ribeiro e seu conterrâneo, Alexandre Serafini, diretor, produtor e roteirista de “Os incontestáveis” – obra que serviu de inspiração para o romance homônimo de Saulo, com base no roteiro do filme, escrito por ambos.
O pano de fundo do romance é um acontecimento histórico muito pouco conhecido: a criação do Estado União de Jeová, uma unidade federativa provisória brasileira, sem autorização da União, entre 1952 e 1953. O que ocorreu durante as agitações campesinas que envolveu as polícias militares do Espírito Santo e Minas Gerais e membros da comunidade sócio-religiosa de caráter messiânico, liderada pelo católico baiano Udelino Alves de Matos.

“As obras têm em comum o espírito anárquico e inconformado. Rebelde, revoltado. Os dois irmãos mergulham nos excessos em busca de uma existência menos vazia, entediada, mas sem saber exatamente o que fazer. Uma visão de mundo particular, mas recheada de pesadelos comuns a todos nós”, descreve o escritor.

Dia 18/03, às 9h, palestra virtual “Adaptação literária para palcos – Cases “Nhô Guimarães” e “Sargento Getúlio”, com quatro artistas que vivem essa experiência com muita frequência e profundidade: a atriz Deusi Magalhães, o escritor Aleilton Fonseca e os diretores teatrais Gil Vicente Tavares e Edinilson Motta Pará.

A experiência da adaptação que deu origem ao monólogo “Nhô Guimarães”, interpretado pela atriz Deusi Magalhães, foi construída a partir da obra de mesmo nome, do escritor baiano Aleilton Fonseca. Uma homenagem do autor aos 50 anos do livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Já “Sargento Getúlio”, romance de João Ubaldo Ribeiro (Prêmio Jabuti de 1972), adaptado como monólogo pelo grupo Teatro NU, ganhou o Prêmio Braskem de Teatro 2011, como Melhor Espetáculo. A montagem também rendeu ao ator Carlos Betão o prêmio de Melhor Ator. A obra regionalista retrata o banditismo no sertão e usa uma linguagem repleta neologismos.

Dia 19/03, às 9h, o assunto é “Autoria e direitos de propriedade intelectual na adaptação”, na palestra virtual ministrada por Diego Medeiros (Advogado, consultor jurídico do filme “Bacurau”). Medeiros vai abordar o que é necessário legalmente para se realizar uma adaptação, desde a necessidade ou não de autorização do autor do original ou de seus descendentes até implicações comuns que geralmente acontecem por falta de acompanhamento jurídico da prática.

Diego Medeiros é sócio-fundador do escritório Sales e Medeiros Advogados. Formado em Direito na Faculdade de Direito (UFPE), pós-graduado em Direito Contratual (UFPE) e mestre em Indústrias Criativas pela Universidade Católica de Pernambuco. O advogado possui larga experiência em assessoria e consultoria para cinema, audiovisual e projetos artísticos, há mais de 15 anos. E prestou consultoria jurídica aos filmes AQUARIUS (Cannes, 2016) e BACURAU (Cannes, 2019, vencedor do prêmio de melhor filme do júri oficial), dentre outros.

No dia 20/03, às 9h, o cineasta e ex-secretário do audiovisual, Orlando Senna, e a cineasta e diretora do filme “Capitães da Areia”, Cecília Amado, abordam o tema “Adaptação literária para o cinema”.

Orlando Senna é diretor e roteirista dos filmes “Brascuba”, “Iracema – Uma Transa Amazônica”, “Gitirana”, “Idade da Água”, “Longe do Paraíso” e “Diamante Bruto”, adaptação do romance “Bugrinha”, do conterrâneo Afrânio Peixoto. Foi roteirista de “O Rei da Noite”, “Coronel Delmiro Gouveia”, “Ópera do Malandro”, com Chico Buarque, e ex- Secretário Nacional do Audiovisual e ex-diretor da Escola de Cinema de Cuba.

A diretora Cecília Amado iniciou sua carreira em 1995 e atuou durante 15 anos como assistente de direção no cinema e na tv. Roteirizou seu primeiro longa-metragem, Capitães da Areia (2011), e desde então está à frente da produtora Tenda dos Milagres, onde dirigiu filmes como “Onde Dorme os Sonhos” e “Tempestade Emocional”, além de séries como “Da Manga Rosa”, “Meu Irmão Nerd”, “Toda Menina Baiana”, entre outras. Atua também como produtora, roteirista e arte-educadora.

Para esta edição, o Festival SSA Adapta.LAB tem apoio institucional da Academia de Letras da Bahia, SPCine e da Associação Brasileira de Autores Roteiristas (ABRA). O apoio financeiro é do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.