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Museu de Arte da Bahia (MAB) redefine identidade e inaugura três exposições voltadas à inclusão e representatividade

Genilson Coutinho,
17/12/2025 | 13h12

Foto: Genilson Coutinho

O Museu de Arte da Bahia (MAB) inaugura, na quinta-feira (18), às 18h, três exposições de longa duração que marcam uma nova etapa na relação do museu com seu acervo e com o público. As mostras Tradição e Invenção, A Arte de Presciliano Silva e A Pintura de Manoel Lopes Rodrigues traduzem o novo posicionamento curatorial da instituição, que busca se afirmar como um organismo dinâmico, plural e conectado às demandas contemporâneas.

A mudança rompe com a estética tradicional do século XIX, marcada pelo imaginário doméstico das elites. Agora, o museu passa a trilhar um caminho mais inclusivo e representativo. A revisão expográfica surge da percepção de que a antiga proposta não refletia a diversidade de públicos da Bahia. O objetivo é ampliar narrativas e valorizar agentes historicamente invisibilizados,  entre eles artesãos, trabalhadores e artistas marginalizados.

“O MAB não pode ser apenas um espaço de contemplação da elite. Ele precisa refletir as múltiplas Bahias que nos constituem”, afirma a historiadora e mestre em museologia Camila Guerreiro, integrante da Comissão Curatorial do Acervo.

O diretor do MAB, Pola Ribeiro, reforça que a revisão conceitual é resultado de uma reflexão profunda sobre o papel de um museu no século XXI: “estamos nos abrindo para novas frentes, furando bolhas, aproximando o público tradicional do MAB e também aqueles que antes não se reconheciam aqui.”

A nova curadoria propõe uma leitura crítica das formas de exibição do acervo, buscando aproximar as obras das discussões contemporâneas — especialmente no que diz respeito à representatividade étnica e ao protagonismo de mulheres artistas. O processo inclui a valorização dos múltiplos sentidos e contextos que atravessam a coleção.

Tradição e Invenção

Reunindo mais de 150 obras da pinacoteca, além de oito peças emprestadas de outras instituições e artistas contemporâneos , como Tiago Sant’Ana e Mike San Chagas, a mostra revisita a tradição das artes plásticas baianas do período barroco ao século XX. O diálogo entre obras históricas e contemporâneas permite tensionar o conceito de invenção, ampliando leituras sobre permanências, rupturas e transformações estéticas.

Um dos destaques é a ênfase na produção de artistas negros, evidenciando o alto nível técnico e expressivo de criadores que, no pós-abolição, precisaram afirmar publicamente sua autoria como estratégia de legitimação e reconhecimento.

A Arte de Presciliano Silva e A Pintura de Manoel Lopes Rodrigues

As duas exposições dedicam-se a artistas com mais obras no acervo do MAB, reunindo trabalhos essenciais de suas trajetórias e de seus contextos históricos. As mostras apresentam uma visão abrangente das contribuições de Presciliano Silva e Manoel Lopes Rodrigues para a arte baiana, destacando sua relevância no panorama pictórico nacional.

A concepção e a curadoria das três exposições são assinadas pela Comissão Curatorial do Acervo do MAB, formada por profissionais do museu e por docentes da Universidade Federal da Bahia – UFBA (Alejandra Muñoz, Dilson Midlej e Joseania Freitas) e da Universidade do Estado da Bahia – UNEB (Lysie Reis e Sandra Rosa), cuja atuação reforça o olhar crítico e contemporâneo do novo projeto.

Serviço

Abertura das exposições de longa duração: Tradição e Invenção, A Arte de Presciliano Silva e A Pintura de Manoel Lopes Rodrigues

Data: 18 de dezembro de 2025 (quinta-feira)

Hora: 18h

Local: Museu de Arte da Bahia (MAB) – Corredor da Vitória