Número de assassinatos de pessoas trans e travestis no Brasil cai 16% em 2024
Em 2024, 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). O número representa uma redução de 16% em relação a 2023, quando foram registradas 145 mortes. Apesar da queda, a Antra alerta que os dados ainda são preocupantes, já que o número permanece próximo à média anual de 125 casos, registrada entre 2008 e 2024. A divulgação dos dados antecede o Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, data que reforça a importância de reconhecimento e luta da população trans contra a violência e discriminação.
Cinco das vítimas de 2024 eram defensoras de direitos humanos, incluindo uma suplente de vereadora e uma candidata a cargo político. A maioria das pessoas assassinadas eram travestis ou mulheres trans (95,9%), enquanto apenas cinco casos envolveram homens trans ou pessoas transmasculinas.
Subnotificação persiste
A Antra destaca que os dados coletados pelo dossiê não são devidamente acompanhados pelos órgãos oficiais, o que evidencia um problema de subnotificação. “Embora uma ocorrência chegue aos noticiários, ela nem sempre é registrada pelas delegacias ou pelos institutos médicos legais (IMLs). O Fórum Brasileiro de Segurança Pública já apontou a inconsistência de informações sobre violência contra pessoas LGBTQIA+ nos dados oficiais”, afirmou a associação.
Desde 2008, foram confirmados ao menos 1.179 assassinatos de pessoas trans no Brasil, com os anos de 2017 e 2020 registrando os maiores números: 179 e 175, respectivamente.
Estados mais violentos
São Paulo foi o estado com mais casos em 2024, com 16 assassinatos, seguido por Minas Gerais (12) e Ceará (11). Não houve registros em Acre, Rio Grande do Norte e Roraima. Além disso, 68% das ocorrências (83 casos) aconteceram em cidades do interior, fora das capitais.
No acumulado de 2017 a 2024, São Paulo também lidera o ranking nacional, com 151 casos, seguido pelo Ceará (107) e pela Bahia (97).
Contexto global
O Brasil continua sendo o país com o maior número de assassinatos de pessoas trans no mundo. Desde 2008, o número de casos mais que dobrou, saltando de 58 para 122 em 2024, segundo dados da organização Transgender Europe.
Apesar da redução registrada em 2024, a Antra reforça que a violência contra pessoas trans e travestis no Brasil ainda é alarmante e exige políticas públicas mais eficazes para combater a transfobia e proteger vidas.