MASP apresenta Serigrafistas Queer em exposição com participação do público
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 13 de dezembro de 2024 a 16 de março de 2025, a mostra Serigrafistas Queer: liberdade para as sensibilidades. Essa é a primeira exposição monográfica do coletivo argentino, que surgiu em 2007 durante uma oficina para ensinar ativistas a estampar camisetas para a manifestação do Orgulho LGBTQIA+ em Buenos Aires.
A mostra abre ao público com 56 serigrafias do acervo do MASP, além de obras inéditas, realizadas especialmente para a exposição. O número de trabalhos aumentará com as oficinas gratuitas abertas ao público, que serão ministradas no próprio ambiente expositivo a partir de janeiro.
Com curadoria de Amanda Carneiro, curadora, MASP, a mostra abordará temas relevantes na trajetória das Serigrafistas Queer, como a luta por direitos reprodutivos e autonomia sobre o corpo, o enfrentamento da crise do HIV a partir de um olhar político e o acolhimento de afetos e identidades diversas.
“As serigrafias do coletivo são criadas em contextos de ativismo de rua, protestos e oficinas comunitárias, tornando a documentação e preservação dessas obras um ato de resistência por si só. Ao trazer para dentro do MASP práticas que foram moldadas por e para as ruas, a exposição questiona as barreiras entre arte e ativismo, espaço público e privado, e os papéis do artista e do espectador”, afirma Amanda Carneiro.
A exposição está organizada em sete núcleos temáticos nomeados por trabalhos do grupo. A obra Liberdade para as sensibilidades – criada pela artista argentina Mariela Cantú, em 2018, durante uma oficina promovida pelo grupo no vão livre a convite do MASP – dá nome à exposição. Corpo traesnho também faz parte desse eixo e foi produzida por Matheusa Passarelli (1997–2018) na mesma oficina, meses antes da estudante de artes visuais ser brutalmente assassinada no Rio de Janeiro após sair de uma festa. A inversão das letras na serigrafia propõe um jogo de alteridade e identificação, crucial para a experiência de pessoas trans e não binárias.
Acorda Amor! (2018)é um núcleo dedicado à resistência e à autoafirmação, uma síntese da prática do coletivo norteada por frases-protesto. Já Corpos desobedientes (2015) reflete a campanha na Argentina pela Lei de Identidade de Gênero, que garante o direito das pessoas trans de terem sua identidade reconhecida sem a necessidade de diagnósticos médicos. A serigrafia questiona as definições de um corpo “normal”, usando a forma das letras para subverter as expectativas em relação a um padrão. Esse recurso é frequentemente empregado nas linguagens gráficas do coletivo como forma de romper com a linearidade e a rigidez visual.
Produzida pelas Serigrafistas Queer no contexto do movimento argentino Ni una menos [Nem uma a menos] – que surgiu em 2015 como resposta ao aumento vertiginoso da violência de gênero e dos feminicídios –, a obra O machismo mata!, escrita em letras vermelhas garrafais, demonstra a urgência do momento e dá nome a um dos núcleos da exposição. Já Aborto legal é vida (2017), título de outro núcleo, foi confeccionada durante manifestação pela aprovação da Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez, que legalizou o aborto até a 14ª semana de gestação, na Argentina.
As obras Ao maestrans com carinho (2017), que intitula o eixo, e Support Your Sisters, Not Just Your CISters (2017) fazem parte da seleção que celebra as comunidades que sustentam as lutas por direitos e visibilidade. O núcleo Identidade em construção apresenta como a obra do coletivo propõe que as identidades sejam vistas como espectros flexíveis e não como categorias rígidas. A seleção Arquivo Serigrafistas Kuir (ASK) reúneshablones (matrizes de serigrafias), camisetas, bandeiras e outras manifestações gráficas para reconhecer a memória do coletivo e de figuras-chave para lutas relevantes relacionadas a esse ativismo, como Marielle Franco.
Serigrafistas Queer
O coletivo participou de duas exposições no MASP: Histórias da sexualidade (2017), no núcleo Ativismos e políticas do corpo, e Histórias de Mulheres, Histórias Feministas (2019). Artistas, ativistas e participantes espontâneos das oficinas comunitárias são integrantes do grupo impermanente. Atualmente, o núcleo do coletivo é composto por Cecilia Campos (Buenos Aires, Argentina, 1972), Euge Murillo (La Plata, Argentina, 1985), Guillermina Mongan (La Plata, Argentina, 1979), Mariela Gouiric (Buenos Aires, Argentina, 1985), Mariela Scafati (Buenos Aires, Argentina, 1973), Moyi Schwartzer (Buenos Aires, Argentina, 1981) e Victoria Musotto (Buenos Aires, Argentina, 1985).
Suas ações ocorrem frequentemente em contextos artísticos, mas é na construção de uma consciência política elaborada nas ruas, durante manifestações e eventos afirmativos das causas defendidas pelas dissidências sexuais e de gênero, que o trabalho atinge a dimensão do ativismo. O coletivo combina técnicas de artes gráficas com slogans e frases de protesto que são impressos em faixas, camisetas e peças de tecido. Essa prática é combinada com performances, vivências comunitárias, jogos não competitivos e o cultivo de novas ecologias da terra e das relações.
Serigrafistas Queer: liberdade para as sensibilidadesintegra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA +. A programação do ano também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Catherine Opie, Lia D Castro e a grande coletiva Histórias LGBTQIA+.
ACESSIBILIDADE
Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil – com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados em geral. Os conteúdos ficam disponíveis no site e no canal do YouTube do museu.
CATÁLOGO
Na ocasião da mostra, será publicado um catálogo bilíngue, em inglês e português, composto por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra das Serigrafistas Queer. A publicação tem organização de Amanda Carneiro, curadora, MASP, e textos de Amanda Carneiro, Marta Dillon, Frederikke Hansen e Gertrude Flentge, e Miguel A. López.Com design do Estúdio Margem, o catálogo tem capa realizada em serigrafia com impressão manual. A edição traz 56 obras do coletivo pertencentes à coleção do MASP e reproduções de fanzines com verbetes sobre os trabalhos e registros visuais do processo criativo, além de um manual de impressão serigráfica feito pelas próprias artistas.
MASP LOJA
Em diálogo com a exposição, o MASP Loja apresenta produtos especiais de Serigrafistas Queer, que incluem bolsas, ímãs, postais e marca-páginas.
SERVIÇO
Serigrafistas Queer: liberdade para as sensibilidades
Curadoria de Amanda Carneiro, curadora, MASP
1° subsolo
Visitação: 13.12.2024 — 16.3.2025
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista
01310-200 São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis; terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 70 (entrada); R$ 35 (meia-entrada)
Programação de oficinas gratuitas
15.12, Domingo, 10h30 às 12h30 – Oficina Konstrucqueer com Serigrafistas Queer
14.1, Terça-feira, 18h às 20h – Parquinho Gráfico
21.1, Terça-feira, 18h às 20h – Parquinho Gráfico
28.1, Terça-feira, 18h às 20h – Parquinho Gráfico
8.2, Sábado, 10h30 às 12h30 – RUTRAS & Coletivo Tem Sentimento
11.2, Terça-feira, 18h às 20h – Parquinho Gráfico
22.2, Sábado, 10h30 às 12h30 – JAMAC
25.2, Terça-feira, 18h às 20h – Parquinho Gráfico
15.3, Sábado, 10h30 às 12h30 – Artes Sapas
16.3, Domingo, 10h30 às 12h30 – Fudida Silk
Inscrições on-line: Link