A discussão sobre diversidade e inclusão ganha amplo apoio nas redes sociais, programas de tv, comerciais e propagandas. Eventos e paradas do Orgulho LGBTQIAPN+, em todo o mundo, no mês de junho, empunham a bandeira da diversidade com as cores do arco-íris. No Brasil, não é diferente. Considera-se, além disso, o avanço da agenda ESG. Algumas empresas criaram setores e núcleos desenvolvidos exclusivamente para atender ao desenvolvimento destas práticas e à inclusão de pessoas que se identificam com a sigla.
Segundo Oldiversity, estudo realizado pela Croma Consultoria, integrante do Grupo Croma, o número de pessoas que declara aceitar a diversidade aumentou de 77% para 80%, comparado à segunda edição do estudo, de 2020. A parcela que acredita que a diversidade deve fazer parte das empresas e marcas aumentou significativamente: de 70% para 78%.
Para Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do estudo, “esses dados são um indicativo claro de que a população deseja ver mais diversidade no cotidiano das marcas. Isso implica que as empresas têm a preciosa e grande oportunidade de abraçar a diversidade como fonte inesgotável e inestimável de inovação. E isso não se resume ao marketing, comunicação e produtos. Antes de tudo, empregabilidade. Vamos direto ao S do ESG.”, explica.
Podemos claramente identificar esta agenda na parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de São Paulo. Em 2013, a organização se manifestou publicamente sobre a falta de apoio para o evento daquele ano, destacando que as empresas tinham receio de associar as suas marcas ao público da comunidade. Dez anos depois, em junho de 2023, o evento contou com o patrocínio de 19 marcas – seis a mais que em 2022.
O segmento de beleza e cosméticos é o que tem mais lembrança de propaganda associada à diversidade, enquanto demais segmentos não criam memorabilidade sobre o tema. O estudo revelou que 56% dos entrevistados não se recordam das propagandas que abordam a diversidade. Entre os 44% dos que se lembram de propagandas de alguma marca que aborda o tema, 38% mencionaram Natura, 30% lembraram de O Boticário e 19% de Avon.
Bulla ressalta que “incluir elementos diversos e representar efetivamente a diversidade nas propagandas estampa a pluralidade do cotidiano, que é natural e deve ser valorizado. Marcas desempenham um papel importante na desconstrução de estereótipos, preconceitos e discriminações para o brasileiro. Essa demanda é ainda mais latente para os LGBTQIAPN+, que trazem no estudo o maior índice de associação em relação ao atributo ‘machismo’ na propaganda”.
Ainda de acordo com os dados do estudo, 21% dos respondentes declaram que a publicidade que eles veem é preconceituosa e esta parcela é significativamente maior entre os entrevistados que se declaram LGBTQIAPN+ (27%). Por outro lado, vemos que 49% dos brasileiros gostam de propagandas que mostram cenas de diversidade. Apenas 35% das pessoas consideram que as marcas enfrentam riscos ao falar sobre diversidade e 34% acham que elas correm riscos ao associarem suas imagens ao público LGBTQIAPN+ de maneira explícita. Isso sugere que a maioria dos consumidores acredita que as marcas devem abordar o assunto naturalmente, deixando de lado velhos tabus.
Por fim, é possível afirmar que a sociedade espera que as marcas se posicionem e abordem o assunto de modo autêntico. Da mesma forma, é natural concluir que o grupo LGBTQIAPN+ busca uma maior inclusão e representatividade nas comunicações e espera que as marcas sejam suas aliadas na luta contra a discriminação e na promoção da diversidade.
“Se a expectativa de viver mais é uma realidade, promover a qualidade de vida em uma sociedade de consumo é fundamental. Esse é um terreno de múltiplas oportunidades a ser explorado. Em paralelo, a consciência de que cada um é diferente do outro reforça o fato de que empresas, lideranças e marcas finalmente devem perceber que valorizar a diversidade não é somente justo ou necessário, mas é a única, verdadeira e melhor forma de gerir um negócio sustentável”, finaliza.