Mott cobra de Dilma liberação kit Antihomofobia

Genilson Coutinho,
29/01/2012 | 12h01

Luiz Mott entrega carta de protesto a Presidenta Dilma na Celebração do Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto

 

Luiz Mott entrega carta de protesto a Presidenta Dilma na Celebração do Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto em Salvador denunciando homofobia do governo federal e estadual

Hitler enviou para os campos de concentração mais de 300 mil homossexuais, segundo dados da Cruz Vermelha. No Brasil, nos últimos trinta anos, mais de 3.500 gays, travestis e lésbicas foram cruelmente assassinados, vítimas da homofobia cultural. De um “homocídio” a cada 3 dias na década anterior, em 2011 um LGBT foi assassinado a cada 36 horas e neste primeiro mês 2012, a homofobia aumentou a níveis insuportáveis: todo dia um homossexual é assassinado, fazendo do Brasil o campeão mundial de crimes homofóbicos.

Além da homofobia cultural, fruto do machismo e intolerância religiosa, vivemos inaceitável  homofobia governamental: o veto da Presidenta Dilma ao Kit AntiHomofobia – aprovado pela Unesco e Conselho Federal de Psicologia, por chantagem de fundamentalistas evangélicos – deixou mais de 6 milhões de adolescentes sem informação vital sobre direitos humanos e de como erradicar o bullying que fere e provoca a evasão de tantas transexuais e travestis das escolas. A não implementação de um banco de dados oficiais sobre crimes contra homossexuais, prevista no Plano Nacional de Direitos Humanos II representa gravíssimo crime de prevaricação e homofobia federal, já que a impunidade estimula novos assassinatos de LGBT.

A Confederação Israelita do Brasil e a Sociedade Israelita da Bahia ao convidarem o fundador do Grupo Gay da Bahia, Prof. Luiz Mott, a acender uma das sete velas da Menorá, o cerimonial Candelabro Judeu, no dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto,  além de manifestar sua solidariedade aos demais grupos perseguidos pelo Nazismo  – negros, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová – provoca a discussão sobre a urgência de estancar essa persistente crueldade contra as mesmas minorias sociais que continuam vítimas da intolerância contemporânea.

A entrega deste documento à  Presidenta da República nesta celebração é a ocasião ideal para o Estado Brasileiro repensar estratégias e ativar políticas públicas eficazes para mais de 20 milhões de brasileiros e brasileiras homossexuais e transgêneros cuja esperança de vida vem diminuindo dramaticamente  no atual governo federal e estadual: na Bahia, neste mês já foram assassinados oito LGBT, pelo sétimo ano campeã nacional de homocídios.

Presidenta Dilma e Governador Wagner: vossas inexistentes ou tímidas políticas públicas para a comunidade LGBT não estão dando certo! Não sejam cúmplices de tanto sangue gay derramado!  Como disse a Senadora Martha Suplicy, “piorou a situação dos homossexuais no Brasil. Enquanto na Argentina tem casamento gay, no Brasil há espancamento!”

É no mínimo contraditório a Presidenta Dilma acender mais uma vela pelos mortos no Holocausto e continuar insensível ao Homocausto que todo dia ceifa a vida de um homossexual no país.

O Grupo Gay da Bahia exige a liberação imediata do Kit Antihomofobia, realização de campanha nacional de impacto contra crimes homofóbicos, criação de banco de dados sobre violência letal e não letal contra homossexuais e implementação em todos os estados da Coordenadoria e Conselho LGBT.

Fonte: GGB

Foto: Genilson Coutinho