O sentimento de culpa e ansiedade nas mulheres
O mês de março é representado como o mês da mulher, tendo uma data para comemorar o dia internacional da mulher. Nesse dia todas as mulheres costumam ser homenageadas, mas, precisamos lembrar que ao longo dos 365 dias do ano, as mulheres travam batalhas diárias, e muitas vezes ficam sobrecarregadas.
Pesquisas apontam que ao longo dos últimos anos, pelo menos 80% das mulheres relataram a dificuldade de dar conta das tarefas diárias, aumentando o cansaço, a ansiedade e o sentimento de culpa, quando não conseguem dar conta de tudo.
Vivemos numa sociedade patriarcal, onde geralmente o homem é visto como chefe de família e o provedor da casa, mas, ainda que apegados a essa lógica, os tempos são outros, e hoje a mulher precisa dar conta de todas as tarefas do lar, cuidar dos filhos e ainda saem para trabalhar, muitas vezes colaborando para o sustento da casa.
A psicóloga Bianca Reis, relata que: “diante de tantas demandas, as mulheres carregam um sentimento muito grande de culpa, quando não conseguem dar conta de todas as tarefas, e com isso, a ansiedade vem aumentando muito, para esse gênero”.
Apesar de muitos avanços e direitos adquiridos ao longo dos anos, ainda precisamos lutar pela viabilização dos direitos das mulheres e promover a saúde da mulher, sobretudo a saúde mental, que ainda não atingiu a importância devida na nossa sociedade.
“A dificuldade e o desafio de conciliar a maternidade, a vida profissional e toda jornada diária das atribuições que a sociedade designou para a mulher, quando não executada por ela, vira um sentimento de culpa e frustração, comprometendo assim, a saúde mental da mesma”, afirma a psicóloga Bianca Reis.
O medo do julgamento por não conseguir executar as tarefas, faz com que as mulheres acreditem que vão fracassar, se cobrem demasiadamente e entre num processo de ansiedade, que muitas vezes elas não conseguem dar conta sozinha. É importante que esse sentimento de culpa, por medo de não dar conta das tarefas seja dialogado, falar sobre o que sobrecarrega e machuca não é fácil, mas, é necessário, pois o que não vira palavra, vira sintoma, e afeta a saúde mental.
“É preciso olhar para as mulheres não só no mês de março, não só no dia internacional das mulheres, mas, todos os dias. As mulheres não precisam e nem querem ser guerreiras o tempo todo, é preciso respeito, acolhimento e atenção com as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia” finaliza Bianca Reis.
Sobre Bianca Reis
Psicóloga 03/11.152 do CRE-TEA, Psicoterapeuta, Palestrante e Facilitadora de Grupos. Bianca é Mestra em Família, Especialista em Psicoterapia Junguiana e Pós graduada em Estimulação Precoce e pós graduanda em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Atua há 9 anos na área clínica, tratando de pacientes com demandas voltadas aos relacionamentos familiares e românticos, sexualidade, gênero, infância, ansiedade, depressão e outras importantes questões psicológicas e humanas.